cívicas, populares, em jogos esportivos, nos funerais de pessoas que se destacaram nocenário nacional, como o do corredor Ayrton Senna.Nesse momento, as discussões sobre identidade nacional passam pelo diferente, epelos antagonismos existentes entre os grupos sociais e a nação é concebida como algoem construção. Nas paradas militares e/ou escolares, nas comemorações cívicas sãocolocadas em destaque as identidades dos diversos grupos existentes.Os grupos são organizados em batalhões que desfilam pelas ruas dando visibilidadeàs suas características, às suas tradições e cada um deles representa no corpo e nas vestesdeterminados momentos da história nacional. Nesse momento, há um ritual em ação: osque desfilam e os que assistem estão nas calçadas parados, aplaudindo a nação e os seussímbolos que passam, sacralizando a memória nacional.Como exemplo do que tenho afirmado, cito os acontecimentos que envolveram opovo brasileiro, em 2002, na final da Copa do Mundo de Futebol; foi a vitória dopentacampeonato do Brasil. O grande símbolo da festa foi a bandeira nacional, queexpressava a união, a identidade, o povo vitorioso. A bandeira estava nas roupas, nas janelas,nos carros e o verde, o amarelo e o azul coloriam os rostos, o corpo do povo brasileiro.Os jogadores de futebol, ao desembarcarem em Brasília, foram recebidos comoheróis pelo presidente da República, foram condecorados com medalhas de honra ao méritoe desfilaram pela cidade em carro aberto. A bandeira nacional flutuava nos ares, o povocobria-se com ela, chorava, ria e identificava-se com os jogadores, de origem pobre comoele. Os jogadores são heróis circunstanciais, passageiros que, naquele momento,representavam a identidade nacional, a nação. Em uma situação como essa se corre operigo de homogeneizar a identidade nacional e obstruir a consciência histórica.A formação de uma identidade nacional, na escola, começa com os livros didáticos,com a sacralização de certos acontecimentos históricos e personagens que os representam,como Tiradentes, D. Pedro I, princesa Isabel. Freqüentemente, as narrativas dos textosdidáticos são ilustradas com fotografias, desenhos e charges.Como afirmam Lima e Fonseca: “As pinturas representando episódios consagradospela historiografia oficial acabaram por tornar-se a memória visual da nação” (Siman, 2001,p. 94).Jonathas Serrano, professor do Colégio Pedro II, destacou em 1918 a importânciada observação das imagens pelos jovens, para a compreensão dos fatos históricos. Asnoções de identidade nacional e nação, também, foram trabalhadas e divulgadas em telasque representam fatos históricos como a Independência do Brasil, a primeira missa, a mortede Tiradentes, a Batalha de Guararapes, pintadas por artistas que receberam todo o apoiodo governo imperial, como Pedro Américo, Vítor Meireles, considerados pintores oficiaisda Monarquia. Portanto, a formação de uma identidade nacional e do conceito de nação éum processo ideológico que na escola passa necessariamente pela conservação de umamemória nacional e pela formação de uma consciência política. As propostas educacionaisdo Estado não discutem no processo educativo que a formação da identidade nacional eda nação são construções sociais em que o povo é sujeito.Para Künzle (2003, p. 30), “O poder do Estado aparece como uma propriedade depoucos; o Estado deve ser forte para que se faça o progresso dentro da ordem e ogovernante, além de pai enérgico do povo, deve ser o salvador da pátria”.É necessário que os educadores assim como os historiadores se preocupem, naescola, com a formação de uma consciência social e política dos educandos, fornecendoelementos para que pensem historicamente. Isso significa pensar a nação como um espaçosocial de inclusão de todas as camadas sociais e não olharem os movimentos sociais epolíticos das massas como ações direcionadas à ingovernabilidade.31
Em uma era de globalização, na qual estamos vivendo, onde há oesfacelamento de nossas particularidades e individualidades, o sentimentode pertencer a um lugar, a um grupo no qual desempenhamos um papel social,ao qual estamos emocionalmente e afetivamente ligados e com o qual nosPesquisa e PráticaPedagógica <strong>IV</strong> identificamos, é muito importante para o ser humano e sua formação comosujeito histórico. Neste processo de busca da identidade, de construção deuma nação participativa, a história tem um papel fundamental, pois é a basede sustentação, do conhecimento fundante do presente. Entretanto, essaidentidade nos currículos aparece de forma muito simplista, fundada na caracterização dosaspectos culturais e sociais nos seus traços mais aparentes do grupo a que pertencemos.Essa identidade é mais forte na primeira fase do ensino fundamental e tende a desaparecernos demais níveis de ensino.Apesar do papel que desempenha a história no processo formativo de crianças eadolescentes, inúmeras críticas adjetivam a importância da história no currículo, afirmandoque ela não tem base científica, é uma disciplina que se fundamenta na memorização defatos escolhidos arbitrariamente, escolhidos por grupos que não pertencem à categoriados excluídos, e não serve para nada. Entretanto, afirmo que há um distanciamento entre osenso comum e as metas governamentais; as diretrizes governamentais podem terencaminhado a educação em um determinado sentido, em uma determinada direção e aausência de educação política leva-nos a fazer afirmações de que a história no ensino nãotem importância, o não saber ver, observar e analisar pode ser muito significativo.Este fenômeno não é, infelizmente, uma prioridade brasileira, e os processos dedominação são vários, incluindo o descarte que se fez do conhecimento escolar na épocada ditadura, no desejo de apagar uma consciência crítica, de simplificar as informações, ede não se preocupar com a formação dos professores.Em uma pesquisa com adolescentes sobre o entendimento do conceito de “nação”,realizada por Maria Rosa Chaves Künzle, em duas escolas, uma particular e outra pública,da cidade de Curitiba (Paraná), realizada no ano de 2002, os alunos concebem a naçãocomo algo que deveria ser, necessariamente, homogêneo e sem conflitos internos; grandesdiferenças sociais entre as classes impedem a formação da nação. Segundo a pesquisadoraos alunos têm uma idéia dinâmica da nação como algo que se constrói, é uma construçãohistórica e a visão tradicional de nação como um ser eterno e intocável parece ter mudadoentre os alunos. (Künzle, 2003, p. 108)Embora os alunos concebam que a nação é uma construção histórica, portantodinâmica, processual, admitem que as diferenças sociais, os conflitos internos dificultam aconstrução de uma nação, pois concebem-na como um corpo homogêneo e sem conflitos.A identidade social e a formação de uma consciência histórica são constituídas deuma concepção de tempo em que há relações temporais entre o passado, o presente e ofuturo, estão em um processo contínuo de mudanças e cada indivíduo faz parte desseprocesso de transformação, pois o passado nos constitui, forma o nosso social; nós nosencontramos imersos nesta dimensão temporal. Portanto, somos parcialmente responsáveispela construção do futuro e todos nós participamos dos movimentos históricos (eleições,escolhas, posturas éticas, sentimentos valorativos, papéis profissionais) e participamosconscientemente ou não dos processos de transformação.O conhecimento histórico construído em sala de aula pode, algumas vezes, estarcentrado na cronologia, na informação de fatos descontextualizados para a vida dos alunos,sem nenhuma vinculação com o momento presente, mas o conhecimento histórico, aperpetuação das memórias nacionais, acontece tanto no interior do ambiente escolar comofora dele e com diferentes linguagens: está presente nas exposições, nos museus, nosarquivos, nos meios de comunicação (cinema, jornais, televisão, Internet). Cada uma destas32
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ReferênciasBibliográficasAQUINO,