(i) construir o conhecimento;(ii) de construí-lo na interação com o mundo;(iii) de referenciá-lo e significá-lo social e culturalmente;(iv) de mobilizar este conhecimento frente a novas situações deforma criativa, reconstruindo no desempenho as possibilidadesque as competências, ou os esquemas mentais, ou ainda agramática interna, permitem in potentia.A construção do conhecimento pressupõe a construção do seu próprio saber, aconstrução de competências e a aquisição dos saberes já construídos pela humanidade.Os três processos são operações distintas: o primeiro tem por base as experiênciasvivenciadas; o segundo, a mobilização destes conhecimentos e sua significação; o terceiro,a apropriação mediatizada pela transmissão. A escola, via de regra, integra-se nesteprocesso como mediadora na transmissão dos conhecimentos já produzidos, cumprindoapenas a terceira dessas funções. Entretanto, se não recupera o processo de construçãode conhecimentos extraídos da vivência e o articula com o processo de apropriação doconhecimento produzido pelo outro, o terceiro processo tente a ocupar, exclusivamente,espaços mentais pouco integradores, como a memória, porque não promove a integraçãodestes conhecimentos à rede de significados já construídos, ampliando-a. A garantia destaintegração se fará pela mobilização de competências já construídas, por sua ampliação epela construção de novas competências.“Entendemos por competências os esquemas mentais, ou seja, as ações eoperações mentais de caráter cognitivo, sócio-afetivo ou psicomotor quemobilizadas e associadas a saberes teóricos ou experiências geram habilidades,ou seja, um saber fazer” ¹. As competências são “modalidades estruturais da inteligência,ou melhor, ações e operações que utilizamos para estabelecer relações com e entre objetos,situações, fenômenos e pessoas que desejamos conhecer”², operações mentaisestruturadas em rede que mobilizadas permitem a incorporação de novos conhecimentose sua integração significada a esta rede, possibilitando a reativação de esquemas mentaise saberes em novas situações, de forma sempre diferenciada. “As habilidades decorremdas competências adquiridas e referem-se ao plano imediato do saber fazer. Através dasações e operações, as habilidades aperfeiçoam-se e articulam-se, possibilitando novareorganização das competências.” ³ Portanto, construir um currículo por competências nãopressupõe abandonar a transmissão dos conhecimentos ou a construção de novosconhecimentos, ao contrário, estes processos são indissociáveis na construção dessascompetências. A diferença que se estabelece nesta proposição curricular é que o centro docurrículo e, portanto, da prática pedagógica será não a transmissão dos saberes, mas oprocesso mesmo de construção, apropriação e mobilização destes saberes. A construçãode competências depende de conhecimentos em situação, significados.“As competências estão no fundamento da flexibilidade dos sistemas e das relaçõessociais. Na maioria das sociedades animais, a programação das condutas proíbe qualquerinvenção, e a menos perturbação externa pode desorganizar uma colméia, pois ela éorganizada como uma máquina de precisão. As sociedades humanas, ao contrário, sãoconjuntos vagos e ordens negociadas. Não funcionam como relógios e admitem uma parteimportante de desordem e incerteza, o que não é fatal, pois os atores têm, ao mesmo tempo,1Ana Ruth Starepravo contou a história de uma professora de matemática, que desejosa, em fazer “interdisciplinaridade” entre matemática e ensino religioso,apresentava atividades do tipo: “Jesus foi a feira comprou 24 laranjas para distribuir entre os apóstolos1/4”. Uma outra amiga, que também atua no campode qualificação docente me transmitiu um relato que ouviu: uma professora fez uma prova supostamente “interdisciplinar” para os alunos da terceira série,e conseguiu isto com um rol de 60 questões de todas as disciplinas... E poderíamos arrolar muitas outras histórias, que seriam alegóricas se não expressassemalgumas tragédias realizadas em nome da interdisciplinaridade.19
o desejo e a capacidade de criar algo novo, conforme complexas transações.Portanto, não é anormal que os sistemas educacionais preocupem-se com odesenvolvimento das competências correspondentes” 4 .Estamos falando, então, de uma outra escola, menos voltada para oPesquisa e PráticaPedagógica <strong>IV</strong> interior do próprio sistema de ensino, diferente daquela na qual cada objetode ensino esteja referido apenas ao momento seguinte da escolarização :menos centrada no acúmulo de informações para consumo no próprio sistemaescolar; menos orientada para uma falsa erudição enciclopédica; menosreferida ao tempo futuro. Falamos de uma escola integradora, cuja referência é o que estáfora de seus muros, em que a produção da prática social e ao desenvolvimento pessoal;que reconhece a multiplicidade de agentes e fontes de informação e apropria-se delesintegrado-os ao seu fazer; que tem como centro da sua produção a construção das condiçõesde busca, identificação, seleção, articulação