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Desejo a meia-noite - Lisa Kleypas

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ainda eram musculosas, mas ele havia perdido muito peso. As costelas se projetavam sob a<br />

pele morena.<br />

Quando Win foi se desfazer da camisa amassada, Amelia tirou a ponta do curativo e<br />

começou a soltá-lo. Parou quando percebeu uma estranha marca no outro ombro.<br />

Debruçando-se, ela observou com mais atenção o desenho feito com tinta preta. Teve um<br />

calafrio de assombro.<br />

– Uma tatuagem. – Foi tudo o que conseguiu dizer.<br />

– É. Reparei nela há alguns dias – comentou Win, voltando para a cama. – É estranho que<br />

ele nunca a tenha mencionado, não é? Não é para menos que ele sempre tenha desenhado<br />

pookas e inventado histórias sobre as criaturas quando era mais jovem. Deve ter algum<br />

significado para...<br />

– O que você disse? – a voz de Cam soou baixa, mas reverberou com tanta intensidade que<br />

era como se estivesse gritando.<br />

– Merripen tem a tatuagem de um pooka em seu ombro – respondeu Win, fitando-o com<br />

curiosidade quando ele se aproximou da cama em três passos. É um desenho muito singular.<br />

Nunca vi nada como...<br />

Ela parou soltando uma exclamação de assombro quando Cam ergueu seu antebraço ao<br />

lado do ombro de Merripen.<br />

Os cavalos negros e alados com olhos amarelos eram idênticos.<br />

Amelia ergueu o olhar diante daquela visão atordoante e fitou o rosto inexpressivo de Cam.<br />

– O que quer dizer?<br />

Cam parecia não conseguir tirar o olhar da tatuagem de Merripen.<br />

– Não sei.<br />

– Você já viu alguém antes...<br />

– Não. – Cam deu um passo para trás. – Meu bom Deus.<br />

Lentamente, caminhou até o pé da cama, fitando a figura imóvel como se fosse um tipo de<br />

criatura exótica que ele nunca tivesse visto antes. Pegou uma tesoura da bandeja de<br />

suprimentos.<br />

Por instinto, Win se aproximou do homem adormecido. Ao reparar no gesto, Cam<br />

murmurou:<br />

– Está tudo bem, irmãzinha. Vou precisar apenas retirar a pele morta.<br />

Ele se debruçou sobre a ferida e trabalhou, concentrado. Depois de um minuto<br />

observando-o limpar e retirar os tecidos mortos, Win foi para uma cadeira e sentou-se<br />

abruptamente, como se seus joelhos tivessem perdido as forças.<br />

Amelia permaneceu de pé, do lado dele, sentindo uma onda de náusea subir-lhe à<br />

garganta. Cam, por outro lado, estava indiferente como se cuidasse dos reparos no intrincado<br />

mecanismo de um relógio, e não estivesse lidando com carne humana apodrecida. Depois de<br />

receber instruções, Amelia buscou a tigela com o líquido do cataplasma, que tinha um cheiro<br />

forte, mas estranhamente doce.

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