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Desejo a meia-noite - Lisa Kleypas

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– Por quê?<br />

– Porque achei que os gadje usassem os pratinhos pequenos para a refeição principal. O que<br />

significaria que eu não teria muito o que comer.<br />

Amelia riu.<br />

– Deve ter ficado aliviado quando os pratos maiores apareceram.<br />

Ele negou com a cabeça.<br />

– Eu estava ocupado demais aprendendo as regras da mesa.<br />

– Tais como?<br />

– Sentar onde me indicassem, não falar de política ou de funções corporais, tomar a sopa<br />

com a lateral da colher, não usar o pegador de nozes como garfo e nunca oferecer comida de<br />

seu prato a outra pessoa.<br />

– Os rons compartilham a comida de seus pratos?<br />

Ele a olhou com firmeza.<br />

– Se estivéssemos comendo à moda cigana, diante de uma fogueira, eu lhe ofereceria as<br />

melhores porções de carne. A parte macia do miolo do pão. Os pedaços mais doces das<br />

frutas.<br />

Amelia corou e pegou a taça de vinho. Depois de tomar um gole com cautela, falou sem<br />

olhar para ele:<br />

– Merripen quase nunca fala sobre tais coisas. Acredito que aprendi mais com você do que<br />

com ele, depois de tantos anos de convivência.<br />

Merripen... o chal taciturno que a acompanhara a Londres. Não havia como se enganar em<br />

relação à tranquila intimidade entre os dois, que revelava que Merripen era mais do que um<br />

simples criado.<br />

Antes que Cam pudesse insistir no assunto, porém, a sopa chegou. Lacaios e auxiliares de<br />

mordomo trabalhavam em harmonia para oferecer imensas e fumegantes terrinas de sopa de<br />

salmão com limão e endro, de urtiga com queijo, coroada com cominho, de agrião<br />

guarnecida com iscas de faisão, e de cogumelo com creme azedo e brandy.<br />

Depois que Cam escolheu a sopa de urtiga e ela foi servida na tigela rasa de porcelana que<br />

estava a sua frente, ele se virou para voltar a falar com Amelia. Para seu aborrecimento, ela<br />

agora estava sendo monopolizada pelo cavalheiro do outro lado, que descrevia com<br />

entusiasmo sua coleção de porcelana do Extremo Oriente.<br />

Cam estudou rapidamente as outras conversas que se desenrolavam a sua volta, todas<br />

tratando de assuntos mundanos. Esperou com paciência até que a esposa do vigário<br />

devotasse sua atenção à tigela de sopa. Ao levar a colher aos lábios finos, a mulher percebeu<br />

que Cam olhava para ela. Mais pigarro, enquanto a colher bambeava em sua mão.<br />

Ele tentou pensar em alguma coisa que pudesse interessá-la.<br />

– Marroio-branco – disse-lhe com naturalidade.<br />

Os olhos da mulher se arregalaram de pânico e uma veia começou a latejar em seu pescoço.<br />

– M-m-ma... – ela sussurou.

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