simultânea e cooperativamente; d) um tema podendo ser estudado e analisado por váriasdisciplinas, mas com ligações em tempos diferentes.Penso que assim podemos construir práticas pedagógicas mais sólidas epermanentes, que podem dialogar com várias proposições pedagógicas, fortalecendo oscoletivos pedagógicos como sujeitos elaboradores e reflexivos de sua própria situação.Curitiba, março de 2002 (o verão já está indo com as chuvas de março...)CONTEÚDO 3 – CONSCIÊNCIA HISTÓRICAPROJETO PEDAGÓGICO DOS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS:IDENTIDADE NACIONAL E CONSCIÊNCIA HISTÓRICAErnesta ZamboniO presente texto é o resultado parcial de uma pesquisa que ora desenvolvo sobre aconstrução do conhecimento escolar e tem como fundamento os parâmetros culturaisapontados pela cultura política e pela história, tomando como referência os conceitos de“identidade nacional” e “consciência histórica”.O termo “cultura política” começou a ser utilizado na América Latina no final da décadade 1980, no período da transição política entre os governos militares ditatoriais e a instalaçãodos governos democráticos.Nessa época, a maior parte da população sul-americana estava excluída emarginalizada do consumo dos bens socialmente produzidos, dos direitos políticos eimpossibilitada culturalmente de participar do mundo da produção.Grupos organizados levantaram suas vozes e exigiram o direito de seremreconhecidos socialmente, o direito a um teto, à habitação, à educação, à produção, àsaúde e sobretudo que suas identidades fossem reconhecidas e respeitadas. Neste contextode transição, de mudanças políticas e sociais, aconteceu no Brasil, como em outros paísesda América Latina: o fim da ditadura militar, a retomada das eleições diretas para os cargosexecutivos e, em 1988, uma nova Constituição nacional foi promulgada, ficando conhecidacomo a Constituição Cidadã.Nesta nova Carta Constitucional, os direitos políticos da grande maioria da populaçãopassaram a ser considerados, como os dos povos indígenas, das mulheres, dostrabalhadores e do movimento dos sem-terra.As diretrizes das políticas públicas desse período, voltadas para a cultura e aeducação, incorporaram metas de conservação e recuperação do patrimônio nacional(ecológico e cultural), das memórias múltiplas, reconhecendo as diferentes identidades dopovo brasileiro. Portanto, mudanças políticas nacionais exigiram outras diretrizes para aeducação.Respondendo às mudanças, na década de 1990, o Ministério da Educação propôsà sociedade novos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) tanto para o ensinofundamental como para o ensino médio, assentados nos princípios da cidadania, da ética eda pluralidade cultural.Preocupada em conhecer o conceito “identidade nacional” que nortearia a formaçãoda juventude via o processo educacional, tomei como referência os PCNs pela qualidadede um documento oficial.O tratamento dado à categoria “identidade nacional” com o objetivo de analisar oprocesso proposto para a formação de uma consciência histórica. Neste sentido, arecuperação das memórias nacional e dos grupos sociais constitui os elementos básicos27
que compõem o fundamento da formação da identidade nacional, assim comoda construção do conceito de “nação”.Pesquisa e PráticaPedagógica <strong>IV</strong>Nesse documento as identidades culturais que formam opovo brasileiro são tratadas no tema transversal “pluralidadecultural”, considerada a temática da Pluralidade Cultural referenteao conhecimento e à valorização das características étnicas eculturais dos diferentes grupos sociais que convivem no territórionacional, às desigualdades socioeconômicas e à critica àsrelações sociais discriminatórias e excludentes que permeiam asociedade brasileira (...). Considerar a diversidade não significanegar a existência de características comuns, nem a possibilidadede constituirmos uma nação (...). Pluralidade Cultural quer dizera afirmação da diversidade como traço fundamental naconstrução de uma identidade nacional que se opõe e repõepermanentemente. (Pluralidade Cultural,1997, p. 19)Portanto, considerar as múltiplas características da identidade nacional é valorizar adinâmica dos traços culturais existentes em dois planos: nos micros e macroorganismossociais. Nos microorganismos são considerados os múltiplos e heterogêneos grupos sociaisque vivem e convivem nos diferentes espaços geográficos do território