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Desejo a meia-noite - Lisa Kleypas

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elevado e as chaminés de tijolos.<br />

– Gostaria de saber como Merripen está se saindo – disse Win, com preocupação aparente<br />

em seus olhos azuis.<br />

Merripen, a cozinheira e o lacaio tinham ido para a casa dois dias antes, para prepará-la<br />

para a chegada da família.<br />

– Sem dúvida, ele está trabalhando dia e <strong>noite</strong>, incansavelmente – respondeu Amelia. –<br />

Fazendo inventários, mudando de lugar tudo que está à vista e dando ordens para pessoas<br />

que não ousam desobedecê-lo. Tenho certeza de que está muito feliz.<br />

Win sorriu. Mesmo pálida e exaurida, sua beleza era radiante, o cabelo de um louro quase<br />

prateado reluzia à luz cada vez mais fraca, a pele parecia de porcelana. Seu perfil teria<br />

extasiado poetas e pintores. Quase provocava a tentação de tocá-la para ter certeza de que<br />

vivia, de que respirava, e não era apenas uma escultura.<br />

A carruagem parou diante de uma casa muito maior do que Amelia havia esperado. Era<br />

emoldurada por cercas vivas que haviam crescido demais e canteiros de flores tomados por<br />

ervas daninhas. Com alguns cuidados e uma boa poda, pensou, ficará lindo. A construção<br />

era assimétrica, de uma forma atraente, com fachada em pedra e tijolo, telhado de ardósia e<br />

um número abundante de janelas envidraçadas. O cocheiro desceu e pôs um degrau móvel<br />

diante da carruagem, para que os passageiros saltassem.<br />

Após pisar a estrada pedregosa, Amelia esperou que seus irmãos saíssem da carruagem.<br />

– A casa e o terreno estão um tanto abandonados – alertou. – Ninguém mora aqui há<br />

muito tempo.<br />

– Não consigo imaginar por quê – disse Leo, sarcástico.<br />

– É muito pitoresco – comentou Win, alegre.<br />

A viagem a deixara exausta. A julgar pela curvatura de seus ombros estreitos e pela forma<br />

com que sua pele parecia excessivamente esticada sobre as maçãs do rosto, não lhe restava<br />

muita energia.<br />

Quando ela se inclinou para a pequena valise que havia pousado perto do degrau, Amelia<br />

correu para pegá-la.<br />

– Deixe comigo – disse ela. – Você não deve erguer um dedo. Vamos entrar e descobrir um<br />

lugar para descansar.<br />

– Estou perfeitamente bem – protestou Win, enquanto todos subiam a escadaria da frente e<br />

entravam na casa.<br />

O saguão era coberto com um revestimento que já fora branco, mas, com o passar do<br />

tempo, se tornara marrom. O chão estava manchado e imundo. Nos fundos do aposento,<br />

havia uma magnífica e sinuosa escadaria de pedra, com os corrimãos de ferro fundido<br />

cobertos de poeira e teias de aranha. Amelia reparou que alguém já havia tentado limpar<br />

uma parte do corrimão, mas era óbvio que o processo seria difícil.<br />

Merripen apareceu, vindo de um corredor que dava no saguão. Estava em mangas de<br />

camisa, sem colarinho ou gravata, a gola aberta, revelando a pele bronzeada reluzente de

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