Vamos Garotas! - Senac
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Em “<strong>Garotas</strong>, Maio e casamentos”, de 1 de maio de 1954, as “<strong>Garotas</strong>” são<br />
mostradas inspiradas<br />
a se casar, principalmente no mês considerado o da noivas:<br />
“Vou fazer uma novena para meu santo milagroso, para ver se ele<br />
tem pena, e me remete um esposo”. O texto mostra a urgência e pressa<br />
para que se concretize o casamento, colocado como ritual muito<br />
importante e, como de fato era, para a mulher da época: “Proclamava-se<br />
que o casamento era ‘o estado perfeito’ e também uma obrigação à qual<br />
ninguém poderia se furtar.” 284<br />
As cores predominantes são o azul no fundo e branco na roupa das ilustrações,<br />
representando a pureza entregue ao noivo. O vermelho aparece, embora em menor<br />
quantidade, provavelmente, indicando a conquista amorosa e o romance.<br />
A posição corporal das ilustrações, especialmente a maior, novamente indica um<br />
observador masculino externo. Entretanto, as imagens das noivas “<strong>Garotas</strong>” suscitam,<br />
também, uma apreciação feminina, já que o casamento era um evento muito esperado pelas<br />
moças<br />
da época, sendo a coluna uma boa vitrine para elas: “Bela, mulher e imagem são<br />
termos<br />
com o emprego de um determinado<br />
texto, em um tom bem-humorado e irônico, remetendo<br />
a uma<br />
que estão tão intimamente associados que quase se confundem. Homens e<br />
mulheres, estamos sujeitos às seduções terrivelmente associadas da imagem e da beleza<br />
feminina imaginada.” 285<br />
A temática da seção, mesmo essencialmente tradicional, desvia dessa característica<br />
faceta não tão comportada das “<strong>Garotas</strong>”: “Maio é o mês por excelência dos<br />
casamentos e por isso mesmo é o ideal das <strong>Garotas</strong>....esses anjos de candura.” Esse recurso<br />
coloca, mais uma vez, o recurso do riso, enfatizando a duplicidade nos textos de forma<br />
despretensiosa.<br />
284 BESSE, Susan. Modernizando a desigualdade: reestruturação da ideologia de gênero no Brasil 1914-40.<br />
São Paulo: Universitária SP, 1999, p. 73.<br />
285 DUBY, Georges; PERROT, Michelle. Op cit, p.140.<br />
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