Vamos Garotas! - Senac
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descontraído, algo que deve ter contribuído, em certa medida, para a sua retratação<br />
incomum<br />
da mulher.<br />
Não podemos esquecer que, mesmo Alceu Penna tendo convivido em meio ao<br />
mundo dos espetáculos, ele ainda assim era um homem, ou seja, algo que teria potencial<br />
para influenciar o seu traço de maneira inquestionável, como de fato o fez. O modo com<br />
que seu gênero atuou nos seus desenhos pode ser percebida, sobretudo, pela exploração<br />
da<br />
sensualidade.<br />
Essa perspectiva deriva da sua visão, portanto masculina, em apreciar a<br />
mulher como objeto de desejo.<br />
Alceu Penna conseguiu desenhar figuras belas e, ao mesmo tempo, modernas e<br />
arejadas, sem cair nas tradicionais representações femininas:<br />
“A mulher sempre foi um dos temas preferidos dos ilustradores e<br />
cartunistas. Vistas pelos homens, elas se dividiam em tipos bem<br />
definidos. As belas bem vestidas, charmosas, interesseiras e loucas para<br />
casar. A galeria das feias incluía as feministas e as feras, munidas da<br />
271<br />
vassoura e do rolo de macarrão.”<br />
Pode-se dizer, em linhas gerais, que o conjunto de seus desenhos não afirmaram<br />
estereótipos, e muito menos depreciaram a figura feminina pela exploração constante da<br />
malícia. Em “As <strong>Garotas</strong>”, devido ao seu olhar incomum, Alce u Penna<br />
ilustrou mulheres<br />
que, mesmo<br />
se encaixando nos padrões conservadores, deram aos leitores de O Cruzeiro<br />
um respiro da realidade monótona e preconceituosa da época.<br />
271<br />
MATTAR, Denise. Texto de abertura do livro da exposição Traço, Humor e Cia. Museu de Arte Brasileira<br />
(MAB). Fundação Armando Álvares Penteado. 24 de maio a 298 de junho de 2003, p.8.<br />
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