cognitivos, afetivos, atitudinais. Terceiro, porque a avaliação tem-se constituído em ummomento, ou momentos determinados, da prática e não algo que nela se dá continuamente.Essa forma de trabalhar a avaliação revela uma concepção que a vê isolada efragmentariamente no processo pedagógico, Mais ainda: que a concebe como instrumentode medida e controle. É aí, na certa, que encontramos dona Linda, na companhia de algunsprofessores que acreditam agir “para o bem” dos alunos. Uso a expressão porque ela ressaltao caráter moral do trabalho educativo. O questionamento ético perguntaria por esse bem,pelo seu fundamento, e na certa contribuiria para revelar alguns equívocos na atitude dosprofessores.Parece-nos que é exatamente na avaliação que mais negam seusdiscursos progressistas, que retomam, com mais determinação, a práticado monólogo com o aluno, que usam o espaço para o exercício do poder,um poder que se harmoniza com a ordem social vigente. (...) Nãoconseguem analisar a avaliação do estudante como apenas uma limitadafaceta de um processo mais amplo (SORDI, 1995:23)Desvinculada do contexto, enviesada num aspecto isolado, a significativa ação deolhar criticamente para todo o trabalho de todos retrai, empobrece, deforma.Muito diferente é a concepção do processo educativo comoprocesso de crescimento da visão de mundo, da compreensão darealidade, de abertura intelectual, de desenvolvimento dacapacidade de interpretação e de produção do novo, de avaliaçãodas condições de uma realidade. Por aqui, começa-se a entendero processo educativo como abertura de janelas ao educando paraver o mundo. Este processo já não pode mais ser medidosimplesmente numa balança e nem com fita métrica. Avaliar agora éverificar como o conhecimento está se incorporando no educando, e comomodifica sua compreensão de mundo e eleva a sua capacidade de participarda realidade onde está vivendo. Este conhecimento incorporado serácapaz de ajudá-lo, não apenas a acumular informações, mas acompreender a sua realidade, a entender e participar na mudançasocial. (RODRIGUES, 1984)É importante, portanto, pensar a avaliação no contexto da proposta curricular e estano interior de um projeto pedagógico, elaborado com a participação de toda equipe escolare levando em conta as necessidades concretas da sociedade e os limites e possibilidadespara a construção coletiva de uma educação democrática e justa.Se, atualmente, a discussão em torno da organização curricular amplia a noção deconteúdos, que não abrange apenas os conceitos, mas também os comportamentos eatitudes, é preciso ampliar também a noção de avaliação. Se se pretende realizar umaformação integral, é preciso que a avaliação também o seja. Trata-se de olhar criticamentepara todo o trabalho que se realiza na escola e não apenas o do aluno. E quando se voltarpara o trabalho do aluno, é preciso que, numa relação de respeito e justiça, os professorese professoras procurem estabelecer princípios e definir instrumentos e ações queencaminhem para os objetivos desejados.Julgo que o terreno da avaliação é um espaço privilegiado para que se encontre apossibilidade de concretização da proposta de incluir a ética no currículo das escolas como55
Pesquisa e PráticaPedagógica <strong>IV</strong>um tema transversal, isto é, algo que, não constituindo uma área ou disciplina,articula-se com as áreas “atravessando-as”, de maneira que os professores eprofessoras possam trabalhar de maneira integrada o conhecimento específicode suas áreas e as questões relacionadas aos valores e ao convívio social(BRASIL, 1997). O respeito, a justiça, a solidariedade, o diálogo, que devemestar presentes nas relações no interior da escola e desta com a sociedade,devem ser os referenciais para o estabelecimento de critérios e devemfundamentar o trabalho na sala de aula.Emitir juízo de valor, ou avaliar se preferirmos, é uma maneira deexercer a vida, e, para melhorá-la é exigido que, humanamente digamos:isto é melhor ou pior; isto é assim, mas devia ser assado; você quer destamaneira, mas eu prefiro daquela (ALVES, 1998: 134).Envolver todos na discussão, criticamente, permite que se evidenciem os valores eque se dê um sentido coletivo ao compromisso. Dessa maneira poderíamos estar nosdistanciando de comportamentos como o de dona Linda e fazendo ganhar um novosignificado a idéia de tomar a escola risonha e franca, de verdade - um espaço para aalegria de apropriar-se da cultura e participar de sua construção e para a clareza e justiçano estabelecimento de regras por todos e para todos, na perspectiva do bem comum.Avaliação da Aprendizagem: uma Relação ÉticaVasto Pedro MorettoIntroduçãoUm fato curioso ocorre em encontros de estudo, congressos, seminários econferências quando o tema é avaliação da aprendizagem: o número de professores,coordenadores e diretores inscritos é grande. Vemos aí o indicador de quanto o tema é deinteresse para os envolvidos na educação e quantas dúvidas, angústias e preocupaçõesele gera.Muito se tem escrito e falado sobre a avaliação da aprendizagem. As dúvidascontinuam, os pontos de vista se multiplicam. O sistema escolar gira em torno desse processoe professores e alunos com ele se angustiam. A verdade parece ser uma só: precisamosestudar mais, debater com maior profundidade e definir com segurança o papel da avaliaçãono processo da aprendizagem.O processo é angustiante para muitos professores. Angústia, por não saber comotransformá-lo em processo que não seja uma mera cobrança de conteúdos aprendidos “decor”, de forma mecânica, sem significado para o aluno. Angústia por usar instrumento tãovalioso no processo da aprendizagem como recurso de repressão, como meio de garantirque uma aula seja levada a termo com certo grau de interesse por parte dos estudantes.Sentenças como “anotem, pois vai cair na prova”, “prestem atenção neste assunto, porquena semana que vem tem prova”, “se não ficarem calados vou fazer uma prova surpresa”, “jáque vocês não param de falar, considero a matéria dada e vai cair na prova”, ou outras quese equivalem, são fortes indicadores de como a avaliação da aprendizagem tem sidoutilizada por muitos professores.Se para o professor esse processo gera angústia, podemos imaginar o que elerepresenta para os alunos. “Momento de acerto de contas”, “A hora da verdade”, “A hora de56
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