Jornal das Oficinas 213

Na edição de novembro do Jornal das Oficinas, o artigo de destaque é sobre a digitalização nas oficinas. A era da digitalização revolucionou a forma como funcionam praticamente todos os negócios. Isto inclui, obviamente, as oficinas de reparação, onde já não basta ser arrumado e manter toda a documentação organizada ou ser eficaz nas reparações Na edição de novembro do Jornal das Oficinas, o artigo de destaque é sobre a digitalização nas oficinas. A era da digitalização revolucionou a forma como funcionam praticamente todos os negócios. Isto inclui, obviamente, as oficinas de reparação, onde já não basta ser arrumado e manter toda a documentação organizada ou ser eficaz nas reparações

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DAN MENAHEM gal e Dan Menahem não se faz rogado ao classificar a logística do setor como “um pesadelo!”, dada a multiplicidade de viagens que são exigidas pelas oficinas diariamente. A Sofrapa tem 150 viaturas próprias a circular e conta também com os serviços de transportadores para distâncias maiores. A empresa disponibiliza o acesso dos seus clientes a uma plataforma B2B, “que estes usam e nós tentamos que seja o caminho”, apesar de ainda haver uma boa fatia de pedidos que são feitos pelos canais mais tradicionais, seja o telefone ou o e-mail. Para já não é uma realidade, mas, no futuro, Menahem pretende estabelecer uma política de encomendas que “castigue quem não usa o canal”, ou, por outras palavras, uma fase em que “o cliente que dá menos trabalho seja beneficiado”, adianta. O cliente quer escolha Depois de uma fase mais conturbada com as dificuldades de fornecimento para algumas referências, por conta não só da pandemia de Covid-19, como a crise dos contentores, que levaram a graves problemas na cadeia de abastecimento, a situação tende a regressar à normalidade. Para Dan to forte numa marca. Hoje o cliente quer escolha, porque o parque envelhece e a necessidade do cliente final é diferente consoante a idade do carro e da sua carteira. Então, temos que oferecer várias marcas com vários posicionamentos de preço. É fulcral ter uma oferta abrangente”, considera. Sobre se as peças de aftermarket têm tendência a crescer mais do que as peças de origem, Menahem entende que “pensava que a origem ia ter mais dificuldade, mas não sinto. As flutuações que sentimos no aftermarket, sentimos igualmente no original. Não há duas correntes diferentes, o que pode vir a mudar, mas até hoje não houve. Crescemos muito no aftermarket. Hoje, na Sofrapa, o original pesa 45% e o aftermarket 55%”, conta. Serviço de qualidade Desde 2017 que a Sofrapa é distribuidora da rede europeia Distrigo (peças originais para as marcas Citroen, Peugeot, Opel, Alfa Romeo, Fiat, Jeep… e a marca de peças aftermarket Eurorepar), o que, na verdade, para a empresa poucas mudanças trouxe. “Já éramos distribuidores da “É MUITO IMPORTANTE EVOLUIR” As mudanças que estão a ocorrer no modelo de negócio dos distribuidores de peças, como a digitalização, eletrificação e as novas formas de mobilidade ainda não são fonte de preocupação para Dan Menahem, que se mostra aberto às novidades. Por um lado, confia que ainda vai demorar “muito, muito tempo a mudar alguma coisa. Até o carro elétrico ter peso suficiente para alterar o mercado vai demorar 15 anos”. Para este responsável, nesta fase, “é muito difícil prever” o que irá acontecer, mas considera que “a colisão vai diminuir por causa dos sensores, com a condução autónoma”. Assim, “é muito importante evoluir para vender consumíveis, porque viver só de colisão ou de mecânica vai ser difícil”, remata. dá para fazer comunicação global, pode-se fazer contratos com frotas e é diferente de o fazer com uma oficina”, explica. A seu ver, “como o grupo Stellantis consolidou as redes de distribuição e de reparação que tem, viram uma oportunidade de criar uma rede reparadora independente, porque havia muitas empresas pequenas de garagem, que deixaram de ser reparadoras oficiais. Esses reparadores passaram a ser Eurorepar Car Service. Depois, na segunda fase, aproveitaram o andamento e incorporaram oficinas independentes para aumentar a rede Eurorepar. Isto dá força a uma rede, são clientes que têm tendência a comprar peças originais e de aftermarket, aos quais temos de dar um serviço de qualidade, para estarem satisfeitos com a marca”. Por outro lado, a Sofrapa faz também, desde 2018, parte do grupo Serca, que trouxe mais-valias “no sentido em que ainda tínhamos dificuldade em abrir algumas portas com alguns fornecedores e que nalguns casos ajudaram a ultrapassar isso”. Em contrapartida, a única queixa que o responsável aponta é a “dificuldade a fazer acordos ibéricos com os fornecedores. São muito EMPRESÁRIO DE MÃO CHEIA, DAN MENAHEM SABE BEM analisar O MERCADO E TEM, NESTES ÚLTIMOS trinta ANOS, SABIDO CONDUZIR COM MESTRIA A SOFRAPA PARA A LEVAR A BOM PORTO, MESMO EM TEMPOS MENOS FÁCEIS PARA O SETOR Menahem, a solução foi só uma: “como todos os nossos concorrentes, tivemos que compensar essas falhas, aumentando os níveis de stock”. São, atualmente, um fornecedor global para as oficinas, ou, como o administrador gosta de salientar, “ainda mais global do que os outros, porque temos o original e o aftermarket.” A chegada a Chaves marcou também uma nova etapa para a Sofrapa, que assinou uma parceria de distribuição oficial e exclusiva para o mercado português com a marca de baterias GS Yuasa. O responsável explica a importância de, na atualidade, “oferecer variedade ao consumidor, pois antigamente o importador era mui- Peugeot antes e só alterou o nome, pois com a incorporação das outras marcas do grupo PSA ganhámos mercado”, conta. Neste âmbito, as garantias e devoluções assumem um peso “muito grande na Sofrapa. Com o centro Distrigo, estamos habituados ao processo, porque a garantia na marca original do carro é um assunto muito importante e tem que ser justo e rápido. Há artigos que precisam de muita técnica e outros que não”, comenta. A Sofrapa integra também o conceito Eurorepar Car Service, do qual Dan Menahem destaca os benefícios e o poder de escala que veio possibilitar, “por ser uma rede europeia, já LÍDER DE MERCADO HÁ OITO ANOS Desde 2016 que a Sofrapa ocupa o primeiro lugar do ranking TOP 100, algo que deixa Dan Menahem satisfeito, mas sem nunca embandeirar em arco e mantendo a humildade que o carateriza. “Pode haver uma concentração e, de um momento para o outro, alguém passa para a frente, não é grave. Tem sido um desempenho notável. Não importa ser primeiro, segundo ou terceiro, é mais uma competição contra nós próprios, para melhorar e andar para a frente do que com os outros”, afirma. Este ano prevê fechar novamente as contas a crescer, antevendo uma faturação a fixar-se nos 90 milhões de euros. Espanha ou Portugal. Se há um caminho para traçar é conseguir que os caminhos sejam mais ibéricos, para que os dois lados possam beneficiar”. Passar a fronteira Empresário de mão cheia, Dan Menahem sabe bem analisar o mercado e tem, nestes últimos trinta anos, sabido conduzir com mestria a Sofrapa para a levar a bom porto, mesmo em tempos menos fáceis para o setor. Especialmente na última década, tem sido o responsável por criar uma evolução sem precedentes na casa que gere e tem as estratégias bem definidas para os tempos que se aproximam. Questionado sobre a eventual 34 Novembro I 2023 www.jornaldasoficinas.com

