tarde, concidadãos de qualquer modo, testemunhas e protagonistas de um mesmo tempohistórico.(...)A transição escolar atualDas múltiplas queixas dos profissionais da educação contemporânea, talvez a maiscontundente seja aquela que surge sob a alegação de “problemas de relacionamento” emsala de aula. Indisciplina, agressividade, revanchismo, apatia são alguns exemploslevantados pelos educadores; todos eles, ao que parece, decorrências da poucacredibilidade neles depositada por parte da clientela e também do público escolares (leiase,as famílias).Tudo se passa como se os agentes escolares não mais desfrutassem do respeito àsua figura de autoridade - o que antes estava assegurado tanto pelo fato de serem maisvelhos, quanto pelo de serem porta-vozes do conhecimento clássico, ou pelo de estaremexercendo uma função amplamente reconhecida pela dedicação, experiência eresponsabilidade necessárias.É impossível negar, pois, que uma sensação de desconforto para com a profissão,quando não de desalento completo, parece tomar de assalto grande parte dos educadoresatuais.Contudo, os “obstáculos” alegados pelos profissionais podem também sercompreendidos como efeitos do impacto que as novas demandas sociais, advindas doprocesso de democratização escolar, vêm causando no processamento das salas de aula.Demandas essas materializadas nas condutas dos alunos, em geral qualificadas como“atípicas” ou mesmo “desviantes”.(...)Essa acomodação das práticas escolares às exigências da contemporaneidadedemocrática não se restringe apenas à dimensão didático-metodológica (novosprocedimentos técnicos), mas implica sobretudo o âmbito ético da ação pedagógica, istoé, novos paradigmas com relação à concepção de conhecimento escolar, à organizaçãodo trabalho em sala de aula e, principalmente, às regras de convivência entre professores ealunos.Isso significa que as práticas escolares atuais, do Oiapoque ao Chuí, parecemencontrar-se em pleno estado de transição quanto aos seus modelos de funcionamento nocotidiano - o que é vivido sob a forma de ruptura (por poucos), de resistência (por muitos),ou de descaso (por alguns).De um modo ou de outro, trata-se de uma espécie de tensão constante vivida porseus protagonistas, que se expressa nas relações que são travadas cotidianamente - sejana esfera pedagógica, seja na esfera relacional. Por isso, os confrontos acirrados entreclientela e agentes escolares. Confrontos salutares, em última instância.É aí, então, que entram em pauta as novas configurações possíveis para o lugar e opapel do educador, atentando para alguns valores e preceitos mínimos quanto ao convíviodemocrático entre os pares escolares: uma tarefa sem dúvida inédita, mas nem por issomenos viável e instigante, para a presente geração de educadores.Resta a dúvida: como, no âmbito escolar, desenvolver ações a que muitos educadoresnão foram ensinados e para as quais poucos sentem-se preparados? Eis a angústia doeducador dos dias de hoje.Mais ainda, como construir no cotidiano relações de confiança, de autonomia ereciprocidade?47
As regras de convivência em questãoSe o dilema maior da escola contemporânea parece residir na falta dePesquisa e PráticaPedagógica <strong>IV</strong> um sentido sólido para sua clientela e agentes, o diagnóstico só pode ser um:enfrentamos, hoje, uma “crise ética” no meio escolar.E o que isso significa? Debruçamo-nos sobre a dimensão ética dedeterminada prática social quando paramos para questionar a que ela veio eno que se transformou. Trocando em miúdos, quando a nebulosidade em torno dela impedeque se lhe reconheçam os limites e possibilidades factuais.Isso acontece principalmente quando nos damos conta de que o “jogo” em questãoestá sendo levado a cabo de forma duvidosa por uma das (ou ambas) partes envolvidas. Éhora, então, de reavaliar suas regras constitutivas, seus objetivos primeiros, osprocedimentos de seus jogadores.Desse modo, é possível assegurar que toda prática institucional requer uma razoávelvisibilidade tanto para aqueles que por ela se responsabilizam (os agentes) quanto paraaqueles que dela são alvo (a clientela), para que possa ser julgada como procedente, eficazou, no mínimo, justa. Ou o oposto disso, como parece ser o caso escolar, na maioria dasvezes.É aí que desponta a idéia de “contrato pedagógico” como regulador das pautas deconvivência em sala de aula.Desde já, convém lembrar que o contrato pedagógico não é sinônimo do regimentoescolar (e suas “normas disciplinares”). O regimento refere-se ao plano escolar mais amplo,ao passo que o contrato remete especificamente às pautas de trabalho e convívio em salade aula.O que os diferencia também é o caráter em geral coercitivo do regimento (“não sepode fazer isso ou aquilo”), em oposição ao teor estritamente pedagógico do contrato (“devesefazer isso e aquilo”). Uma distinção inequívoca.Para melhor compreender a proposta dos contratos, vejamos Davis e Luna:Um exercício saudável a ser empreendido em cada escola ecada sala de aula é a explicitação não só das razões pelas quais seconsidera importante cumprir determinadas atividades, como tambémdas formas através das quais se espera cumpri-Ias. Estipular emconjunto as regras que pautarão a conduta a ser seguida por todosaqueles envolvidos no processo de conhecer – diretores, professorese alunos – constitui uma rica ocasião para se enfronhar na elaboraçãotanto de regras comuns como de artifícios para garanti-Ias, uma vezque a participação coletiva nesse processo legitima a necessidadede obedecer aos resultados alcançados.Como se pode notar, um exercício fundamental em toda sala de aula é aquelereferente à “lembrança” incessante dos objetivos que reuniram o grupo, bem como suasjustificativas nucleares - o que se materializa num plano comum de ação em sala de aula.Estabelecer um plano contratual implica esboçar conjuntamente as rotinas de trabalhoe de convivência entre os parceiros, bem como suas razões. Não se trata de algo fixo,predeterminado, mas em constante revisão, (re)construção. Vejamos um pouco de seusmeandros.48
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