02.02.2013 Views

Vamos Garotas! - Senac

Vamos Garotas! - Senac

Vamos Garotas! - Senac

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

nacional. 40 O ritmo foi destacado de suas origens, aproximando-se da cultura urbana e do<br />

progresso 41 : “O samba urbano surgiu entre os compositores do Estácio, bairro proletário do<br />

centro com a zona norte, que buscavam uma batida nova, favorável ao ritmo do desfile da<br />

escola de samba. Como a marchinha, o samba alcançava os demais segmentos da<br />

sociedade pelo rádio e carnaval.” 42<br />

Será, particularmente, o samba urbano que terá presença na coluna. A seção<br />

“<strong>Garotas</strong> carnaval” em 14 de fevereiro de 1942 deixava claro o humor e duplo-sentido<br />

desse tipo de música: “A Margarida disse que só andará de automóvel e ônibus no<br />

carnaval. Mas porque? Tem medo que cantem “... tem galinha no bonde!”<br />

O samba na coluna vinha, normalmente, vinculado à festa carnavalesca. 43 “As<br />

<strong>Garotas</strong>” compartilhavam dessa experiência em ambientes da classe média e elite. “<strong>Garotas</strong><br />

de Fevereiro”, em 7 de fevereiro de 1942 apresenta as figuras em plena folia vestindo<br />

40<br />

No Brasil não havia, até então, uma fixação de gêneros musicais. A indústria fonográfica se ampliou no<br />

período, aparecendo novos intérpretes, inclusive brancos da classe média como Noel Rosa, que impulsionam<br />

e deram visibilidade ao estilo. O samba começa uma aproximação das classes mais abastadas e, naturalmente,<br />

é apropriado e modificado para adequar-se às novas demandas. In: VIANNA, Hermano. O mistério do<br />

samba. Rio de Janeiro: J. Zahar, 2002. Oportunamente, de alvo de preconceito ele foi alçado a símbolo<br />

nacional. Foram criados os sambas exaltação, verdadeiros aparelhos ideológicos do Estado Novo, como<br />

Aquarela do Brasil. Ary Barroso, o compositor da música, disse que, ao criá-la, “foi sentindo toda a grandeza<br />

e opulência da nossa terra”, comprovando a capacidade de idealização do país nos versos da canção, que veio<br />

a se tornar mais popular que o próprio Hino Nacional. In: ZAN, José Roberto. Música popular brasileira,<br />

indústria cultural e identidade. In: EccoS Ver. Cient., Uninove, São Paulo (n.): 1 e v. 3: 105-122, p. 110.<br />

Certamente, nesse sentido, o Estado soube explorar a capacidade de integração e difusão de ideais contidos<br />

na música em benefício próprio.<br />

41<br />

O samba brasileiro pode ser dividido em duas primeiras fases: o antes da década de 1930 e depois desse<br />

período. O samba no início do século era praticado principalmente por comunidades negras e mestiças, que<br />

levaram consigo essa manifestação da Bahia, sua terra natal, para o Rio de Janeiro, na ocasião do fim do<br />

tráfico negreiro em 1850. Como eram festeiros, as confraternizações eram chamadas de sambas, assim como<br />

a música presente. In: SANDRONI, Carlos. Transformações no samba carioca no século XX. Disponível em:<br />

http://www.dc.mre.gov.br/brasil/textos/78a83%20Po.pdf. Acessado em 28 de setembro de 2006. Assim, o<br />

samba carioca pode ser interpretado como uma adaptação da herança escrava negra, que da Bahia migrou<br />

para o cenário carioca, sendo modificado pelo ritmo das escolas de samba. In: SODRÉ, Muniz. Samba, o<br />

dono do corpo: ensaios. Rio de Janeiro: Codecri, 1979.<br />

42<br />

COSTA, Tânia Garcia da. O “it verde amarelo” de Carmen Miranda (1930-1946).. São Paulo: Annablume;<br />

Fapesp, 2004, p. 34.<br />

43<br />

A festa carnavalesca vai estar intimamente atrelada ao samba urbano nascido no Rio de Janeiro,<br />

contribuindo para a sua difusão como símbolo nacional. In: VIANNA, Hermano. Op cit, p. 122. Antes, a<br />

festa era reprimida pela polícia com o pretexto da violência entre os blocos. Em 1932 foi totalmente<br />

regularizada, cabendo à prefeitura a sua promoção. Com o Estado Novo, o carnaval sofreu mais<br />

modificações, pelo estabelecimento de concursos entre as escolas de samba, que deveriam criar sambasenredos<br />

com temas folclóricos, literários ou biográficos. Essa era uma forma de inibir a criação de conteúdos<br />

não pertinentes e perpetuar a ideologia estado-novista. In: COSTA, Tânia Garcia da. Op cit, p.59.<br />

34

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!