Vamos Garotas! - Senac
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CONCLUSÃO<br />
“As <strong>Garotas</strong>” viveram seu auge entre as décadas de 1940 e 1950, um momento em<br />
que a mulher se via<br />
solapada entre anúncios de cremes e pó-compacto, buscando<br />
reinventar-se, inspirando-se<br />
no cinema e nas revistas ilustradas, ansiosa por uma<br />
redescoberta. Na verdade,<br />
a coluna pouco auxiliou na tarefa de imputar uma determinada<br />
identidade<br />
a ela, pois se ocupou mais das contradições que do discurso homogêneo da<br />
moral e dos bons costumes.<br />
Esse discurso, repleto de regras, que inundavam a literatura e a imprensa,<br />
funcionava na realidade como um apoio na verdadeira crise da identidade feminina, que só<br />
cresceria com o passar dos anos, como discutido por Betty Friedan: “A imagem pública<br />
que desafia a razão e tem pouco a ver com a realidade, teve o poder de modelar<br />
excessivamente a vida da mulher. Mas essa imagem não possuía tal força se não existisse<br />
uma crise de identidade.” 294<br />
A coluna, ao omitir-se dos tradicionais estereótipos femininos, abriu espaço para<br />
uma nova figura feminina, que estava querendo emergir. Esse novo tipo de mulher ainda<br />
não era<br />
a realidade e precisaria esperar os movimentos, a partir dos anos 1960, que<br />
procuraram quebrar valores tradicionais profundamente arraigados: “O movimento jovem<br />
da década de 1960 não foi apenas altamente inovador em termos políticos, foi, talvez, antes<br />
de tudo, um movimento revolucionário na medida em que colocou em xeque os valores<br />
conservadores da organização social (...).” 295<br />
“As <strong>Garotas</strong> do Alceu”, ao mesmo tempo em que eram o espelho da mulher<br />
propagada pelas comunicações, de moral conservadora, mas em sintonia com a<br />
modernidade, se tornaram figuras marginais, na medida em que fugiam desse padrão em<br />
294<br />
FRIEDAN, Betty. Mística feminina. Petrópolis: Vozes, 1971, p.67.<br />
295<br />
PINTO, Céli Regina Jardim. Uma história do Feminismo no Brasil. São Paulo: Fundação Perseu Abramo,<br />
2003,<br />
p. 42.<br />
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