dizer ao professor o que ele quer que se diga”, “A hora da tortura”, são algumas das muitasrepresentações em voga no meio dos alunos de todos os níveis de educação. Enquantonão há “prova marcada”, alguns alunos encontram um álibi para não estudar. E se o professordisser que a matéria será dada em aula, mas não cairá na prova, quem precisa estudar?Para muitos pais, a prova também não cumpre seu real papel. Se a nota foi razoávelou ótima, eles se dão por satisfeitos, pois pressupõem que a nota traduz a aprendizagemcorrespondente, o que nem sempre é verdade. E os alunos sabem disso! Se a nota foi de“aprovação” (não foi nota vermelha!), o aluno a apresenta como um troféu pelo qual “devereceber recompensa” (saídas autorizadas, aumento de mesada, férias no exterior, etc.).Quanto ao sentimento do dever cumprido ...ah!, isso nem vem ao caso!Diante de tais constatações, a avaliação da aprendizagem precisa ser analisadasob novos parâmetros, ressignificada e assumir seu novo papel no processo de intervençãopedagógica.O ensinar e o aprender: um novo enfoqueA avaliação é parte integrante dos processos de ensino e de aprendizagem.O ensinar já foi concebido, em outros tempos, como um transmitir de conhecimentosjá prontos e acabados, isto é, tidos como conjunto de verdades a ser recebido e gravadopelo aluno para ser devolvido na hora da prova. Nessa visão de ensino, o aprender tem sidovisto como a forma de gravar informações transcritas para um caderno (cultura “cadernal”) edevolvê-Ias da forma mais fiel possível ao professor na avaliação. Expressões como “o queserá que o professor quer com esta questão”, “professor, a questão 7 não estava no cadernode ninguém”, “professora, dá para explicar o que a senhora quer com esta questão?”,“professor, decorei todo o questionário que o senhor deu e o perguntou tudo diferente naprova” são indicadoras de que a preocupação dos alunos é satisfazer aos professores, étentar responder tudo o que se imagina que o professor quer que o aluno responda.Dentro desta visão, que classificamos de tradicional por ser o que ainda dominafortemente o processo de ensino nas escolas de hoje, a avaliação da aprendizagem é vistacomo um processo de “toma-lá, dá-cá”, em que o aluno deve devolver ao professor o quedele recebeu e, de preferência, exatamente como recebeu. Não cabe interpretação enem muita criatividade.A relação professor-aluno, concebida da forma acima descrita, é identificada comouma espécie de dominação, de autoritarismo, de submissão. É uma forma perniciosa noprocesso de formação para a cidadania.A perspectiva construtivista para a educação em contexto escolar estabelece umanova relação entre o professor, o aluno e o conhecimento. Parte-se do princípio que o alunonão é um mero acumulador de informações, ou seja, um simples receptor-repetidor de dados,mas, ao contrário, o fundamento é que ele seja visto como o construtor de seu próprioconhecimento, este constituído de uma rede de relações significativas entre dadosconsiderados relevantes para o contexto do aluno.Esta construção se dá com a mediação do professor, mas na ação do aluno, queestabelece a relação entre suas concepções prévias e o objeto de conhecimento propostopara o estudo. Assim, fica claro que a construção do conhecimento, neste enfoque, é umprocesso interior do sujeito da aprendizagem, estimulado pelas condições exteriores criadaspelo professor. Por isso, cabe a este o papel catalisador do processo da aprendizagem.Catalisar/mediar/facilitar são palavras que indicam o novo papel do professor no processopedagógico de interação com o aluno.57
Um momento privilegiado de estudo (vulgo prova!)Pesquisa e Prática A expressão “avaliar a aprendizagem” tem um sentido amplo. APedagógica <strong>IV</strong> avaliação pode ser feita de diversas formas, com os mais variadosinstrumentos. O mais comum deles, característico de nossa cultura escolar, éa prova escrita individual. Por este motivo, em lugar de apregoarmos osmalefícios da prova e levantarmos a bandeira de uma avaliação sem provas,procuramos seguir o princípio: já que temos que fazer provas, que sejam bem feitas, atingindoseu real objetivo, isto é, verificar se houve a aprendizagem significativa de conteúdosrelevantes propostos pelo professor.Em estudo que fizemos, analisando centenas de provas realizadas nos quatro cantosdo Brasil, classificamos como tradicionais aquelas que apresentam três característicasbásicas, como veremos a seguir.a)a) Exploração exagerada da memorizarão mecânicaCom certeza, a memorização tem seu lugar no processo de aprendizagem,desde que seja uma memorização que chamaremos de significativa. Que se observouna escola da linha dita tradicional foi muita exploração da memorização de dados semalgum sentido para o aluno. Quem não se lembra dos “questionários” usados, sobretudo,no ensino de História e de Geografia, por meio dos quais se enfatizava a memorizaçãorepetitiva e autômata. Professores, buscando estimular os alunos conclamavam: “nãodeixem de estudar (entendido pelos alunos como decorar!) o questionário que passei”.E, quando o professor não se antecipava propondo um questionário, os alunos osolicitavam, pois sabiam que esta seria sua garantia, pois “o professor vai perguntar oque está no questionário”, pensavam eles. E quando isso não acontecia, muitos alunosreclamavam com veemência: “Professor, a questão 4 (quatro) que o senhor passou naprova não estava nem no questionário e nem no caderno dos alunos onde copiamos suaaula”. Eis o reflexo de uma relação na qual a memorização é privilegiada em relação aoutras operações mentais que a escola deve ajudar a desenvolver.b)b) A falta de parâmetros para a correçãoEsta é uma característica encontrada em muitas provas e que “deixa os alunosna mão do professor”. Com a falta de definição de parâmetros, vale o que o professorquer que o aluno responda. Por isso, muitos alunos, na hora das provas, levantam a mão(quando o fazem!) e perguntam: “Professor, o que o senhor quer mesmo com esta questão5?”. Veja, o aluno não pergunta “o que diz a questão 5”, mas deseja saber o que oprofessor quer que se escreva. Ele sabe, na cultura do “toma-lá, dá-cá”, que deve escrevero que o professor quer, mesmo que na questão proposta isto não esteja claro.Certa vez encontrei, em uma prova de Ciências, a seguinte pergunta: “Como é aorganização das abelhas numa colméia?”. O aluno simplesmente respondeu: “É jóia!”. Ainterpretação do aluno está correta para a pergunta feita. E qual será o parâmetro para acorreção? Não está claro na pergunta. Muitas outras respostas podem ser dadas, taiscomo: é maravilhosa, é espetacular, é surpreendente, etc. O que dirá o professor?Certamente dará zero para a questão e justificará sua ação afirmando: “O aluno assistiuminha aula, logo deve saber o que eu quero e da forma como foi dado”. É sobre isso quequeremos chamar a atenção. Essa afirmação traduz uma visão clara da didática queconceituamos como tradicional: o professor (detentor do conhecimento) passou asinformações (leia-se informações e não conhecimentos) aos alunos (receptoresrepetidores)e estes copiaram em seus cadernos (cultura cadernal!) e na hora da provadevem repetir o que receberam (Pedagogia Bancária, denunciada por Paulo Freire).58
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