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Vamos Garotas! - Senac

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cinturinha minúscula. Mesmo possuindo, muitas vezes,<br />

um vestuário que expunha mais a<br />

pele, elas não fugiam do ideal feminino de corpo, aquele<br />

ainda confinado às cintas elásticas<br />

e submisso à uma certa artificialidade.<br />

A mulher deveria camuflar suas imperfeições<br />

com a ajuda dos cosméticos e vigiar<br />

sempre, para que seu marido nunca visse a sua verdadeira<br />

face: “(...) fingir ser bela, fingir,<br />

sobretudo perante o homem amado, que se tem a cintura fina, o porte de rainha e uma voz<br />

aveludada é, para os conselheiros de um passado<br />

recente, uma estratégia correta e mesmo<br />

s<br />

audável”. 223<br />

A beleza ainda era um tanto programada e a naturalidade dos brotos dos anos 1960<br />

ainda não era a realidade, embora não estivesse<br />

tão distante de sua emergência: “É na<br />

individualização, e também no artifício, às vezes sistemático, que se aprofundou a beleza<br />

nas democracias<br />

entre as duas guerras: a idéia sempre mais aguçada de que a beleza se<br />

constrói<br />

pela técnica e os materiais.” 224<br />

“<strong>Garotas</strong> e camuflagem” em 21 de novembro de 1942 as ilustrações se entregavam<br />

aos tratamentos de beleza, camuflando suas imperfeições, comparando certos artifícios às<br />

estratégias de guerra: “Uma aplicação dessas cintas em sacos de areia não constituiria uma<br />

armadilha formidável?”<br />

A aparência das ilustrações do início da coluna se assemelha<br />

ao modelo de beleza<br />

encarnado<br />

pela figura da vamp hollywoodiana, embora não fossem tão fatais quanto às<br />

divas Jean Harlow e Marlene Dietrich, exemplos do gênero: “Na órbita do filme noir, essa<br />

sedutora insubmissa e temível inaugurou a era do glamour (...).” 225 Os traços são mais<br />

finos, os olhos puxados e a maquiagem é levemente carregada nos olhos. No entanto<br />

apesar da semelhança, com o avançar do tempo, elas pareciam estar mais próximas da<br />

223<br />

SANT´ANNA, Denise Bernuzzi. Cuidados de si e embelezamento feminino: fragmentos para uma história<br />

do corpo no Brasil. In: Políticas do Corpo: elementos para uma história das práticas corporais. São Paulo:<br />

Estação Liberdade, 1995, p. 127<br />

224<br />

VIGARELLO. Georges. A história da beleza. Rio de Janeiro: Ediouro, 2006, p. 167<br />

225<br />

FAUX. Dorothy Schefer. A beleza do século. São Paulo: Cosac & Naif. Edições, 2000,<br />

p.146<br />

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