possibilidade de se pensar e encaminhar a educação, tendo em vista que se volta para ocerne da prática pedagógica.A prática da linguagem por sujeitos constituídos. Nesta esfera, o conhecimento surgedo convívio com os objetos, com os instrumentos e com as pessoas. A educação é umprocesso interativo e a escola é o espaço para este entendimento compartilhado entresujeitos organizados que, na aula, têm lugar para o encontro, para o estabelecimento derelações educativas viabilizadas através da linguagem, componente básico que permite ainteração. É evidente que o conceito de educação que está pressuposto aqui é de ser umaação interativa entre sujeitos. Educação implica sempre em interação: pela linguagem, ossujeitos se entendem e, juntos, entendem o mundo.Sob o ponto de vista da pedagogiaEm todo o lugar onde houver convivência, interação entre sujeitos, estão sendoproduzidos saberes. Por isto, a Pedagogia é uma forma de compreender a educação paraalém das paredes do prédio escolar e o aprender é um processo que acontece sob a formade relações em espaços diferentes, nos quais o sujeito estabelece conexões entre suasubjetividade e o ambiente, produzindo, assim, saberes. Portanto, tem-se a Pedagogianão apenas como uma possibilidade de reflexão acerca do processo educativo nas suasdimensões sociais, históricas, filosóficas e instrumentais.A partir da Pedagogia, constituída como ciência do educador, poder-se-ia organizartodas as tendências pedagógicas como orientadas por uma das duas possibilidades aseguir:• diretividade: quando há uma ação intencional que vise a produzir resultadosde aprendizagem, normalmente protagonizada pelo professor. Neste espaço, o aluno éaquele que precisa aprender e só aprenderá se submetido às orientações do professor.• não-diretividade: quando não há uma orientação anterior, mas produzem-seorientações em acordo com a vontade e os objetivos do aprendente. Neste caso, não háprimazia do professor em relação ao aluno, ambos estão na condição de aprendentes.Observando a história da educação no Brasil, e com base nestas duas possibilidades,surge a classificação das correntes pedagógicas proposta a seguir:a)a) Pedagogia Tradicional: esta forma pedagógica está enraizada nahistória da educação brasileira desde os jesuítas, cristalizando-se quando, nofinal do século XIX, chegam as idéias de Herbart. Sua essência diz respeito aomagistrocentrismo: o professor sabe e o aluno não sabe, mas com o auxílio, aorientação e os métodos propostos pelo professor pode vir a saber. Preocupa-setambém com a moralização dos sujeitos.b) Pedagogia Nova: as idéias da Escola Nova chegam ao Brasil na segundab)metade do século XX, propondo uma pedagogia que se contrapõe diretamente àPedagogia Tradicional, na medida em que centraliza toda prática pedagógica noaluno, respeitando-o como capacitado a aprender desde que aja, produza ações.Delimitam-se nesta perspectiva todas as pedagogias progressistas surgidas noséculo XX: a Pedagogia Libertária, a Pedagogia Libertadora e a Pedagogia Críticosocialdos conteúdos.c) Pedagogias críticas: surgidas nas duas últimas décadas e fruto demuitos estudos e teses, constituem em estudos sobre o currículo enquanto recorteda sociedade levado para a escola. Visam à proposta de uma escola que reflitasobre as composições societárias visando à emancipação dos sujeitos a partirde suas aprendizagens. Nesta corrente, filia-se a pedagogia histórico-crítica.43
Já se sabe que um espaço pedagógico eminentemente diretivo acabapor impedir a circulação da liderança e a constituição da autonomia. Quandosó o professor tem direito de fala e o exerce de forma coercitiva não permitea mais ninguém a livre manifestação de idéias, interesses, o revelar daPesquisa e PráticaPedagógica <strong>IV</strong> historicidade.Em uma época como a nossa, de liberdades inúmeras, manter estapostura é ser, no mínimo, incoerente e compactuar com a mediocrização dossujeitos. O conhecimento produz-se em situações de transferência e, paratanto, faz-se necessária a liberdade de expressão, de ação, o diálogo.A não-diretividade, por sua vez, precisa também estar embasada em alguns suportes,como o respeito, o espaço para sistematização, a produção coletiva. Quando, em uma salade aula, confunde-se não-diretividade com ausência de regras ou o adulto infantiliza-se, oresultado é a não-produção de conhecimentos, pois para esta acontecer é preciso, projeçãono outro daquilo que eu desejo.Coerência e concepçõesA elaboração de quaisquer planejamentos ou mesmo a explicitação das orientaçõesdeterminantes dos processos pedagógicos precisa estar alicerçada em uma base decoerência. Esta base, metaforicamente, é como um grande guarda-chuva protetor esustentador de todo o processo, ao qual o professor pode recorrer sempre, para justificarsuas ações e encaminhamentos. Faz parte desse conjunto de idéia a determinação, porexemplo, do que a escola, a comunidade, o professor entendem como educação.A título de evidenciação do argumento ora apresentado e considerando a perspectivainteracionista, crítica e em acordo com o Paradigma da Comunicação, explicitamos asconcepções orientadoras de uma prática pedagógica, ao nosso ver, no mínimo, coerente.Para tanto, apresentamos as concepções de educação, escola, aula, conhecimento e umacaracterização do professor condizente com o cenário descrito.Entende-se educação como a interação entre sujeitos, assim constituídos porqueautônomos no uso que fazem da linguagem, meio articulador destes sujeitos. É uma propostade conhecer cuja orientação é prospectiva, visa ao projeto de futuros conhecimentos, o queainda se pode aprender tendo como horizonte a emancipação. Em suma, educar é interagir,conhecer juntos, constituir-se sujeito social e politicamente emancipado.Para tanto, o espaço formal da educação, a escola, precisa ser o encontro entrecidadãos para dialogarem sobre o mundo, sobre si e sobre suas demandas. Enquantolocal formado por pessoas organizadas, possui uma intencionalidade que deve estar claraa todos os participantes. É o local onde se produzem conhecimentos e onde se convivecom a pluralidade cultural. Da mesma forma, é um dos espaços sociais para a convivênciae para a produção da cultura. Diferentemente do que nos fez crer a Soares Ferreira, Liliana:Educação, paradigmas e tendencias…Pedagogia Tradicional, a função da escola não é ensinar, mas inserir na dinâmicadas aprendizagens: o contínuo aprender a aprender. A aula não é apenas o espaço físico, asala de aula, mas o espaço das inter-relações, das intersubjetividades. A aula pode acontecerem qualquer lugar onde se proponha a produção do saber mediada pela linguagem, portanto,aula não é característica única da escola, produzir saberes acontece para além do espaçoescolar.O conhecimento implica sempre em relação social, em última análise, em aula comoaqui a concebemos, implica vida e experiência. Conhecer tem um caráter provisório, poistudo que é conhecido pode ser re-conhecido, re-aprendido, re-configurado mediante novasrelações intersubjetivas.44
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