VENDA DAS PEÇAS ONLINE B2C Quanto à questão da venda das peças online B2C, Menahem refere “não há nenhum país onde o volume deste canal ultrapasse 15% do mercado, mas a verdade é que os preços têm tendência a ser muito baratos por conta de start-ups que nasceram. No entanto, o profissional precisa de muito serviço, de entregas e isso encarece a peça. Quando as peças são especialmente caras, o cliente final tenta arranjar solução, porque 4 euros num filtro até pode não ser muito, mas 200 euros numa embraiagem é muito! As pessoas vão comparar e tentam mandar vir… ora a oficina pode aceitar não ganhar na peça, mas vai cobrar mais na reparação”, considera, mostrando-se “pouco assustado com o B2C, acho que é em parte para as pessoas que fazem «bricolage» de domingo”. possibilidade de se aventurar além- -fronteiras, com negócios na vizinha Espanha, o administrador é perentório: “Não! Só iremos para Espanha numa consolidação, se houver movimentos…”. Neste momento, admite, “ainda temos espaço para crescer e, no nosso mercado, é mais importante ser muito forte num país do que estar muito disperso”. Seria inevitável, com a dimensão que a Sofrapa atingiu no setor, que não tivesse já sido uma empresa assediada com propostas de compra externas. Dan Menahem confirma, mas tem, até então, conseguido mantê-la nas suas mãos. Contudo, não põe de parte a hipótese de abrir mão da mesma “no momento certo. As empresas têm ciclos e há momentos para tudo. Há dois momentos para vender as empresas, quando estão muito mal e precisam de alguém para ajudar, ou quando estão no topo. Entre os dois, olhe, é o que houver!”, diz, sublinhando que para já ainda está “numa fase de expansão, mas estamos abertos a tudo”. Apostas para o futuro O futuro, para Dan Menahem é muito claro: “abrir mais pontos. Diversificar a oferta e tentar aos poucos ter INTERNACIONALIZAÇÃO GENERALIZADA Sobre a tão falada iberização do mercado da distribuição de peças auto, Dan Menahem acredita mais numa internacionalização generalizada do que propriamente na entrada de empresas espanholas em Portugal. O fenómeno só ainda não aconteceu em pleno, entende o proprietário da Sofrapa, “porque o nosso mercado é muito atomizado, há demasiadas casas de peças e é muito difícil para quem se quer consolidar, mesmo para quem tem muito dinheiro, é uma dificuldade juntar as empresas”. Aliás, na sua opinião, nem será assim tão mau a entrada das grandes empresas no mercado nacional: “Essas empresas vêm para ganhar dinheiro. Então, vão manter rentabilidade, o que para nós é bom, porque em vez de termos um concorrente que não ganha nada e com o qual não podemos fazer as contas da mesma forma, em princípio a nossa margem deve ter tendência a melhorar e a rentabilidade também”, argumenta. DAN MENAHEM CONSIDERA QUE O CLIENTE QUER ESCOLHA, PORQUE O PARQUE ENVELHECE E A NECESSIDADE DO CLIENTE FINAL É DIFERENTE CONSOANTE A IDADE DO CARRO E DA SUA CARTEIRA. POR ISSO OFERECE VÁRIAS MARCAS COM VÁRIOS POSICIONAMENTOS DE PREÇO famílias de produtos que não vão ser atingidos por alterações do parque de veículos, como quando ficar tudo elétrico, para compensar a evolução do mercado”, revela, mostrando-se atento às movimentações do setor. O administrador da Sofrapa destaca o facto de o parque automóvel estar a envelhecer, “o que para nós é positivo, porque é um consumidor que fica ali. O que ainda não medimos muito bem, que pode também ajudar, é a retração do cliente à eletrificação. Cada vez mais vai haver pessoas que vão guardar o carro, para não trocar pelo elétrico… há muitas reticências e isto pode fazer com que o parque continue a envelhecer”, refere. Instado a deixar uma mensagem aos clientes e fornecedores da Sofrapa, o administrador começa por fazer “um agradecimento pela confiança”. Além disso, agradece também “o bom relacionamento que temos com todos, tanto fornecedores, como clientes. Acho que estamos em sintonia com a evolução do mercado e vamos ser um parceiro para muito tempo”. O objetivo do responsável para a sua empresa é que o “ultrapasse a nível temporal. A Sofrapa não nasceu comigo, evoluiu comigo e espero que continue a evoluir, para ser um ator importante no mercado nacional. Se for um mercado ibérico, logo vemos”, finaliza. l www.jornaldasoficinas.com Novembro I 2023 35

