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– Você não sabe como seria fácil provar que está enganada. – Ele tentou alcançá-la,<br />
interrompeu o movimento e olhou-a como se quisesse esganá-la, beijá-la ou as duas coisas.<br />
– Talvez numa outra vida – sussurrou ela, conseguindo dar um sorrisinho sem graça. – Por<br />
favor, vá embora. Por favor, Cam.<br />
Ela esperou que ele saísse do quarto e seus ombros relaxaram de alívio.<br />
Sentindo necessidade de deixar os sufocantes confins da casa, Cam foi para o lado de fora. O<br />
luar fraco atravessava a infinita escuridão da <strong>noite</strong>. Ele vagou até o muro que beirava um<br />
penhasco com vista para o rio. Erguendo-se com facilidade até o alto, sentou-se com os pés<br />
balançando e ouviu a água e outros sons noturnos. A fumaça pairava no ar, misturando-se<br />
aos cheiros da terra e da floresta.<br />
Cam tentou se entender com aquele emaranhado de emoções<br />
Nunca antes havia sentido ciúmes, mas quando vira Amelia e Christopher Frost abraçados<br />
naquela <strong>noite</strong>, experimentara um desejo violento de estrangular o patife. Todos os instintos<br />
gritavam em fúria que Amelia era sua, e de mais ninguém, para proteger e reconfortar. Mas<br />
ele não tinha nenhum direito sobre ela.<br />
Se Frost decidisse cortejá-la, era melhor que Cam não interferisse. Amelia ficaria melhor<br />
entre os seus do que com um rom mestiço. Cam também ficaria melhor. Meu Deus, ele<br />
estava mesmo contemplando a hipótese de passar o resto da vida como um gadjo,<br />
aprisionado à vida doméstica?<br />
Deveria deixar Hampshire, pensou. Amelia tomaria sua decisão em relação a Frost e Cam<br />
seguiria seu destino. Sem concessões nem sacrifícios para nenhum dos dois. Para Amelia, ele<br />
nunca seria mais do que um breve episódio, uma vaga lembrança de sua vida.<br />
Abaixando a cabeça, passou as mãos no cabelo rebelde. O peito doía como sempre que<br />
ansiava pela liberdade. Mas, pela primeira vez, ele se perguntou se tinha certeza do que<br />
queria. Porque não parecia que a dor seria curada pela partida. Na verdade, ela ameaçava se<br />
tornar bem pior.<br />
O futuro estendeu-se diante dele como um grande vácuo sem vida. Milhares de <strong>noite</strong>s sem<br />
Amelia. Ele teria outras mulheres em seus braços e faria amor com elas, mas nenhuma seria<br />
aquela que realmente desejava.<br />
Pensou em Amelia vivendo como uma solteirona. Ou pior, reconciliando-se com Frost,<br />
talvez casando-se com ele, mas convivendo para sempre com o fato de que Frost a traíra no<br />
passado e que poderia voltar a fazê-lo. Ela merecia bem mais do que isso. Merecia um amor<br />
apaixonado, quente, avassalador, um sentimento que consumia tudo. Ela merecia...<br />
Ah, inferno. Estava pensando demais. Agindo como um gadjo.<br />
Obrigou-se a enfrentar a realidade: Amelia lhe pertencia, não importava se ele ficasse ou<br />
partisse, se caminhassem juntos ou não. Poderiam viver em metades opostas do planeta e ela