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Desejo a meia-noite - Lisa Kleypas

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sob minha responsabilidade.<br />

– Gostaria de tirá-las das minhas mãos? – perguntou Leo. – Pode ficar com todas. – Ele<br />

sorriu sem achar graça diante do silêncio de Rohan. – Não. Então, por favor, não ofereça<br />

conselhos indesejados.<br />

Uma onda de preocupação e desânimo tomou conta de Amelia ao ver a expressão sombria<br />

no rosto do irmão. Ele estava se tornando um desconhecido, um homem tão cheio de<br />

desespero e raiva que esses sentimentos começavam a corroê-lo. Até que, como a casa, ele<br />

acabaria desmoronando, assim que as partes mais frágeis de sua estrutura cedessem.<br />

Imperturbável, Rohan voltou-se para Amelia:<br />

– Em vez conselhos, permita-me oferecer-lhe algumas informações. Daqui a dois dias<br />

haverá a Feira do Esfregão no vilarejo.<br />

– O que é isso?<br />

– É uma feira de empregos, frequentada por todos os moradores da região que buscam<br />

trabalho. Eles usam símbolos para indicar sua ocupação. Uma criada carrega um esfregão;<br />

um empalhador, um feixe de palha e assim por diante. Dê um xelim àqueles que escolher<br />

para selar o contrato e os terá por um ano de serviço.<br />

Amelia lançou um olhar cauteloso para o irmão.<br />

– Precisamos de criados decentes, Leo.<br />

– Então vá, contrate quem quiser. Não dou a mínima.<br />

Amelia fez um gesto preocupado com a cabeça e ergueu as mãos até os antebraços,<br />

esfregando as mangas.<br />

Estava frio, pensou, mesmo para o outono. Correntes geladas esgueiravam-se em volta de<br />

seus tornozelos vestidos com <strong>meia</strong>s, sob as beiradas de seus punhos, pela sua nuca suada.<br />

Seus músculos ficaram tensos diante daquele frio estranho e brutal.<br />

Os dois homens tinham se calado. O rosto de Leo estava inexpressivo.<br />

Parecia que o espaço em volta deles estava se fechando, engrossando até que o ar ficou tão<br />

pesado quanto a água. Mais frio, mais apertado, mais próximo... por instinto, Amelia deu um<br />

passo para trás, afastando-se do irmão, até sentir o peito de Rohan contra o ombro. Ele levou<br />

a mão ao braço dela e segurou o cotovelo com delicadeza. Tremendo de frio, ela se apoiou<br />

mais no corpo dele.<br />

Leo não se movera. Esperava com o olhar perdido, como se estivesse ocupado em absorver<br />

a friagem. Como se a acolhesse e a desejasse. Seu rosto estava endurecido e coberto de<br />

sombras.<br />

Alguma coisa dividia o espaço entre ela e Leo. Ela sentiu o significado do momento, mais<br />

suave do que uma brisa, mais delicado do que uma coberta de penas de pato...<br />

– Leo? – murmurou Amelia, insegura.<br />

O som de sua voz pareceu fazê-lo voltar a si. Ele piscou e fitou-a com olhos quase sem cor.<br />

– Mostre a saída para Rohan – disse, seco. – Quero dizer, se você acha que já se<br />

comprometeu o suficiente por hoje.

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