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Desejo a meia-noite - Lisa Kleypas

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– Você não sabe como seria fácil provar que está enganada. – Ele tentou alcançá-la,<br />

interrompeu o movimento e olhou-a como se quisesse esganá-la, beijá-la ou as duas coisas.<br />

– Talvez numa outra vida – sussurrou ela, conseguindo dar um sorrisinho sem graça. – Por<br />

favor, vá embora. Por favor, Cam.<br />

Ela esperou que ele saísse do quarto e seus ombros relaxaram de alívio.<br />

Sentindo necessidade de deixar os sufocantes confins da casa, Cam foi para o lado de fora. O<br />

luar fraco atravessava a infinita escuridão da <strong>noite</strong>. Ele vagou até o muro que beirava um<br />

penhasco com vista para o rio. Erguendo-se com facilidade até o alto, sentou-se com os pés<br />

balançando e ouviu a água e outros sons noturnos. A fumaça pairava no ar, misturando-se<br />

aos cheiros da terra e da floresta.<br />

Cam tentou se entender com aquele emaranhado de emoções<br />

Nunca antes havia sentido ciúmes, mas quando vira Amelia e Christopher Frost abraçados<br />

naquela <strong>noite</strong>, experimentara um desejo violento de estrangular o patife. Todos os instintos<br />

gritavam em fúria que Amelia era sua, e de mais ninguém, para proteger e reconfortar. Mas<br />

ele não tinha nenhum direito sobre ela.<br />

Se Frost decidisse cortejá-la, era melhor que Cam não interferisse. Amelia ficaria melhor<br />

entre os seus do que com um rom mestiço. Cam também ficaria melhor. Meu Deus, ele<br />

estava mesmo contemplando a hipótese de passar o resto da vida como um gadjo,<br />

aprisionado à vida doméstica?<br />

Deveria deixar Hampshire, pensou. Amelia tomaria sua decisão em relação a Frost e Cam<br />

seguiria seu destino. Sem concessões nem sacrifícios para nenhum dos dois. Para Amelia, ele<br />

nunca seria mais do que um breve episódio, uma vaga lembrança de sua vida.<br />

Abaixando a cabeça, passou as mãos no cabelo rebelde. O peito doía como sempre que<br />

ansiava pela liberdade. Mas, pela primeira vez, ele se perguntou se tinha certeza do que<br />

queria. Porque não parecia que a dor seria curada pela partida. Na verdade, ela ameaçava se<br />

tornar bem pior.<br />

O futuro estendeu-se diante dele como um grande vácuo sem vida. Milhares de <strong>noite</strong>s sem<br />

Amelia. Ele teria outras mulheres em seus braços e faria amor com elas, mas nenhuma seria<br />

aquela que realmente desejava.<br />

Pensou em Amelia vivendo como uma solteirona. Ou pior, reconciliando-se com Frost,<br />

talvez casando-se com ele, mas convivendo para sempre com o fato de que Frost a traíra no<br />

passado e que poderia voltar a fazê-lo. Ela merecia bem mais do que isso. Merecia um amor<br />

apaixonado, quente, avassalador, um sentimento que consumia tudo. Ela merecia...<br />

Ah, inferno. Estava pensando demais. Agindo como um gadjo.<br />

Obrigou-se a enfrentar a realidade: Amelia lhe pertencia, não importava se ele ficasse ou<br />

partisse, se caminhassem juntos ou não. Poderiam viver em metades opostas do planeta e ela

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