Vamos Garotas! - Senac
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O bem-estar, especialmente após a Segunda<br />
Guerra Mundial, passa ser valorizado,<br />
colocando em pauta algo até então inédito em relação aos cuidados corporais - o prazer:<br />
“(...) a apologia do bem-estar – ora traduzido em termos de prazer, ora compreendido como<br />
sinônimo de satisfação pessoal e harmonia entre<br />
o corpo e mente – paralela à galopante<br />
desnaturalização do sofrimento.” 208<br />
Mesmo no período anterior ao pós-guerra,<br />
“As <strong>Garotas</strong>” compartilhavam de uma<br />
relação com os esportes mais fluida, ou seja, para<br />
elas estar em movimento significava um<br />
momento<br />
de descontração. O martírio fruto obrigação<br />
em exercitar-se não aparece, de<br />
forma geral, na coluna.<br />
As ilustrações, por exemplo, combinavam o exercício como uma oportunidade de<br />
paquera,<br />
ou seja, encaravam a situação como uma oportunidade de estar mais visível e<br />
exposta aos olhos do sexo oposto. Os corpos em movimento na coluna apontavam para o<br />
seu desnudamento e a conseqüente exploração da sensualidade através do corpo: “Nunca<br />
houve um homem tão gozado como o Silvinho! Disse que gosta de me ver de bicicleta só<br />
para apreciar as minhas curvas!” 209<br />
É interessante perceber que existiu um lado conservador no incentivo dos esportes<br />
em relação às mulheres durante<br />
o governo totalitário, pois não eram todas as atividades<br />
esportivas<br />
que eram recomendadas ao sexo feminino: “Algumas medidas normatizadoras<br />
em relação ao esporte feminino foram levadas à cabo posteriormente pelo Estado Novo,<br />
como aquelas que vedavam às mulheres a prática de esportes incompatíveis com a sua<br />
natureza” 210 .<br />
Ao examinar<br />
as seções de “As <strong>Garotas</strong>” é possível constatar que elas não<br />
exploravam esportes tradicionalmente exercidos por homens como o futebol. Elas se<br />
208<br />
SANT´ANNA. Denise Bernuzzi. Op cit, p. 256<br />
209<br />
“As <strong>Garotas</strong> do Alceu”. Bicicletas & <strong>Garotas</strong>. In: O CRUZEIRO. 05 de Agosto de 1946, p.22 e 23<br />
210<br />
KNIJNIK, Jorge Dorfman. A mulher brasileira e o esporte: seu corpo, sua história. São Paulo: Mackenzie,<br />
2003, p.62<br />
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