Formar Leitores para Ler o Mundo - Leitura Gulbenkian - Fundação ...
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Há um princípio teórico fundante que determina a ambiência interior da<br />
Casa e a relação umbilical entre a literatura e a leitura ou, colocando a<br />
questão noutros termos, entre a leitura literária e as competências<br />
literácitas. Iluminemos esta questão a partir da noção de promoção da<br />
leitura. A promoção da leitura visa dois objectivos: criar hábitos de<br />
leitura e, simultaneamente, desenvolver competências de compreensão<br />
leitora que possibilitem uma leitura autónoma, reflexiva e crítica.<br />
Especificando, as actividades lúdicas de animação da leitura, assentes na<br />
leitura como um fim em si mesmo, devem desenvolver processos<br />
cognitivos como a antecipação, a indução ou a intertextualidade,<br />
permitindo chegar ao sentido implícito, fazer inferências e construir<br />
hipóteses interpretativas. <strong>Ler</strong> exige como condição necessária uma<br />
interacção íntima entre o leitor e o texto, e o texto literário é o que<br />
melhor cumpre este papel junto dos aprendizes de leitores, mas a<br />
literatura é também um instrumento de capacitação leitora. Do ponto de<br />
vista da recepção leitora, a literatura aparece como um fim em si mesmo,<br />
como um momento de fruição que não exige nada em troca, mas do<br />
ponto de vista do mediador ela é instrumental e visa formar leitores<br />
competentes, capacitados <strong>para</strong> lerem textos complexos, capazes de lerem<br />
nas entrelinhas e no não-dito. Dir-me-ão: «Está a instrumentalizar a<br />
literatura!» Claro que sim, mas respeitando-a tanto quanto um leitor<br />
respeita a literatura «quando a escreve <strong>para</strong> que ela seja possível». <strong>Formar</strong><br />
leitores competentes é diferente do querer formar leitores literários,<br />
exige políticas e estratégias diferentes. Sabendo nós que quanto maior for<br />
a percentagem de leitores competentes, maior será o número de leitores<br />
literários e que um leitor competente pode ser sempre um leitor<br />
resgatado <strong>para</strong> a leitura literária, mas sabendo também que nem todos os<br />
leitores que lêem literatura são leitores literários.<br />
Voltando ao espaço interior da Casa. Há a recriação de uma espacialidade<br />
aberta mas com territórios específicos que idealmente se abrem, se<br />
entrecruzam, em todas as direcções. A Casa foi projectada <strong>para</strong> induzir o<br />
visitante a percorrê-la fosse qual fosse o seu ponto de partida, numa<br />
espécie de carrossel de espaços de conhecimento interligados entre si.<br />
Conforme as suas necessidades e interesses, cada um deambulará por<br />
onde achar mais conveniente, mas sempre acontecerá encontrar-se com<br />
territórios menos conhecidos ou mesmo desconhecidos.<br />
Olhada desde a perspectiva da idealização, a Casa fez nestes três anos o<br />
seu caminho, tornou-se concreta e ganhou vida graças ao trabalho<br />
competente de uma equipa, transformou-se mantendo os traços<br />
essenciais do projecto e, como sempre acontece quando se faz um<br />
caminho, muito mais caminho há <strong>para</strong> andar.<br />
Primeros Contactos<br />
con la Lectura:<br />
Leer sin saber leer<br />
DOLORES GONZÁLEZ LÓPEZ-CASERO*<br />
159<br />
En el Centro Internacional del Libro Infantil y Juvenil trabajamos, desde<br />
el año 1985, con un objetivo muy concreto: fomentar la lectura entre la<br />
población infantil y juvenil, creando <strong>para</strong> ello una variada oferta de servicios<br />
dirigidos a niños, jóvenes, familias y profesionales de distintos sectores<br />
educativos y culturales.<br />
Son muchos los autores e investigadores que constatan el papel tan<br />
importante que juega la lectura de cuentos en el desarrollo de la alfabetización<br />
emergente de los niños/as y cómo este acercamiento a los cuentos<br />
es deseable que comience en edades muy tempranas.<br />
Los libros y las historias contribuyen a potenciar el importante proceso de<br />
prelectura en el que se encuentran los niños, antes de aprender a leer.<br />
La lectura favorece los primeros contactos con el lenguaje, desarrolla la<br />
atención y la capacidad de expresión e inicia a los pequeños en la comprensión<br />
de secuencias narrativas y temporales. Los libros ponen el<br />
mundo a su alcance de una forma simplificada y constituyen un medio<br />
excelente de comunicación entre niños y adultos que refuerzan, además,<br />
las relaciones afectivas.<br />
No cabe duda que los padres tienen un papel primordial a la hora de<br />
fomentar y consolidar el hábito y el gusto por la lectura de sus hijos. El<br />
espacio familiar es un contexto idóneo <strong>para</strong> inculcar valores sociales y<br />
hábitos culturales y ofrece posibilidades inigualables <strong>para</strong> contribuir al<br />
proceso de crear lectores. Planteando la lectura sin obligaciones, ni<br />
exigencias, como algo que se disfruta durante el tiempo de ocio, algo que<br />
a través de la palabra, refuerza los afectos e invita a compartir emociones.<br />
Todas estas consideraciones forman parte de los planteamientos que<br />
desde el centro tenemos en cuenta <strong>para</strong> perfilar programas o iniciativas<br />
de fomento de lectura dirigidos a las familias con niños pequeños y, muy<br />
especialmente, el programa que a continuación voy a detallar.<br />
Para su desarrollo (en las dos etapas: Ronda de libros y Prelectores), el<br />
centro cuenta con un espacio específico <strong>para</strong> realizar actividades con los<br />
usuarios que todavía no saben leer. Se trata de una sala de lectura, que<br />
combina funcionalidad, atractivo y flexibilidad. Cuenta con zonas<br />
*Directora do Centro Internacional do Livro Infantil e Juvenil da <strong>Fundação</strong> Germán Sánchez Ruipérez.