VENDA DAS PEÇAS ONLINE B2C<br />

Quanto à questão da venda <strong>das</strong> peças online B2C, Menahem refere “não há nenhum país<br />

onde o volume deste canal ultrapasse 15% do mercado, mas a verdade é que os preços<br />

têm tendência a ser muito baratos por conta de start-ups que nasceram. No entanto, o<br />

profissional precisa de muito serviço, de entregas e isso encarece a peça. Quando as peças<br />

são especialmente caras, o cliente final tenta arranjar solução, porque 4 euros num filtro até<br />

pode não ser muito, mas 200 euros numa embraiagem é muito! As pessoas vão comparar e<br />

tentam mandar vir… ora a oficina pode aceitar não ganhar na peça, mas vai cobrar mais na<br />

reparação”, considera, mostrando-se “pouco assustado com o B2C, acho que é em parte para as<br />

pessoas que fazem «bricolage» de domingo”.<br />

possibilidade de se aventurar além-<br />

-fronteiras, com negócios na vizinha<br />

Espanha, o administrador é perentório:<br />

“Não! Só iremos para Espanha<br />

numa consolidação, se houver movimentos…”.<br />

Neste momento, admite,<br />

“ainda temos espaço para crescer e,<br />

no nosso mercado, é mais importante<br />

ser muito forte num país do que<br />

estar muito disperso”.<br />

Seria inevitável, com a dimensão que<br />

a Sofrapa atingiu no setor, que não tivesse<br />

já sido uma empresa assediada<br />

com propostas de compra externas.<br />

Dan Menahem confirma, mas tem, até<br />

então, conseguido mantê-la nas suas<br />

mãos. Contudo, não põe de parte a<br />

hipótese de abrir mão da mesma “no<br />

momento certo. As empresas têm ciclos<br />

e há momentos para tudo. Há dois<br />

momentos para vender as empresas,<br />

quando estão muito mal e precisam de<br />

alguém para ajudar, ou quando estão<br />

no topo. Entre os dois, olhe, é o que<br />

houver!”, diz, sublinhando que para<br />

já ainda está “numa fase de expansão,<br />

mas estamos abertos a tudo”.<br />

Apostas para o futuro<br />

O futuro, para Dan Menahem é muito<br />

claro: “abrir mais pontos. Diversificar<br />

a oferta e tentar aos poucos ter<br />

INTERNACIONALIZAÇÃO<br />

GENERALIZADA<br />

Sobre a tão falada iberização do mercado da<br />

distribuição de peças auto, Dan Menahem<br />

acredita mais numa internacionalização<br />

generalizada do que propriamente na entrada<br />

de empresas espanholas em Portugal. O<br />

fenómeno só ainda não aconteceu em pleno,<br />

entende o proprietário da Sofrapa, “porque<br />

o nosso mercado é muito atomizado, há<br />

demasia<strong>das</strong> casas de peças e é muito difícil<br />

para quem se quer consolidar, mesmo para<br />

quem tem muito dinheiro, é uma dificuldade<br />

juntar as empresas”. Aliás, na sua opinião,<br />

nem será assim tão mau a entrada <strong>das</strong><br />

grandes empresas no mercado nacional:<br />

“Essas empresas vêm para ganhar dinheiro.<br />

Então, vão manter rentabilidade, o que para<br />

nós é bom, porque em vez de termos um<br />

concorrente que não ganha nada e com o<br />

qual não podemos fazer as contas da mesma<br />

forma, em princípio a nossa margem deve<br />

ter tendência a melhorar e a rentabilidade<br />

também”, argumenta.<br />

DAN MENAHEM CONSIDERA QUE O CLIENTE QUER ESCOLHA, PORQUE O<br />

PARQUE ENVELHECE E A NECESSIDADE DO CLIENTE FINAL É DIFERENTE<br />

CONSOANTE A IDADE DO CARRO E DA SUA CARTEIRA. POR ISSO OFERECE<br />

VÁRIAS MARCAS COM VÁRIOS POSICIONAMENTOS DE PREÇO<br />

famílias de produtos que não vão ser<br />

atingidos por alterações do parque<br />

de veículos, como quando ficar tudo<br />

elétrico, para compensar a evolução<br />

do mercado”, revela, mostrando-se<br />

atento às movimentações do setor. O<br />

administrador da Sofrapa destaca o<br />

facto de o parque automóvel estar a<br />

envelhecer, “o que para nós é positivo,<br />

porque é um consumidor que fica<br />

ali. O que ainda não medimos muito<br />

bem, que pode também ajudar, é<br />

a retração do cliente à eletrificação.<br />

Cada vez mais vai haver pessoas que<br />

vão guardar o carro, para não trocar<br />

pelo elétrico… há muitas reticências<br />

e isto pode fazer com que o parque<br />

continue a envelhecer”, refere. Instado<br />

a deixar uma mensagem aos<br />

clientes e fornecedores da Sofrapa, o<br />

administrador começa por fazer “um<br />

agradecimento pela confiança”. Além<br />

disso, agradece também “o bom relacionamento<br />

que temos com todos,<br />

tanto fornecedores, como clientes.<br />

Acho que estamos em sintonia com<br />

a evolução do mercado e vamos ser<br />

um parceiro para muito tempo”. O<br />

objetivo do responsável para a sua<br />

empresa é que o “ultrapasse a nível<br />

temporal. A Sofrapa não nasceu comigo,<br />

evoluiu comigo e espero que<br />

continue a evoluir, para ser um ator<br />

importante no mercado nacional. Se<br />

for um mercado ibérico, logo vemos”,<br />

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