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Vamos Garotas! - Senac

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que adequada<br />

à cozinha (com o avental), bem composta. Essa evidência está de acordo<br />

com a norma rígida com que a aparência era regida, em um momento em que a<br />

formalidade, até para os homens, era um imperativo e a beleza para as mulheres, uma<br />

ordem, conquistada com uma boa maquiagem: “A maquiagem é a única expressão<br />

possível, ou mesmo a única verdade. E também construção voluntária, objeto de<br />

perseverança, de determinação (...).” 287<br />

É interessante reparar que há uma grande atenção, de forma geral na coluna, para a<br />

cor vermelha. Retomo nesse ponto o fato de que Alceu Penna era daltônico. Uma pessoa<br />

com visão normal é capaz de ver as<br />

cores tais como elas são, podendo fazer, portanto,<br />

combinações<br />

que lhe agradam aos olhos, prestando atenção ou não no significado<br />

intrínseco a elas. O ilustrador, por ser daltônico, leva a crer que escolhia as cores mais pela<br />

representação do que pela sua beleza. Esse pensamento nos apresenta uma dimensão<br />

cuidadosa na escolha das cores empregadas na coluna, pois provavelmente não eram feitas<br />

ao acaso. O vermelho como cor recorrente<br />

nas ilustrações remete ao perfil sedutor<br />

constante<br />

das “<strong>Garotas</strong>”, bem como à sua malícia e volúpia.<br />

Nessa edição em especial, o vermelho é a cor que mais se sobressai, presente no<br />

detalhe do avental da “Garota” central, no título da coluna, no suéter da ilustração no canto<br />

direito inferior, no avental e fita de cabelo da “Garota” no canto direito superior. O tema é<br />

a sedução, sem dúvida, mas nos moldes conservadores, ou seja, a mulher que atrai o sexo<br />

oposto pelas prendas de futura esposa. O vermelho entra como a cor do desejo, da<br />

conquista e parece que, por essa ser discreta, a sua utilização também o é: “Nas artes<br />

visuais, a cor não é apenas um elemento decorativo ou estético. É o fundamento da<br />

expressão (....)” 288<br />

287 VIGARELLO, Georges. Op cit, p. 167.<br />

288 MODESTO, Farina. Psicodinâmica das cores em comunicação. São Paulo, 1986, p.23.<br />

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