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PESQUISA PRÁTICA PEDAGÓGICA IV

PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV - ftc ead

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Outra razão possível para as burlas é a inadequação do contrato àcapacidade concreta de apropriação por parte do grupo. Isso ocorre quandosuperestimamos o “cacife” dos alunos. Sendo assim, vale lembrar que regrasdemasiado rigorosas são contra-indicadas, porque contraproducentes. Se forPesquisa e PráticaPedagógica <strong>IV</strong> esse o caso, é hora de flexibilizá-las; é hora, portanto, de se discutirem as“exceções”. A negociação, as revisões e os ajustes são sempre bem-vindos.Ainda, outra razão pode ser atribuída às burlas. Algumas vezes, e pelosmotivos mais díspares, certos jogadores sabotam propositadamente as regrasacordadas. faz-se necessário, então, colocar em discussão a idéia de “sanção”. Portanto,devem ser acrescidas cláusulas voltadas para esse fim, que deverão entrar em vigor apenasa partir de sua decisão coletiva. Outro dado relevante é que a observância de tais cláusulasdeve ser de responsabilidade coletiva, do próprio grupo. E, sendo assim, o professor estarádesobrigado da função de “supervisão” da conduta discente; os próprios alunos o farãoreciprocamente e inclusive com ele próprio.Uma última recomendação: os contratos pedagógicos opõem-se a toda forma deexclusão, suspensão ou convite à retirada da sala de aula. Se existem, eles prestam-se aimpedir que isso continue a ocorrer nas escolas brasileiras. Sala de aula é lugar sagrado,pelo menos para todo aquele verdadeiramente envolvido com uma educação democrática.Resta apenas apostar todas as ficha nos alunos, nossos parceiros de jornada. Oresto é conseqüência. Aliás, como em todos os outros “jogos” da vida contemporânea.A DIMENSÃO ÉTICA DA AVALIAÇÃOTerezinha Azerêdo RiosA educadora e escritora Fanny Abramovich organizou um livro que tem exatamenteeste título – meu professor inesquecível - e no qual se reúnem “ensinamentos e aprendizadoscontados por alguns dos nossos melhores escritores”. O livro é da melhor qualidade - encantae emociona.O conto de Fanny se chama “Um imenso lápis vermelho”. Se é um conto sobreprofessor e tem esse título, já se pode adivinhar qual era a marca de dona Linda, a professora“inesquecida” por Fanny. Conta ela:O instrumento de trabalho favorito de dona Linda era um imenso lápisvermelho, todo-poderoso, que sublinhava erros do ditado ou da cópia,anunciava desacertos nas respostas dos questionários, riscava soluções deproblemas de aritmética, exigia repetição infinita de equívocos cometidosaté a resposta única e certa ser incorporada. (...) Seu lema: punição sempre!Na dúvida, vá ficar de castigo! Repetição de qualquer informação até sabê-Iade cor, sem hesitações nem paradas indicativas de alguma incerteza. (...) Umúnico critério e uma única regra do jogo: AQUI QUEM MANDA SOU EU, nãoimporta se com razão ou sem razão, por que ou pra que... Vale mais meuberro do que uma discussão. Vale mais meu lápis vermelho do que outro jeitode resolver o problema, mesmo que a resposta final esteja certa. Arrepiante!(ABRAMOVICH, 1997: 88/90)Arrepiante e tão conhecido de tantos de nós, que freqüentamos a escola primária namesma época, aquela “em que se dizia”, afirma Fanny, “que a escola era risonha e franca”.O pior e mais arrepiante é que ainda hoje, nas escolas modernas e “pós-modernas”, às50

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