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edição de 19 de agosto de 2019

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marketing & negócios<br />

Antonio Gravante/iStock<br />

Fluxos e refluxos<br />

- Parte 2<br />

Depois da onda do digital, o refluxo será<br />

li<strong>de</strong>rado pela TV, que <strong>de</strong>verá refortalecer<br />

a publicida<strong>de</strong> e sua ca<strong>de</strong>ia produtiva<br />

Rafael Sampaio<br />

Voltando ao tema da coluna anterior, dos<br />

fluxos e refluxos do mercado, é importante<br />

registrar que o tsunami digital sinaliza<br />

que a fase do entusiasmo irracional está<br />

terminando e uma etapa <strong>de</strong> mais racionalida<strong>de</strong><br />

se inicia, com o resgate <strong>de</strong> algumas<br />

soluções que jamais <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> ter força,<br />

mas foram menosprezadas por parte dos<br />

anunciantes e agências.<br />

Usando a referência do mercado publicitário<br />

americano, po<strong>de</strong>mos observar que<br />

o ponto <strong>de</strong> inflexão foi a década <strong>de</strong> <strong>19</strong>60 e<br />

<strong>19</strong>70, quando a TV aberta passou a dominar<br />

a publicida<strong>de</strong> e a gerar riquezas <strong>de</strong> monta,<br />

não só para esta mídia, mas para as agências<br />

e o campo da produção. O negócio movimentava<br />

US$ 11,9 bilhões em <strong>19</strong>60 e passou<br />

para US$ 53,6 bi em <strong>19</strong>80.<br />

Melhor ainda para o ecossistema da publicida<strong>de</strong>,<br />

a TV passou a oferecer maiores<br />

resultados em termos <strong>de</strong> fortalecimento<br />

da marca e ativação <strong>de</strong> negócios, alimentando<br />

o ciclo virtuoso dos investimentos<br />

em mídia dos anunciantes. E a expansão<br />

da TV não ocorreu à custa da redução da<br />

receita das <strong>de</strong>mais mídias. Recentemente,<br />

além da concentração no duopólio<br />

Google e Facebook, houve a entrada das<br />

martechs, que estão retirando mais recursos<br />

do sistema do que contribuindo para<br />

sua receita, e o câncer das frau<strong>de</strong>s, que leva<br />

investimentos dos anunciantes para a<br />

caixa-preta do nada.<br />

Além da redução do ritmo <strong>de</strong> expansão<br />

do digital, que ainda se beneficia da inércia<br />

recente, temos, como registrado na<br />

última coluna, uma reativação do rádio,<br />

do OOH e do cinema, além <strong>de</strong> sinais <strong>de</strong><br />

que a TV não apenas está segurando sua<br />

posição, mas dá sinais <strong>de</strong> reversão da sua<br />

curva <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte. Em nosso negócio, o<br />

dinheiro segue o nível <strong>de</strong> consumo das<br />

mídias, ou seja, a audiência que motiva<br />

os anunciantes a colocarem seus recursos<br />

na perspectiva <strong>de</strong> obterem resultados<br />

comerciais.<br />

A audiência da TV registra gran<strong>de</strong> vitalida<strong>de</strong>,<br />

lembrando que não se trata apenas<br />

<strong>de</strong> seu core, a programação linear da live<br />

TV, que ainda domina, <strong>de</strong> longe, o share<br />

of vi<strong>de</strong>o dos consumidores nos Estados<br />

Unidos, Reino Unido e, principalmente,<br />

no Brasil (e também na maioria dos mercados<br />

ao redor do planeta). Um dado recente,<br />

<strong>de</strong> junho agora, foi gerado pela Comcast,<br />

a maior operadora <strong>de</strong> TV a cabo do mundo,<br />

que contabilizou um crescimento, nos<br />

EUA, da TV aberta, agora consumida, juntando<br />

live e on <strong>de</strong>mand, por 6h25m diárias<br />

em cada domicílio - uma expansão <strong>de</strong> 20<br />

minutos por dia no ano <strong>de</strong> 2018.<br />

Outro sinal é a guerra pelo streaming,<br />

pois todos os big players estão sentindo<br />

cheiro <strong>de</strong> expansão <strong>de</strong> audiência com esse<br />

formato, inclusive do AdVOD (on <strong>de</strong>mand<br />

com publicida<strong>de</strong>). Estamos falando da<br />

Netflix, mas também da Hulu (negócio da<br />

Comcast, Fox e Disney, agora controlada<br />

por esta última), da Amazon, do sistema<br />

HBO (Time Warner, hoje da AT&T), das <strong>de</strong>mais<br />

re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> TV americanas e britânicas e<br />

<strong>de</strong> outros concorrentes <strong>de</strong> peso pelo mundo,<br />

como a Globoplay.<br />

No Reino Unido, houve redução do consumo<br />

<strong>de</strong> TV <strong>de</strong> 2017 para 2018, mas a distância<br />

<strong>de</strong>sse meio para o streaming e o You-<br />

Tube permanece enorme. No ano, a média<br />

<strong>de</strong> minutos consumidos por dia na TV tradicional<br />

foi <strong>de</strong> <strong>19</strong>2 minutos, contra 26 do<br />

streaming e 34 do YouTube. Nos Estados<br />

Unidos, o VAB fez uma análise da audiência<br />

total da TV em relação ao meio digital<br />

e chegou a dados impressionantes, fazendo<br />

uma consolidação das informações referentes<br />

a junho <strong>de</strong> 20<strong>19</strong>.<br />

Na população acima <strong>de</strong> 18 anos, a audiência<br />

média dos canais <strong>de</strong> TV por minuto<br />

(incluindo sua “transmissão” online) é <strong>de</strong><br />

31,4 milhões <strong>de</strong> pessoas, contra 15,8 milhões<br />

da soma dos <strong>de</strong>z digitais <strong>de</strong> maior<br />

audiência que vêm em seguida. São claros<br />

os sinais <strong>de</strong> que o refluxo da publicida<strong>de</strong> se<br />

inicia e a TV, uma vez mais, será uma das<br />

forças dominantes <strong>de</strong>sse movimento.<br />

Rafael Sampaio é consultor em propaganda<br />

rafaelsampaio103@gmail.com<br />

jornal propmark - <strong>19</strong> <strong>de</strong> <strong>agosto</strong> <strong>de</strong> 20<strong>19</strong> 63

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