e produção de conhecimentos para agir no esobre o mundo; que integre os tempos, apropriando-se do passado para articular o futurono presente. A construção destes esquemas de mobilização dos conhecimentos, dasemoções e do fazer é a construção de competências.A constituição desse projeto de escola reconhece que aprende-se, também, fora daescola, e que, portanto, é papel dela integrar o conhecimento produzido e adquiridoanteriormente ou em paralelo à escolarização e as competências já construídas pelos alunosao que ele construídas pelos alunos ao que ele construíra e se apropriará na escola.Reconhece, também, que a educação escolar deve instrumentalizá-lo para umaaprendizagem ao longo de toda a vida.Construir um projeto pedagógico que assuma um currículo por competênciaspressupõe a centralidade do aluno, portanto, da aprendizagem, um foco na qualidade naautonomia, uma prática pedagógica diversificada, uma escola diferenciada, uma pedagogiaativa. Isto implica uma mudança do papel da escola e, consequentemente, de um novoofício de professor, como considera Meirieu 5 , cujo objetivo é fazer aprender e não ensinar.Mas, também, de um novo ofício do aluno, que precisa ser o agente inegociável daaprendizagem.O CURRÍCULO E AS RELAÇÕES DE INTER, MULTI, TRANS, PLURI EPOLIDISCIPLINARIDADE NA ESCOLA: NOTAS PARA DEBATE CONCEITUAL*Marcos CordiolliÉ um paradoxo a Terra se mover ao redor do Sol e a água serconstituída por dois gases altamente inflamáveis. A verdade científica ésempre um paradoxo, se julgada pela experiência cotidiana que se agarraà aparência efêmera das coisas. (Karl Marx, 1818-1883)“A verdade nem sempre é bonita, mas a fome da verdade sim,” Nadine Gordimer(1923), escritora sul-afriacana, ganhadora do Prêmio Nobel de Literatura em 1991.A educação brasileira, a partir da década de 1990, vem processando uma série deexperiências inovadoras. Parece haver uma necessidade (quase que compulsiva) pelo“novo”, através do qual certas receitas antigas, vestidas em novas roupagens fazem umsucesso meteórico, adquirindo um brilho notável para a seguir converter-se num tênue reflexo,e às vezes nem isto. Desta forma, vários processos envolvendo uma série de tendências,estratégias, técnicas, métodos vêm se mesclando, interagindo, amalgamando-se,construindo ecletismos... Uma das vertentes mais fortes deste processo dá-se em torno202Na prática, não é muito diferente daquela estabelecida em 1925, quando era composta porLíngua e Literatura Portuguesa e Latina, Línguas Estrangeiras Modernas, Matemática,Geografia, História, Física, Química, História Natural e Cosmografia, Filosofia, Sociologia.Desenho, e Instrução Moral e Cívica.3Há uma proliferação de currículos baseadosem temas geradores, projetos, em rede, emespiral, em núcleo de complexidade etc., queorganiza os saberes em outras formas quenão a de disciplina.
- Page 2: PESQUISA EPRÁTICAPEDAGÓGICA IV1
- Page 5 and 6: Pesquisa e PráticaPedagógica IV4
- Page 7 and 8: Pesquisa e PráticaPedagógica IV6
- Page 9 and 10: Pesquisa e PráticaPedagógica IVed
- Page 12 and 13: 12345678901234567890123456789012123
- Page 14 and 15: Projeto pedagógico e formação co
- Page 16 and 17: é preciso que o sujeito tenha o co
- Page 18 and 19: temperamento, suas ansiedades diant
- Page 22 and 23: das relações de disciplinaridade
- Page 24 and 25: A primeira dimensão seria a do dad
- Page 26 and 27: No espaço escolar 7 e acadêmico,
- Page 28 and 29: simultânea e cooperativamente; d)
- Page 30 and 31: No período republicano, esta conce
- Page 32 and 33: cívicas, populares, em jogos espor
- Page 34 and 35: formas de ensinar a história impli
- Page 36 and 37: PRÁTICA PEDAGÓGICA NOENSINO MÉDI
- Page 38 and 39: conseguir o impossível. Porque só
- Page 40 and 41: Entende-se por tendência toda e qu
- Page 42 and 43: 12345678901234567890123456789012123
- Page 44 and 45: possibilidade de se pensar e encami
- Page 46 and 47: Em acordo com esta seqüência de c
- Page 48 and 49: tarde, concidadãos de qualquer mod
- Page 50 and 51: Se a “primeira impressão é a qu
- Page 52 and 53: vésperas do terceiro milênio, o l
- Page 54 and 55: conhecimentos e habilidades para re
- Page 56 and 57: cognitivos, afetivos, atitudinais.
- Page 58 and 59: dizer ao professor o que ele quer q
- Page 60 and 61: c)c) Uso de palavras sem sentido pr
- Page 62 and 63: Em síntese, falamos em comportamen
- Page 64 and 65: O aluno alcançou 17 pontos nas tr
- Page 66 and 67: de um ato são inteiramente imprevi
- Page 68 and 69: e princípios, os quais originam as
- Page 70 and 71:
décimos a menos do estabelecido pa
- Page 72 and 73:
1-1- A partir da Lei de Diretrizes
- Page 74 and 75:
12345678901234567890123456789012123
- Page 76 and 77:
12345678901234567890123456789012123
- Page 78 and 79:
12345678901234567890123456789012123
- Page 80 and 81:
12345678901234567890123456789012123
- Page 82 and 83:
12345678901234567890123456789012123
- Page 84 and 85:
RESUMO1 INTRODUÇÃO2 CONSTATAÇÕE
- Page 86 and 87:
GlossárioAUTÕMATA - incapaz de a
- Page 88 and 89:
ReferênciasBibliográficasAQUINO,