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128 La librería y la familia. Leer en casa Para leer en casa yo necesito un espacio adecuado con instalaciones que me permitan aislarme del entorno y centrar mi atención al texto que me entrega el libro abierto. No es frecuente encontrar en los espacios familiares la butaca cómoda con la luz bien orientada y el ambiente necesario, en cambio si que hay espacio para el televisor, para el ordenador... Será pues necesario encontrar el estímulo de la lectura fuera de casa y hacerse el sitio para leer cuando yo lo decida en mi fuero interno. Fuera de casa puedo leer al aire libre, en un banco del parque, en el autobús, en el tren de cercanías, en el metro, en el bar esperando a un amigo, en las salas de espera del dentista, en la biblioteca, en la escuela, en la librería. Es pues en la librería, mi lugar de trabajo, donde puedo estimular a la lectura a través de acciones lúdicas que atraigan al grupo familiar, al grupo escolar, al grupo de amigos… a los lectores individualmente. Puedo dar referencias de libros leyendo en voz alta, presentando a autores, contando cuentos... haciendo del espacio de la librería un entorno agradable, lleno de estímulos para escoger aquellas lecturas que disfrutaré en casa. «... El acto de leer no sólo depende del aprendizaje, de la práctica lectora y de los hábitos lectores, sino básicamente de la decisión de leer. Una decisión interna, muchas veces no pensada, sin un planteamiento racional explícito, pero que actúa prácticamente a través del cuerpo encontrando el espacio, el tiempo y la actitud necesaria para sumergirse en la lectura silenciosa de un libro.» Relatório do Painel 2 MARIA DE LOURDES DIONÍSIO* 129 As quatro conferências em debate materializam, no seu conjunto, a complexidade e pluralidade dos factos individuais e sociais implicados no acto de ler, contribuindo com distintos e suficientes elementos para nos pôr de sobreaviso quando perante soluções simplistas sobre as condições para a leitura. Condições que, com as quatro estimulantes intervenções, vimos serem de ordem variável: cognitivas, no texto do professor Fayol; escolares, no da professora Colomer; sociais na intervenção de Pep Duran e de certa forma também na do professor Cerrillo. Para além disto, todos eles perspectivam, a seu modo, os usos dos textos como parte integrante de processos sociais e culturais mais vastos, por meio dos quais as pessoas se relacionam, educam, participam no mundo, realizam objectivos de vida. Na defesa das «suas» condições para a leitura, os conferencistas e a conferencista concebem a leitura como uma prática situada, não desvinculada de outras práticas sociais; como um processo de estabelecimento de redes; de «conexões», chamou-lhe Pep Duran. Significa isto que os sentidos construídos estão sempre ligados às acções situadas das pessoas num mundo material e social e aos valores atribuídos à experiência. Pep Duran, ainda, dizia-nos: «A decisão de ler sustenta-se na memória sensitiva do corpo», envolvendo «cérebro racional, emocional e cérebro instintivo». E se a palavra-chave da apresentação de Pep Duran é, então, «conectar», foi também das «conexões» indispensáveis ao acto de ler que nos falou o professor Fayol, ao distinguir entre «tratamento do código» e a «compreensão» – a construção da representação da situação para a qual é necessário mobilizar inúmeros conhecimentos prévios (desde linguísticos a experienciais e cognitivos), sem os quais não se consegue ler. Compreender é «conectarmo-nos» com o mundo de conhecimentos (que permitem as inferências) adquiridos nas interacções sociais prévias; pelas aprendizagens, não apenas de factos, conteúdos, mas também dos modelos culturais e das linguagens sociais de que fazem parte e que os verbalizam. Contudo, tal como a intervenção da professora Teresa Colomer mostrou, esta aquisição de modelos culturais está intimamente ligada a condições escolares: métodos, recursos, textos. Modelos que variarão, portanto, consoante as «combinatórias» que estes elementos assumirem; modelos que podem ainda ser conflituais e que, por isso, podendo servir de «moeda de troca» nuns determinados contextos, podem não servir noutros. Vejam-se, por exemplo, como as condições para a leitura de Pep Duran podem não *Professora Associada da Universidade do Minho.
130 servir os objectivos e modelos da escola, mesmo nas condições de «renovação» apresentadas por Teresa Colomer. Recordem-se também, as palavras do Professor Cerrillo: La escuela puede lograr que los niños asuman que leer es importante, pero dificilmente podrá conseguir que la lectura sea una alternativa de ócio para ellos. Además, la lectura escolar es una lectura lastrada por su inlcusión en un área como la que representa la unión de «Lengua y Literatura» y por la «prescripción lectora», lo que convierte en una lectura claramente instrumental… (Cerrillo, slide 19). Neste sentido, podemos revisitar as condições sociais e cognitivas de Pep Duran e Michel Fayol, acrescentando que as tais «conexões», que possibilitam a decisão de ler e a compreensão, produzem-se em condições institucionais específicas e que os sentidos que produzimos são em muito os sentidos «autorizados» por essas instituições. Neste quadro, compreender-se-á melhor o perfil do «mediador» de leitura, caracterizado por Pedro Cerrillo na sua detalhada apresentação sobre a importância destes agentes e das condições para a sua formação, entre elas, «1. Ser un lector habitual… convencido de la bondad de la lectura» (slide 15). Apesar do reconhecimento afirmado de que leitor «será quien lea libremente diversos tipos de textos: escolares, instrumentales, informativos, literários… en situaciones diversas y en códigos diferentes: verbales, icónicos, audiovisuales…» (Cerrillo, slide 24), ficaram-nos para debater agora muitas questões; entre elas, certamente, as que relevam da quase exclusividade da leitura da literatura nestas intervenções e das possíveis (des)articulações, por um lado, com os objectivos escolares relativos ao domínio da linguagem, ou com a urgência da aprendizagem da dimensão técnica da leitura, e, por outro lado, com o impacto assumido das mudanças nos modelos culturais e da aceitação da leitura como uma prática mediadora de objectivos sociais mais vastos. Em jeito de conclusão, diga-se que no vivo debate, para além daquelas questões, uma outra foi recorrente: a da conciliação dos postulados dos quatro conferencistas com os constrangimentos da sala de aula, espaço que, nas intervenções dos participantes, nem sempre tem condições para acolher o trabalho pedagógico sobre as múltiplas dimensões da leitura. PAINEL 3 Projectos de promoção da leitura
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