Jornal das Oficinas 213
Na edição de novembro do Jornal das Oficinas, o artigo de destaque é sobre a digitalização nas oficinas. A era da digitalização revolucionou a forma como funcionam praticamente todos os negócios. Isto inclui, obviamente, as oficinas de reparação, onde já não basta ser arrumado e manter toda a documentação organizada ou ser eficaz nas reparações
Na edição de novembro do Jornal das Oficinas, o artigo de destaque é sobre a digitalização nas oficinas. A era da digitalização revolucionou a forma como funcionam praticamente todos os negócios. Isto inclui, obviamente, as oficinas de reparação, onde já não basta ser arrumado e manter toda a documentação organizada ou ser eficaz nas reparações
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A<br />
preparação de fundos ou do suporte é um<br />
conjunto de operações que se devem realizar<br />
inicialmente sobre uma determinada peça<br />
ou substrato para que fique em excelentes condições<br />
que permitam a execução <strong>das</strong> posteriores tarefas<br />
de fixação ou revestimento e garantam o melhor<br />
acabamento do trabalho realizado. A preparação de<br />
fundos é necessária, de forma geral, na reparação<br />
da carroçaria de um veículo e, de forma particular,<br />
na aplicação de alguns dos diferentes processos parciais<br />
(moldagem da chapa, soldadura, pintura, etc.)<br />
que se vão executando durante as diferentes fases<br />
de reparação de uma carroçaria. As tarefas de preparação<br />
de fundos mais significativas e determinantes<br />
ocorrem em processos de reparação tão comuns<br />
como a soldadura, a aplicação de massa ou o revestimento<br />
de superfícies.<br />
A preparação de fundos<br />
e o processo de reparação<br />
Por vezes, comete-se o erro de dar toda a relevância<br />
às operações finais de acabamento que ficam à<br />
vista, como a pintura ou o revestimento da carroçaria,<br />
quando, na realidade, as tarefas prévias que<br />
se realizam têm uma importância similar, se não<br />
maior. Por exemplo, quando um aprendiz se dispõe<br />
a soldar sobre a carroçaria, costuma prestar especial<br />
atenção no momento de executar a soldadura, mas<br />
sem dedicar o tempo e aplicar os recursos necessários<br />
para preparar o suporte sobre o qual vai realizar<br />
a união. Isto representa um grande erro, visto que<br />
um substrato mal preparado dificulta, e inclusivamente<br />
impossibilita, a realização de soldaduras de<br />
qualidade que mantenham a sua resistência com o<br />
passar do tempo, com o consequente risco que isso<br />
representa quando o veículo se põe em circulação e<br />
deve suportar os diferentes esforços estáticos e dinâmicos<br />
que qualquer carroçaria enfrenta. Portanto,<br />
existem dois aspetos gerais que qualquer oficina<br />
de carroçaria e pintura deve ter em conta durante a<br />
execução da preparação de fundos:<br />
• A importância que tem a preparação de fundos<br />
dentro do processo de reparação de qualquer dano<br />
sobre a carroçaria do veículo, visto que facilita a<br />
execução <strong>das</strong> diferentes tarefas de acabamento e<br />
melhora a qualidade final da reparação quanto a<br />
variáveis como o aspeto, a resistência ou a proteção<br />
anticorrosiva.<br />
• A necessidade de sensibilizar o profissional da oficina<br />
para que realize to<strong>das</strong> estas operações de forma<br />
correta, tendo em conta as considerações concretas<br />
de cada situação de trabalho e utilizando os produtos<br />
mais adequados em cada caso.<br />
Operações de preparação de fundos<br />
prévias à aplicação de massas<br />
A aplicação de massas sobre substratos metálicos ou<br />
plásticos do veículo é um dos trabalhos que mais se<br />
realiza na oficina de chapa e pintura, visto que diariamente<br />
ocorrem colisões, impactos e danos que<br />
provocam deformações e defeitos nas diferentes<br />
peças da carroçaria. A preparação de fundos que se<br />
realiza nestes casos depende do facto de o componente<br />
afetado ser metálico ou de plástico. Embora<br />
em ambos os casos se efetue uma vez que os danos<br />
tenham sido reparados e seja necessário finalizar o<br />
processo de reparação com a igualação da superfície,<br />
utilizando produtos de enchimento como as<br />
massas. As operações de preparação do suporte que<br />
têm de ser realiza<strong>das</strong> antes de proceder à aplicação<br />
de massa são estas:<br />
• Proteção dos elementos e <strong>das</strong> zonas anexas<br />
• Eliminação da pintura na zona de atuação<br />
• Abertura de arestas e lixamento da chapa descoberta<br />
• Matização da zona circundante<br />
• Limpeza e desengorduramento do substrato<br />
• Proteção anticorrosiva do metal<br />
• Aplicação de um promotor de aderência quando<br />
se aplica massa em plásticos<br />
Proteção dos elementos<br />
e <strong>das</strong> zonas anexas<br />
Antes de se proceder à aplicação de massa, é necessário<br />
proteger as zonas ou elementos suscetíveis de<br />
sofrer danos ou ficar manchados durante o processo<br />
de reparação e aplicação de massa. Para o efeito, devemos<br />
proteger a superfície ou o componente com<br />
uma fita que adira bem à superfície e que seja capaz<br />
de resistir a abrasões, pequenas panca<strong>das</strong>, fricções e<br />
ao contacto com produtos químicos.<br />
Eliminação da pintura na zona de atuação<br />
Quando a reparação se realiza sobre um componente<br />
metálico, é imprescindível eliminar a pintura<br />
após as operações de remoção de mossas, retoque e<br />
batimento do metal, próprias da reparação manual<br />
da chapa, visto que sobre a superfície de atuação<br />
aparece marcas, fissuramentos e rachadelas que<br />
implicam um suporte com baixa aderência para<br />
os produtos de enchimento. Esta circunstância faz<br />
com que seja necessário eliminar to<strong>das</strong> as cama<strong>das</strong><br />
de tinta de acabamento e de enchimento para garantir<br />
a durabilidade da reparação. A eliminação<br />
da tinta deve ser feita com abrasivos que não sejam<br />
propensos a reduzir a espessura do metal e/ou a sobreaquecer<br />
a chapa. Geralmente, para danos graves<br />
ou médios, utilizam-se abrasivos tridimensionais<br />
ou discos de puas (metálicas, de nylon, etc.) montados<br />
em ferramentas rotativas como berbequins<br />
ou rebarbadoras, ao passo que para danos leves pode-se<br />
eliminar a pintura diretamente com um disco<br />
de lixa (a partir de P-80) colocado numa lixadora<br />
roto-orbital.<br />
Em contrapartida, quando se trabalha sobre plásticos,<br />
a tinta só se elimina nas zonas onde existe uma<br />
deformação que é necessário corrigir com transmissão<br />
de calor, visto que, ao reparar fissuras ou faltas<br />
de material, o próprio processo de preparação do<br />
suporte com abrasivos ou fresas rotativas elimina o<br />
revestimento. Nestes casos, a tinta é eliminada com<br />
lixadora roto-orbital e discos de lixa de grão a partir<br />
de P-120.<br />
Abertura de arestas<br />
e lixamento da chapa descoberta<br />
A eliminação da tinta com ferramentas rotativas<br />
produz uma aresta viva na zona de transição entre a<br />
chapa descoberta e as diferentes cama<strong>das</strong> de tinta.<br />
Esta aresta tem que ser rebaixada e reduzida o máximo<br />
possível a fim de gerar uma boa base para a<br />
massa e evitar, assim, posteriores imperfeições e/ou<br />
o aparecimento de ondulações. A redução do desnível<br />
é efetuada com uma lixadora roto-orbital e grão<br />
de lixa P-80, podendo utilizar-se um disco de lixa<br />
mais fino, como P-120, quando se abrem as arestas<br />
em danos leves, peças que não estão repinta<strong>das</strong> e<br />
atuações sobre plásticos.<br />
Matização da zona circundante<br />
Após a abertura <strong>das</strong> arestas, deve-se proceder à eliminação<br />
do brilho na periferia do dano reparado,<br />
com a finalidade de abrir o poro da pintura e permitir<br />
que a massa adira corretamente. Para tornar<br />
esta zona mate, também se utiliza uma lixadora roto-orbital,<br />
embora neste caso o grão utilizado tenha<br />
de ser mais fino, entre P-120 e P-180. Desta forma,<br />
quando se lixa a massa e se procede à sua afinação<br />
para reduzir os riscos (algo necessário antes de aparelhar),<br />
o processo é menos difícil para o operário e<br />
reduz-se o risco de aparecimento de marcas de lixa<br />
após a pintura.<br />
Limpeza<br />
Após se efetuarem to<strong>das</strong> estas operações de preparação<br />
de fundos, a superfície de atuação deve ficar perfeitamente<br />
limpa, sem pó e livre de quaisquer resíduos<br />
de gordura, silicones ou óleo, com o objetivo de<br />
não reduzir a aderência da massa. Para se conseguir<br />
este objetivo, em primeiro lugar sopra-se ou aspira-<br />
A APLICAção DE MASSAS SOBRE SUBSTRAtos METÁLICOS OU PLÁSTICOS<br />
DO VEÍCULO É UM DOS TRABALHOS QUE MAIS SE REALIZA NA OFICINA<br />
DE CHAPA E PINTURA, visto QUE DIARIAMENTE OCORREM COLISÕES,<br />
IMPActos E DANOS QUE PROVOCAM DEFORMAÇÕES NA CARROÇARIA<br />
www.jornal<strong>das</strong>oficinas.com Novembro I 2023 59