No período republicano, esta concepção de história não só continuou como, também,foi aprofundada. Nadai, que estudou o período, afirma:As representações, no ensino de história, que procuravam expressaras idéias de nação e de cidadão estavam embasadas na identidade comumde seus variados grupos étnicos e classes sociais constitutivos danacionalidade brasileira. O fio condutor do processo histórico centralizouse,assim, no colonizador português e, depois, no imigrante europeu e nascontribuições parietárias de africanos e indígenas. (Nadai, 1993)Nas reformas curriculares de Francisco Campos, em 1931, e na de GustavoCapanema, em1942, em plena ditadura de Getúlio Vargas, a questão nacional continuousendo o fio condutor do ensino de história e do sistema educacional tanto na formaçãopolítica dos jovens como na formação da consciência nacional.A propaganda imagética, explorando as emoções, os sentimentos, a memória afetiva,os símbolos, imagens, rituais, reforçou o princípio da nacionalidade e facilitou a centralizaçãopolítica, divulgando a sua ideologia: nos livros didáticos, no rádio, nas paradas militares,nas apresentações de estudantes em praça pública, principalmente por ocasião das festascívicas, na imprensa falada, escrita e cinematográfica. O presidente Vargas criou oDepartamento de Imprensa e Propaganda (DIP) encarregado de organizar e controlar todasas manifestações publicas e divulgar as ações governamentais reforçando a idéia de umaidentidade nacional comum. Procedimento semelhante ocorreu, na década de 1950, naArgentina, durante o governo de Perón.As imagens de Evita e Perón estavam nos meios de comunicação e ilustravam oslivros didáticos, formando o sentimento de identidade nacional. Merece destaque que apolítica peronista de propaganda foi mais contundente que a do período varguista, no Brasil.No Brasil, na década de 1950, tivemos uma nova orientação política durante o governode Juscelino Kubitschek e o viés nacionalista continuou sendo reforçado, com a introduçãodos estudos de história da América, com o ideário de Brasil grande, moderno, industrial,homogêneo de norte a sul. Os princípios que nortearam o currículo de história da Américaforam nacionalismo, americanismo e civilização.Diferentemente das propostas anteriores, a história da América foi introduzidaindependentemente da história geral e/ou da Europa. Era a tentativa de reforçar a identidadeamericana e distanciar o Brasil da Europa.Como afirma Dias:O Estado e as elites e os intelectuais brasileiros, ao sevoltarem para si mesmos em torno da construção da Nação, utilizamtambém como ponto de referência os demais povos americanos,que servirão como um espelho para fazer revelar a sua própriaimagem. (Dias, 1997).Esta proposta de estudo da história colonial americana, no currículo, permaneceuaté o final da década de 1950. Com a consolidação da Revolução Cubana, a nova Lei deDiretrizes e Bases da Educação (4.024/ 61) e o início dos governos militares no continenteamericano, a disciplina história da América e os temas ligados à identidade latino-americanasão abandonados pela própria força da lei. Foi transferida para os Estados da Federaçãoa responsabilidade na elaboração dos currículos, e a disciplina história da América deixoude fazer parte da grade curricular.29
Durante a ditadura militar, foi aprovada pelo Congresso Nacional umanova Lei de Diretrizes e Bases da Educação, conhecida como a 5.692/71,que modificou o sistema escolar, criando três áreas de conhecimentointerdependentes: Comunicação e Expressão, Estudos Sociais e Artes ePesquisa e PráticaPedagógica <strong>IV</strong> Comunicação, e o ensino fundamental passou de quatro para oito anos. OEstado atendeu às necessidades da população urbana, aparentemente aescola se democratizou, mas não se conseguiu equilibrar o binômio qualidade/quantidade, isto é, ter um ensino de qualidade com um maior número de alunose que possuíam marcantes diferenças culturais e sociais, não se conseguiu pensar naheterogeneidade cultural e social do povo brasileiro.A escola passou a ter um novo perfil social e cultural, foi reduzida a carga horária dasdisciplinas história/geografia e foram inseridas no currículo as disciplinas de Educação Morale Cívica (EMC) e Organização Social e Política do Brasil (OSPB), portadoras de forte cargaideológica. Os objetivos centrais foram a formação da cidadania, concebida como a formaçãodo “bom cidadão”, e da identidade nacional pela via da análise do seu processo de formaçãopolítica. Nesse período foi intensa a propaganda imagética de caráter nacionalista, financiadapor grandes empresas particulares, e que se apresentava como se fosse de caráter oficial.Era uma propaganda de natureza política que apelava para o sentimento de identidade ecultura nacionais e tinha um caráter nacionalista, desenvolvimentista e popular.Após a abertura política, na década de 1980, com oprocesso de redemocratização nacional, uma nova Lei deDiretrizes e Bases da Educação foi promulgada em 1998.Decorrente dessa lei, foram organizados os ParâmetrosCurriculares Nacionais (PCNs), para o ensino fundamental emédio, anulando os currículos anteriormente organizados.Os temas identidade e cidadania ficaram mais evidentesnesses novos parâmetros, se comparados com os currículosanteriores, e tiveram como meta focalizar a formação dacidadania entendida como o direito de participar de umasociedade tendo direito de Ter direito, bem como construirnovos direitos, rever os já existentes (...). Admitir e defenderdireitos humanos significa reconhecer não apenas esta ouaquela propriedade de alguns sujeitos, mas que o direito deser humano é um estatuto que todas as pessoas têm o devermoral de, consciente e voluntariamente, conceder-se umasàs outras. (PCNs, p. 54)O entendimento dado a este conceito de cidadania é dinâmico, abrangente,implicando a percepção do outro, com característica de mobilidade e mudanças. No estudosobre o processo de formação da identidade brasileira, deparamos com uma diversidadede expressões étnicas, culturais, sociais e antropológicas que caracterizam o povo brasileiro.Nas propostas curriculares o estudo da noção de identidade passa pela discussãodo caráter brasileiro e é visível pelo processo de comparação, destacando as semelhançase as diferenças existentes entre os grupos étnicos como brancos, negros, índios, mestiçose outros. A identidade nacional é construída e perceptível via as representações simbólicascomo a bandeira nacional, as moedas, os selos, os hinos e os rituais presentes nas festas30
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ReferênciasBibliográficasAQUINO,