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lamurienta no chão.<br />
O segundo lacaio se aproximou de Cam com bem mais cautela do que o primeiro.<br />
– Qual é seu braço dominante? – perguntou Cam.<br />
O homem pareceu confuso.<br />
– Por que você quer saber?<br />
– Prefiro quebrar o que você usa menos.<br />
Os olhos do lacaio se arregalaram e ele recuou, lançando um olhar suplicante ao mordomo,<br />
que olhou com raiva para Cam.<br />
– Você tem cinco minutos. Encontre seu patrão e vá embora.<br />
– Ramsay não é meu patrão – resmungou Cam. – Ele é uma dor de cabeça.<br />
– Estão há dias no mesmo aposento – disse o lacaio, que se chamava George, para Cam,<br />
enquanto subiam uma escada atapetada. – Pedem que mandemos comida, prostitutas<br />
entram e saem, há garrafas de vinho vazias por toda parte... e o fedor da fumaça de ópio<br />
toma conta de todo o andar superior. Cubra os olhos quando entrar no aposento, senhor.<br />
– Por causa da fumaça?<br />
– É, e também... bem, o que está acontecendo por ali faria o demônio corar.<br />
– Sou de Londres – disse Cam. – Não coro.<br />
Mesmo se George não estivesse disposto a conduzir Cam até o antro das iniquidades, ele<br />
teria conseguido encontrá-lo com facilidade, por causa do cheiro.<br />
A porta estava encostada. Cam empurrou-a e penetrou na atmosfera nebulosa. Havia<br />
quatro homens e duas mulheres, todos jovens, todos despidos de alguma ou muitas peças de<br />
roupa. Embora houvesse apenas um cachimbo de ópio à vista, parecia que todo o aposento<br />
funcionava como um imenso cachimbo, tão densa era a fumaça adocicada.<br />
A chegada de Cam foi saudada com notável despreocupação, os homens jogados com<br />
indiferença sobre os estofados, um deles encolhido sobre almofadas em um canto. A<br />
aparência de todos era cadavérica, com olhos embaçados pelo torpor do narcótico. Uma<br />
mesa lateral estava entulhada com colheres, agulhas e um prato repleto com algo que<br />
lembrava melaço negro.<br />
Uma das mulheres, completamente nua, parou enquanto erguia um cachimbo para a boca<br />
frouxa de um homem.<br />
– Veja – disse para a outra –, chegou mais um.<br />
Uma risada inebriada.<br />
– Bom. Precisamos dele. Estão todos a meio mastro. A única coisa dura por aqui é o<br />
cachimbo. – Ela se virou para olhar para Cam. – Puxa, que homem bonito.<br />
– Ah, deixa eu ficar com ele primeiro – disse a outra. Ela se acariciou de forma convidativa.<br />
– Venha cá, meu amor, eu lhe darei um...