Vamos Garotas! - Senac
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forma favorita de inclusão numa totalidade: a dos habitantes da cidade. Assim, quem é<br />
carioca é moreno – e quem não<br />
for...” 92<br />
Nesse<br />
período a origem mestiça do brasileiro é resgatada, embora na prática a cor<br />
branca ainda fosse estimada. 93<br />
“Por fim, na representação vitoriosa dos anos 1930, o mestiço<br />
transformou-se em ícone nacional, em símbolo de nossa identidade<br />
cruzada no sangue, sincrética na cultura, isto é, no samba, capoeira,<br />
candomblé, futebol. Redenção verbal que não se concretiza no cotidiano,<br />
a valorização do nacional é acima de tudo uma retórica que não tem<br />
contrapartida na valorização das populações mestiças discriminadas.” 94<br />
colocada como uma das características mais singulares do brasileiro: “(...) muitos<br />
daqueles<br />
que se<br />
Ao mesmo tempo em que a coluna se conecta ao estilo de vida carioca, absorvendo<br />
a cultura do corpo bronzeado, ela paralelamente propaga o perfil branco elitista, o que é<br />
comprovado pela ausência de “<strong>Garotas</strong>” de outras raças, como negras, mulatas, entre<br />
outras, não refletindo a realidade da miscigenação do país. Aliás, a mistura de raças será<br />
propuseram a definir uma especificidade nacional selecionaram a ‘conformação<br />
racial’ encontrada no país, destacando a particularidade da miscigenação.” 95<br />
Ao lado dos corpos bronzeados e do ambiente descontraído da praia, outras<br />
diversões eram bastante valorizadas entre os cariocas. O Jockey Club era, também, palco<br />
de eventos sociais disputados pelas elites e muito noticiados nas colunas sociais como a de<br />
92 FARIAS, Patrícia. Op cit, p.281.<br />
93 A valorização da mestiçagem atendia aos propósitos do Estado Novo em construir uma unidade nacional:<br />
“A tendência de valorizar a mestiçagem é uma opção pela ‘unidade da pátria’ pela homogenização.” In:<br />
VIANNA, Hermano. Op cit, p. 71. Teóricos como Gilberto Freyre em Casa Grande & Senzala foram<br />
responsáveis pela sustentação desse novo posicionamento. Segundo Regina Abreu, a figura do mulato<br />
carioca é resgatada, sendo a miscigenação uma característica valorizada por singularizar o Brasil. O conceito<br />
de raça foi nesse momento substituído pelo de cultura. In: ABREU, Regina. A capital contaminada:<br />
construção da identidade nacional pela negação do espírito carioca. In: LOPES, Antônio Herculando. (Org)<br />
Entre Europa e África: a invenção do carioca. Rio de Janeiro: Fundação Casa Rui Barbosa: Top books, 2000,<br />
p. 167-186.<br />
94 SCHWARCZ, Lilia Moritz. Nem preto nem branco, muito pelo contrário: cor e raça na intimidade. In:<br />
NOVAIS, Fernando A.; SCHWARCZ, Lilia Moritz. História da vida privada no Brasil: volume 4: contrastes<br />
da intimidade contemporânea. São Paulo: Companhia das Letras, 1997, p. 178<br />
95 SCHWARCZ, Lilia Moritz.Op cit, p. 178<br />
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