02.02.2013 Views

Vamos Garotas! - Senac

Vamos Garotas! - Senac

Vamos Garotas! - Senac

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

turnê pelos EUA, fugindo do ideal musical brasileiro aprovado pelo Estado Novo 53 : “A<br />

denúncia da ‘americanização de Carmen Miranda mostrava que existia no Brasil de 1940<br />

um movimento difuso que defendia a correta utilização desses novos símbolos nacionais.<br />

A mistura do samba com a música norte-americana, por exemplo, não podia ultrapassar<br />

determinados limites.” 54<br />

A figura de Carmen Miranda ecoou não apenas nos EUA, mas aqui no país. É<br />

notável perceber na coluna a quantidade de fantasias de carnaval inspiradas no figurino da<br />

artista. Muitos turbantes com penduricalhos, colares, frutas amarradas, tecidos coloridos e<br />

contrastantes.<br />

O cinema será outra evidência da influência dos EUA na coluna, presente desde os<br />

primórdios dela. 55 Em 10 de dezembro de 1938, em “<strong>Garotas</strong> de festas”, certo ator famoso<br />

de Hollywood aparenta causar comoção nas ilustrações: “A Elvira se apaixonou de tal<br />

maneira pelo Tyrone Power que quase morreu. E curou-se? Com um sósia...”<br />

Essa influência cinematográfica tende a crescer após a Segunda Guerra Mundial,<br />

sendo um importante porta-voz na difusão de gostos e estilos do american way of life, em<br />

meio à Guerra Fria: “(...) após a Segunda Guerra, o cinema se tornou a vitrine por<br />

excelência da exibição de glamourização dos novos materiais, objetos utilitários e<br />

equipamentos de conforto e decoração doméstica.” 56<br />

53 Carmen Miranda, ao se apresentar no cassino da Urca em julho de 1940, não entendeu de imediato o seu<br />

insucesso. O que os presentes em seu show viram foi uma Carmen demasiadamente estilizada, cantando algo<br />

que não era supostamente a música brasileira pura, gesticulando em excesso (hábito adquirido nos EUA para<br />

suprir a falta de comunicação) e, pior, saudando a platéia com um good night, people! A artista foi aclamada<br />

pelo povo em sua chegada, mas ali ela cantava para o alto escalão do Estado Novo. A frieza, olhada por esse<br />

ângulo, fez completo sentido: “Carmen abriu com ‘South American Way’. Pelo menos três minutos<br />

seguintes, gelo na platéia. O samba-rumba, muito fraco para os padrões brasileiros, teve de arrastar-se<br />

sozinho até a última nota.” In: CASTRO, Ruy. Op cit, 249-250.<br />

54 VIANNA, Hermano. Op cit, p. 131.<br />

55 A influência do cinema norte-americano data desde a década de 1920 no Brasil. Segundo Susan Besse, as<br />

salas de projeção proliferaram a partir de 1910 e, na década de 1920, ir ao cinema estava entre os<br />

passatempos mais populares para jovens e velhos, homens e mulheres, pobres e ricos. In: BESSE, Susan.<br />

Modernizando a desigualdade: reestruturação da ideologia de gênero no Brasil 1914-40. São Paulo:<br />

Universitária SP, 1999, p.26.<br />

56 SEVCENKO, Nicolau. Op cit, p.602.<br />

40

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!