nacional; e, nomacroorganismo, todos os movimentos e grupos sociais existentes no país, em suapermanente renovação.Ao abordar esta questão, é importante nos reportarmos historicamente a qual era afinalidade da história como disciplina escolar. A história como disciplina escolar sempretrabalhou com as noções de “identidade nacional”, “cidadania”, “Estado” e “nação”.Historicamente, o ensino de história foi marcado desde o século XIX pelo ideário dasnacionalidades; na França, o discurso liberal defendeu a laicização da sociedade e aformação da nação moderna. Estes princípios foram os norteadores do sistema educacionalfrancês, como também da organização dos currículos de história.No Brasil, sob o manto do ideário liberal, em 1838 foi criado um programa de ensinode história para o Colégio Pedro II, do Rio de Janeiro, que reafirmava a tendência vigente.Iniciava esse programa com o estudo geográfico do território nacional, a organização social,política e cultural dos habitantes encontrados pelos europeus – os índios –, e em seguidaestudava-se a política portuguesa de exploração e colonização, os processos religiosos decatequização, o negro como um trabalhador escravo.Este conteúdo programático, a partir dessa temática, criou os fundamentosda unidade e da hegemonia nacional. Esse programa constituiu durante muitasdécadas o modelo para o ensino de história em nível primário e secundário.Fundamentados no positivismo, os programas enfatizaram a história dos fatospolíticos, o Estado foi valorizado como gestor e controlador da nação e seusdirigentes eram os sujeitos que a juventude deveria ter como modelo. O discursohistórico, além de ser enciclopédico e elaborado com a idéia de progresso, deveriadar visibilidade à nação, que estava em processo de construção, e os seusarticuladores políticos constituíram os sujeitos históricos, portanto a história comodisciplina escolar era o lugar privilegiado para se trabalhar a moral e a éticacomo valores universais, constituindo a pedagogia da nação. Estes princípiosque condicionaram a escolha de conteúdos a serem ensinados e as metodologiasa serem trabalhadas. A história tornou-se o sinônimo da nação e da civilização.(Zamboni, 1999, p. 7-22).28
- Page 2: PESQUISA EPRÁTICAPEDAGÓGICA IV1
- Page 5 and 6: Pesquisa e PráticaPedagógica IV4
- Page 7 and 8: Pesquisa e PráticaPedagógica IV6
- Page 9 and 10: Pesquisa e PráticaPedagógica IVed
- Page 12 and 13: 12345678901234567890123456789012123
- Page 14 and 15: Projeto pedagógico e formação co
- Page 16 and 17: é preciso que o sujeito tenha o co
- Page 18 and 19: temperamento, suas ansiedades diant
- Page 20 and 21: (i) construir o conhecimento;(ii) d
- Page 22 and 23: das relações de disciplinaridade
- Page 24 and 25: A primeira dimensão seria a do dad
- Page 26 and 27: No espaço escolar 7 e acadêmico,
- Page 30 and 31: No período republicano, esta conce
- Page 32 and 33: cívicas, populares, em jogos espor
- Page 34 and 35: formas de ensinar a história impli
- Page 36 and 37: PRÁTICA PEDAGÓGICA NOENSINO MÉDI
- Page 38 and 39: conseguir o impossível. Porque só
- Page 40 and 41: Entende-se por tendência toda e qu
- Page 42 and 43: 12345678901234567890123456789012123
- Page 44 and 45: possibilidade de se pensar e encami
- Page 46 and 47: Em acordo com esta seqüência de c
- Page 48 and 49: tarde, concidadãos de qualquer mod
- Page 50 and 51: Se a “primeira impressão é a qu
- Page 52 and 53: vésperas do terceiro milênio, o l
- Page 54 and 55: conhecimentos e habilidades para re
- Page 56 and 57: cognitivos, afetivos, atitudinais.
- Page 58 and 59: dizer ao professor o que ele quer q
- Page 60 and 61: c)c) Uso de palavras sem sentido pr
- Page 62 and 63: Em síntese, falamos em comportamen
- Page 64 and 65: O aluno alcançou 17 pontos nas tr
- Page 66 and 67: de um ato são inteiramente imprevi
- Page 68 and 69: e princípios, os quais originam as
- Page 70 and 71: décimos a menos do estabelecido pa
- Page 72 and 73: 1-1- A partir da Lei de Diretrizes
- Page 74 and 75: 12345678901234567890123456789012123
- Page 76 and 77: 12345678901234567890123456789012123
- Page 78 and 79:
12345678901234567890123456789012123
- Page 80 and 81:
12345678901234567890123456789012123
- Page 82 and 83:
12345678901234567890123456789012123
- Page 84 and 85:
RESUMO1 INTRODUÇÃO2 CONSTATAÇÕE
- Page 86 and 87:
GlossárioAUTÕMATA - incapaz de a
- Page 88 and 89:
ReferênciasBibliográficasAQUINO,