é preciso que o sujeito tenha o conhecimento específico relativo à abordagem de um texto.Se a situação for “observar um fenômeno científico”, é preciso ter disponíveis os conteúdosespecíficos ligados à observação, às normas da observação científica, à construção demodelos, à noção de fato científico, ao significado de “lei da natureza”, entre outros conteúdos.Vemos, então, que é falso afirmar que as orientações visando o ensino paracompetências não se preocupam com os conteúdos a serem trabalhados. O que se buscaé que esses conteúdos sejam relevantes, isto é, que tenham sentido para o sujeito, dentrode seu contexto. Vemos, assim, uma certa inversão entre o que a escola tradicional fazia,isto é, listava os conteúdos e depois ia buscar uma situação em que, possivelmente elespudessem ser aplicados. Muitas vezes, inventava-se uma situação tão artificial que se tornavaridícula. A orientação no ensino para competências busca primeiramente estabelecer umasituação complexa a ser abordada e escolhe os conteúdos que precisam ser conhecidospara abordá-Ia.(...)Habilidades/ProcedimentosDe maneira geral, associaremos o termo habilidade ao “saber fazer” algo específico.Isto significa que ele estará sempre associado a uma ação, ou física ou mental, indicadorade uma capacidade adquirida. Assim, identificar, relacionar, correlacionar, aplicar, analisar,avaliar, manipular com destreza, são verbos que podem indicar a habilidade de sujeito emcampos específicos. Veja bem, não associamos habilidade a algo inato, como muitas vezesse pensa. Ninguém nasce com habilidade de jogar tênis, ou tocar piano, ou jogar futebol, ounadar etc. Em todos estes casos é preciso muito treinamento: muito exercício para que osujeito possa saber fazer e fazê-lo bem. É evidente que certas pessoas podem ter algunselementos, tanto físicos, como intelectuais ou culturais que facilitem o desenvolvimento dehabilidades, permitindo chegar a uma maior competência que outros. Não temos muitos“Pelés”, nem “Gustavos Kuerten”, nem “Mozarts”, nem “Airtons Senas” no mundo. Narealidade, todos eles foram competentes porque treinaram muito, isto é, desenvolveramsuas habilidades específicas por força de sistematização com repetição de ações. No ensinode uma língua estrangeira, por exemplo, usa-se muito a repetição sistemática para chegarà habilidade de falar e/ou escrever. Mas, o que importa, sobretudo, não é apenas a repetiçãosem significado, mas, sim, aquela que demonstre conhecimento específico, além do saberfazer.LinguagensOutro componente relacionado à aquisição de competências é o que chamamos delinguagens. Para cada campo do saber, a comunicação se faz por meio de linguagensespecíficas, que se manifestam de formas as mais diversas. Conhecer a linguagem específicapara resolver uma situação complexa é indicador de competência.(...)...quem dá o sentido à linguagem é o contexto em que ela é utilizada. Assim, acompetência num certo campo, não significa ter a linguagem apenas daquele campo, masconhecer os vários sentidos que uma mesma palavra ou sentença possa ter, em contextosdiferentes.(...)15
Valores culturaisOutros componentes que associamos ao conceito competência sãoos valores culturais, específicos de cada contexto e que precisam estarPesquisa e PráticaPedagógica <strong>IV</strong> disponíveis para serem mobilizados ao abordar-se uma situação complexa.Valores culturais são elementos que estabelecem o contexto cultural dasituação. Para melhor compreendermos esse componente da competência,analisemos a seguinte situação. Um professor de matemática prepara as aulase uma prova escrita para avaliação da aprendizagem. Ele enfrentará valores culturais relativosa esta situação e que podem ser expressos da seguinte forma: “Matemática é difícil mesmo,não consigo aprender”; “O que vou fazer com este monte de fórmulas, esta álgebra toda, sevou seguir Jornalismo?”; “Quem não cola não sai da escola, por isso vou para a prova comminhas colinhas prontas”.Ministrar uma aula de matemática para um grupo de alunos que comungam estesvalores culturais é, sem dúvida, uma situação complexa a ser enfrentada pelo professor. Elepode fazê-lo de várias formas. Uma delas é vangloriar-se de que sua matéria é difícil mesmoe que os alunos têm que estudar muito para serem aprovados. Com esta forma de pensar,dá muita matéria, passa muitos exercícios e cobra nas provas problemas complicados. Nahora da avaliação reage à “cultura” relativa à cola, elaborando dois ou três tipos de provasdiferentes, coloca os alunos em linhas para evitar todo contato, e vigia de forma policialesca,no intuito de evitar a fraude.A nosso ver, o professor que ensina em busca do desenvolvimento das competênciasreage de outra forma. Em primeiro lugar, ele não faz segredo dos objetivos de suas questões,pois está convencido que ensina para que o aluno aprenda e a avaliação nada mais é doque um momento especial deste processo da aprendizagem. Para isso, elabora situaçõesque levem o aluno a manifestarem suas competências, como o faz um profissional, isto é,dando oportunidade para consultas ou mesmo fazendo provas em duplas, para que ainteração com o outro facilite a aprendizagem. Aos poucos, os alunos passam a sentir outrosvalores culturais, encarando as provas (escritas ou orais, individuais, ou em grupos) comomomentos privilegiados de estudo e não como acertos de contas.Ministrar uma aula é uma situação complexa a ser enfrentada pelo professor. Vemospelo que acabamos de afirmar, que o professor competente precisa, em primeiro lugarconhecer bem os conteúdos pertinentes à sua disciplina. Em seguida, ele precisa ter ashabilidades necessárias para organizar o contexto de aprendizagem, escolhendo estratégiasde ensino adequadas. Na escolha dessas estratégias, ele precisa levar em conta os valoresculturais de seu grupo de alunos e dirigir-se a eles com uma linguagem clara, precisa econtextualizada. Você deve estar compreendendo, com esse exemplo, o que significa tercompetência como professor, isto é, ter a capacidade de mobilizar recursos para abordar asituação complexa de ministrar uma aula.Administração das emoçõesO quinto recurso que deve estar disponível para ser mobilizado diante de qualquersituação mais ou menos complexa é a administração das emoções. Sem dúvida, muitosprofessores já escutaram algum aluno - e, freqüentemente, bons alunos - dizendo: “Professor,eu estudei tudo, eu sabia tudo, mas na hora da prova deu branco”. Essa expressão usadacom alguma freqüência pelos alunos indica o que queremos expressar por administraçãodas emoções.Voltamos novamente ao professor que vivencia sua aula. Certamente a capacidadede administrar suas emoções, seus problemas pessoais, suas dificuldades familiares, seu16
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ReferênciasBibliográficasAQUINO,