18.11.2018 Views

Desejo a meia-noite - Lisa Kleypas

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

chão e cair no choro?<br />

Sinto, pensou Amelia. Neste exato momento, aliás. Mas não podia se dar ao luxo das<br />

lágrimas.<br />

– Não, claro que não. Chorar não resolve nada.<br />

– Você nunca tem vontade de ter um ombro no qual se apoiar?<br />

– Não preciso do ombro de ninguém. Tenho dois ombros muito bons.<br />

– É uma tolice. Você não pode se apoiar em seu próprio ombro.<br />

– Poppy, se quer começar o dia com uma briga... – Amelia interrompeu a frase quando<br />

ouviu um barulho vindo de fora, o sacolejar, o trepidar, o som do pedregulho sendo<br />

esmagado por uma carruagem e cavalos. – Meu bom Deus, quem poderia ser a essa hora?<br />

– O médico? – presumiu Poppy.<br />

– Não. Não mandei chamá-lo ainda.<br />

– Talvez lorde Westcliff tenha voltado.<br />

– Mas não haveria motivos para que ele voltasse tão cedo...<br />

Um lacaio bateu à porta e o som ecoou por todo o saguão.<br />

As irmãs se entreolharam, inquietas.<br />

– Não podemos atender – disse Amelia. – Estamos com roupas de dormir.<br />

Uma empregada entrou no saguão. Baixando um balde cheio de carvão, ela passou as mãos<br />

no avental e apressou-se em direção à porta. Depois de destrancar o imenso portal, ela o<br />

abriu e fez uma reverência.<br />

– Vamos embora – balbuciou Amelia, insistindo para que Poppy voltasse a subir a escada<br />

em sua companhia.<br />

Mas ao olhar para trás, para ver quem havia chegado, a visão da forma alta e morena de<br />

um homem despertou faíscas dentro dela. Parou com o pé no primeiro degrau, até que um<br />

par de olhos cor de âmbar dirigiu-se para ela.<br />

Cam.<br />

Ele parecia desarrumado e pouco respeitável, como um bandido em fuga. Um sorriso<br />

apareceu em seus lábios quando ele a olhou com intensidade.<br />

– Parece que não consigo ficar longe de você – falou.<br />

Ela correu para ele sem pensar, quase tropeçando na pressa.<br />

– Cam...<br />

Ele a segurou e soltou uma gargalhada baixinho. O cheiro do ar livre o envolvia: terra<br />

molhada, umidade, folhas. A umidade em seu casaco atravessou a fina camada do roupão.<br />

Sentindo seu tremor, Cam abriu o casaco com um murmúrio sem palavras e puxou-a para<br />

dentro do abrigo caloroso e duro de seu corpo. Amelia não conseguia parar de tremer.<br />

Estava vagamente consciente da presença de criados que se movimentavam pelo saguão, da<br />

presença da irmã. Estava fazendo uma cena – deveria se afastar e tentar se recompor. Mas<br />

não conseguia. Ainda não.<br />

– Você deve ter viajado a <strong>noite</strong> inteira.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!