O sonho de mendeleiev
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esperando uma era precisa, mais apressada.<br />
De maneira semelhante, o pensamento medieval estava se movendo inexoravelmente rumo a<br />
uma era inusitada <strong>de</strong> investigação rigorosa. A mente medieval aceitava a premissa básica da<br />
ciência: a causação. Tudo que ocorria era efeito <strong>de</strong> uma causa anterior – tal pensamento fora<br />
herdado <strong>de</strong> Aristóteles. E seria usado por Tomás <strong>de</strong> Aquino, o epítome dos filósofos-teólogos<br />
medievais, como prova da existência <strong>de</strong> Deus. Deus era a causa primeira que pusera todo o<br />
processo em movimento. Esse entrelaçamento <strong>de</strong> ciência e teologia iria se provar <strong>de</strong>sastroso.<br />
A ciência avança questionando pressupostos prévios. Questione a teologia e você é um herege.<br />
Ciência e Deus estavam sendo lançados num conflito <strong>de</strong>snecessário, que perdura até hoje.<br />
Sob muitos aspectos a alquimia era feita para a mente medieval. Nela a metafísica e o<br />
mundo estavam inextricavelmente confundidos: metais inferiores transmutados em ouro; os<br />
apetites da carne transmutados nos esforços do espírito. Mas ela era perigosa também: levar a<br />
natureza ignóbil à perfeição dourada, criar or<strong>de</strong>m a partir do caos. Essa era a província <strong>de</strong><br />
Deus – e mesmo tentar fazer o papel <strong>de</strong> Deus era blasfêmia.<br />
Laboratorium e biblioteca do alquimista<br />
Apesar disso, uma das primeiras gran<strong>de</strong>s figuras europeias na alquimia foi um padre, que<br />
foi <strong>de</strong>pois canonizado pela Igreja Católica Romana e hoje é o santo padroeiro dos cientistas:<br />
Alberto Magno, que nasceu por volta <strong>de</strong> 1200 no sul da Alemanha e estudou em Pádua, vindo<br />
a se tornar o mais excelente professor <strong>de</strong> sua época em Paris. (Aos 20 anos Tomás <strong>de</strong> Aquino<br />
fez a pé toda a viagem <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o sul da Itália para se tornar seu aluno.)<br />
O estado do conhecimento no início do século XIII era tal que se podia ter a aspiração <strong>de</strong><br />
“saber tudo”. Alberto não só aceitou esse <strong>de</strong>safio, como buscou ampliar o conhecimento<br />
humano: na filosofia, no que chamaríamos <strong>de</strong> química e na biologia – bem como no campo da<br />
alquimia. Seu vasto saber lhe valeu a reputação <strong>de</strong> feiticeiro entre os colegas ciumentos. Isso