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Desejo a meia-noite - Lisa Kleypas

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Enquanto Cam estava fora, Amelia conversou em particular com as irmãs. Decidiu-se que<br />

era Win quem teria mais chances de fazer com que Merripen tomasse a morfina. E foi a<br />

própria Win que afirmou que seria preciso enganá-lo, pois ele se recusaria a tomar o remédio<br />

por vontade própria, por mais que lhe implorassem.<br />

– Mentirei para ele se for necessário – disse Win, deixando as outras três em um silêncio<br />

chocado. – Ele confia em mim. Acreditará em qualquer coisa que eu disser.<br />

Até onde elas sabiam, Win nunca dissera uma mentira em toda a sua vida, mesmo quando<br />

criança.<br />

– Você acha mesmo que consegue? – perguntou Beatrix, um tanto espantada.<br />

– Para salvar a vida dele? Claro que sim! – Uma tensão delicada apareceu entre as<br />

sobrancelhas de Win e manchas de um rosa pálido subiram-lhe ao rosto. – Acho... acho que<br />

um pecado cometido em nome de uma boa causa pode ser perdoado.<br />

– Concordo – disse Amelia rapidamente.<br />

– Ele gosta de chá de hortelã – falou Win. – Vamos fazer um chá forte e acrescentar muito<br />

açúcar. Vai ajudar a disfarçar o gosto do remédio.<br />

Nunca um bule de chá havia sido preparado com tanto cuidado, com as irmãs Hathaways<br />

em volta da mistura como um grupo de jovens feiticeiras. Finalmente, o bule de porcelana<br />

recebeu o preparado coado e adoçado, e foi posto em uma bandeja ao lado de uma xícara e<br />

um pratinho.<br />

Win o levou para o quarto de Merripen, parando na entrada, enquanto Amelia mantinha a<br />

porta aberta.<br />

– Devo entrar com você? – sussurrou Amelia.<br />

Win balançou a cabeça.<br />

– Não. Deixe comigo. Por favor, feche a porta. Garanta que ninguém nos perturbe.<br />

Suas costas esguias estavam muito eretas quando ela entrou no aposento.<br />

Os olhos de Merripen se abriram com o som dos passos de Win. A dor da ferida supurada<br />

era constante. Podia sentir as toxinas invadindo seu sangue, envenenando cada vaso capilar.<br />

Às vezes produzia uma estranha e sinistra euforia que o fazia flutuar para longe de seu corpo<br />

sofrido, até se sentir nas bordas do quarto. Até a chegada de Win. Naquele momento, ele<br />

voltou alegremente para o encontro com a dor, só para sentir as mãos dela sobre ele, sua<br />

respiração próxima de seu rosto.<br />

Win cintilava como uma miragem diante dele. A pele parecia fresca e luminosa, enquanto o<br />

corpo dele se consumia em miasmas e calor.<br />

– Trouxe algo para você.<br />

– Não... não quero...<br />

– Sim – insistiu ela, juntando-se a ele na cama. – Vai ajudá-lo a melhorar... aqui, afaste-se

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