c)c) Uso de palavras sem sentido preciso no contextoCom freqüência, há palavras utilizadas no comando de questões de provas, quenão têm sentido preciso nos contextos de uso, tais como: comente, como, dê suaopinião, o que você sabe sobre..., quais, caracterize, etc. Veja uma questãoencontrada numa prova: “Comente a frase de Sócrates: conhece-te a ti mesmo”. Analisealgumas respostas possíveis, coerentes com o comando da questão:” É uma frase degrande profundidade”; “Essa frase não me diz nada”; “Conhecer-se a si mesmo é muitoimportante”; “Esta frase, para mim é sem sentido”. Sendo o comando da questão expressoapenas pela palavra comente, todos os comentários são válidos. Não houve precisão nocomando, pois não há parâmetros para a correção, isto é, não foi dito sob que aspectosdeveria ser feito o comentário. A questão ficou com dois defeitos graves: não estabeleceuparâmetros para a correção e usou uma palavra - comente - de sentido impreciso nocontexto.Examinemos algumas características marcantes das provas que examinamos e queforam elaboradas dentro dos princípios da perspectiva Construtivista Sociointeracionista.a)a) Contextualização do conteúdoQualquer questão deve estar acompanhada de um contexto, por meio do qual oaluno possa identificar as relações que precisa estabelecer. O contexto deve apresentarpistas inteligentes para a elaboração da resposta. É importante fazer do texto um contextoe não apenas um pretexto.b)b) Utilização de parâmetros para a correçãoAo ler a questão, o aluno deve perceber com clareza os parâmetros que serãoutilizados na correção de sua resposta. Assim, uma questão como “Caracterize os gases”fica sem parâmetro, pois não o aluno não sabe quantas características deve colocar e deque tipo elas devem ser. Ao passo que o enunciado “Apresente ao menos trêscaracterísticas dos gases, dentre as que estudamos em aula”, indica, de forma maisclara, o critério que será utilizado na correção da reposta.c)c) Exploração da leitura e escritaCostumamos afirmar que os alunos não sabem ler e nem escrever. Na hora daavaliação - momento privilegiado de estudo - não lhes proporcionamos a oportunidade deleitura e de escrita. Com freqüência são elaboradas questões de forma direta, do tipo: “Oque é rocha?”, “O que é república?”, “O que é uma ilha?”, “Defina densidade”, “Definamorro e montanha”. Com este tipo de questões, as respostas serão, certamente, dotipo: “Rocha é...”, “República é...”, “Densidade é...”, etc. O que estamos ressaltando éque o contexto deve favorecer a leitura e as perguntas elaboradas devem provocarargumentações, descrições, relações, análises, sínteses, etc. O aluno deve ser estimuladoa escrever, embora não se deva descartar instrumentos de avaliação com outro tipo dequestão, como do tipo múltipla-escolha, completar, verdadeiro-falso, etc. Se alguém levantaro argumento: e depois, como vou corrigir se dou 40 aulas por semana? Ou, tenho 200alunos fazendo provas e não tenho tempo para ler tudo o que eles escrevem. Pense noseu profissionalismo. Esta limitação é real e deve ser levada em conta, mas não deve ser59
fator para abandonar outras formas que estimulem o pensamento e a criatividadedo aluno.Pesquisa e PráticaPedagógica <strong>IV</strong>d)d) Proposições de questões operatórias e não apenastranscritórias.As primeiras são as que permitem ao aluno, ao responder, fazer diversasoperações mentais; as outras são aquelas cuja resposta é uma mera transcriçãode informações.Encontrei, certa vez, um aluno da 6ª série lendo, em seu caderno tipoespiral, um questionário de Geografia e decorando respostas. A primeira dasquestões era: “Qual a origem da terra roxa?”. Perguntei ao aluno qual era a respostae ele cantarolou sem pestanejar: “Originou da decomposição do basalto”. “E o queé basalto?”, perguntei em seguida. “Ah!, isso eu não sei não, mas sei que a respostaestá certa porque a professora escreveu no quadro e eu copiei de lá”. Esta questãoexigiu apenas transcrição da informação do quadro para o caderno, do cadernopara a cabeça e desta para a prova (quando não passou por uma “colinha” porquestão de segurança!) e acabou o processo. Qual o sentido deste tipo de questõesem provas? Isso “prova” o quê?e)e) Utilização de linguagem coloquialO sentido de coloquial aqui utilizado é de aproximação do aluno com oprofessor. A linguagem utilizada em questões de provas deve dar continuidade àempregada durante as aulas. Em nossas exposições dizemos: “vamos agoraestudar a teoria cinética dos gases”, ou “vocês já viram em aulas anteriores que...”,ou outras em que nós, vocês, vimos, estudamos, etc. são palavras que aparecemo tempo todo, no sentido de aproximar aluno e professor. Ora, porque não usar amesma linguagem no momento da avaliação? Não há nada mais “frio e impessoal”do que um enunciado do tipo: “Seja o triângulo retângulo ABC, onde AB mede 3cm, AC 4 cm. Determine o comprimento da hipotenusa BC.” Indiscutivelmente aquestão está matematicamente correta. Mas o professor poderia usar umalinguagem mais “suave”, sem perder o rigor científico.A ética na avaliação da aprendizagemInicialmente, precisamos explicitar de que ética estamos falando. Em nosso enfoquesobre o assunto utilizamos idéias desenvolvidas pelo filósofo Professor Jayme Paviani.Segundo ele, podemos afirmar, de maneira geral, que a ética tem a ver com asconseqüências de nossos atos. Se elas forem boas para a comunidade, serão éticas, casocontrário, serão classificadas como antiéticas.Neste sentido, a avaliação da aprendizagem tem tudo a ver com a ética. Assim, seum professor elabora questões sem muito cuidado, sem estabelecer objetivos precisos,sem verificar da relevância do assunto abordado, sem colocar parâmetros claros e precisose, em vista disso o aluno sair mal na prova, diremos que a ação do professor fere a éticaprofissional. No caso do aluno, se ele colar na prova e com isso passar de ano, poder-se-iapensar que o resultado de sua ação é bom para ele, logo sua ação seria ética. Isso é falso,pois ao colar estará cometendo uma fraude, não estará se preparando para ser umprofissional competente, logo as conseqüências de seu ato são perniciosas para acomunidade à qual prestará serviços profissionais. Por isso, dizemos que “colar” é umaação antiética do aluno.60
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