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edição de 19 de agosto de 2019

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mkt<br />

skynesher/iStock<br />

Síndrome<br />

<strong>de</strong> Chester<br />

“Muitas vezes, mentira é uma<br />

verda<strong>de</strong> pessimamente contada”.<br />

Fralber Saidam<br />

Francisco alberto Madia <strong>de</strong> souza<br />

Você sabe o que é? Lá atrás, durante alguns<br />

anos, repetia-se a mesma cena no<br />

Natal. Na Sadia, quando ainda não moravam<br />

numa mesma casa chamada BRF, era alegria<br />

só. Na Perdigão, um clima <strong>de</strong> velório. A Sadia<br />

tinha o peru! E reinava no mês <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro<br />

e nos lares brasileiros com o seu mais que famoso<br />

e reputado Peru Sadia, claro, tendo na<br />

sequência, como sobremesa ou para acompanhar<br />

o café, o panetone da Bauducco. E<br />

assim seguiam os natais brasileiros.<br />

Num dia, cansado das lamurias natalinas,<br />

Saul Brandalise Jr. <strong>de</strong>cidiu buscar uma alternativa.<br />

Dentre seus técnicos escolheu os<br />

dois melhores e mandou dar uma varrida no<br />

que <strong>de</strong> mais revolucionário existisse no território<br />

das penosas, nos Estados Unidos.<br />

viu um chester vivo?” Será que no Natal que<br />

se aproxima as empresas voltarão a jurar que<br />

é <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>, que não é um frango ciborgue?<br />

Pior ainda, além das dúvidas, diante das<br />

proezas <strong>de</strong> qualquer outro produto <strong>de</strong> outra<br />

categoria qualquer, vão logo dizendo, “esse<br />

aí é um chester...”. Virou <strong>de</strong>signação genérica<br />

<strong>de</strong> trambique.<br />

Pegou! Todas as vezes que um produto<br />

oferece vantagens e argumentos <strong>de</strong>sproporcionais,<br />

que colocam as pessoas na retranca,<br />

costuma-se batizar essa patologia como Síndrome<br />

<strong>de</strong> Chester. Que é o que ocorre, repito,<br />

com a ave chester, agora exclusivida<strong>de</strong> da<br />

BRF, em todos os fins <strong>de</strong> ano. Até hoje, e não<br />

obstante todas as campanhas, as pessoas<br />

continuam não acreditando no que veem e<br />

têm certeza tratar-se <strong>de</strong> um frango bombado,<br />

anabolizado, à base da química.<br />

No bagageiro dos aviões da Varig trouxeram<br />

11 linhagens da galinha escocesa, imediatamente<br />

internalizadas na avícola Passo<br />

da Felicida<strong>de</strong>, em Tangará, interior <strong>de</strong> Santa<br />

Catarina. Tudo sob o maior sigilo. E em meio<br />

a uma reserva <strong>de</strong> araucárias. Três anos <strong>de</strong><br />

pesquisas, simulações, testes e mais testes...<br />

No Natal <strong>de</strong> <strong>19</strong>82, <strong>de</strong>butou o Chester – <strong>de</strong><br />

peito – da Perdigão. Uma espécie <strong>de</strong> Jojo Todinho<br />

da época. Mais adiante copiado pela<br />

Sadia, hoje as duas moram numa mesma casa<br />

e empresa.<br />

Agora, em dupla, insistem em dizer que<br />

não se trata <strong>de</strong> frangos anabolizados. O segredo<br />

está exclusivamente na alimentação.<br />

Criados à base <strong>de</strong> milho e soja evitando ao<br />

máximo a presença <strong>de</strong> gordura. Mais peso<br />

e menos gordura. Porém, como a Perdigão<br />

fraquejou na comunicação no lançamento...<br />

Até hoje as pessoas continuam não acreditando<br />

na mágica.<br />

E multiplicam-se as indagações. “Você já<br />

E aí volta a BRF, como acabou <strong>de</strong> fazer<br />

no Natal passado, com campanha publicitária<br />

tentando <strong>de</strong>smistificar, recordando<br />

a origem da ave, e que não usa compostos<br />

químicos nenhum. Mas, não adianta. Em<br />

situações como essa ou se planta certo no<br />

início ou torna-se praticamente impossível<br />

corrigir. Pior que não comunicar é comunicar<br />

errado.<br />

A Perdigão errou no lançamento, a Sadia<br />

piorou, e agora, mesma empresa que são,<br />

pagam por uma comunicação inicial incompetente.<br />

Praticamente impossível fazer as<br />

pessoas acreditarem que o bonitão Chester<br />

não é <strong>de</strong> plástico e nem siliconado. Todos<br />

repetem que o chester é o rei do botox! Lembra<br />

do Chacrinha? “Quem não se comunica,<br />

se trumbica?”. Pois é, quem se comunica <strong>de</strong><br />

forma incompleta, superficial, negligente<br />

e irresponsável, alimenta lendas. E, assim,<br />

não tem do que reclamar. Quando o milagre<br />

é <strong>de</strong>mais, e mal contado no início, nem<br />

o santo acredita. O que dizer-se então, das<br />

pessoas comuns?<br />

Francisco Alberto Madia <strong>de</strong> Souza<br />

é consultor <strong>de</strong> marketing<br />

famadia@madiamm.com.br<br />

32 <strong>19</strong> <strong>de</strong> <strong>agosto</strong> <strong>de</strong> 20<strong>19</strong> - jornal propmark

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