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Formar Leitores para Ler o Mundo - Leitura Gulbenkian - Fundação ...

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132<br />

Um Percurso pela Pedagogia<br />

Para <strong>Ler</strong> a Casa da <strong>Leitura</strong><br />

ANTÓNIO NÓVOA*<br />

133<br />

O texto procura revisitar os grandes pilares da Educação Nova, movimento<br />

mundialmente difundido no início do século XX e que definiu (define?) a matriz da<br />

modernidade pedagógica, isto é, o modo como professores, pais e sociedade se<br />

relacionaram (se relacionam?) com as crianças do ponto de vista do seu<br />

desenvolvimento pessoal e social e da sua educação.<br />

Escolhem-se quatro entradas que resumem o ideário deste movimento, tendo como<br />

suporte principal os famosos «trinta princípios da Escola nova tipo», que foram<br />

publicados por Adolphe Ferrière, pela primeira vez em 1915, no prefácio que escreveu<br />

<strong>para</strong> o livro de A. Faria de Vasconcelos, Une Ecole Nouvelle en Belgique.<br />

Para cada uma destas entradas, com o subtítulo E agora?, defende-se a necessidade de<br />

uma nova atitude que alinhe o pensamento pedagógico com as grandes questões da<br />

contemporaneidade.<br />

No final de cada uma das quatro partes, porque este é um Congresso sobre promoção<br />

da leitura, deixam-se algumas pistas sobre a formação dos leitores, tendo<br />

como referência o projecto Casa da <strong>Leitura</strong> promovido pela <strong>Fundação</strong> Calouste<br />

<strong>Gulbenkian</strong>.<br />

Sei bem que vos proponho um discurso contracorrente, que causará dúvidas,<br />

perplexidades e discordâncias. Mas julgo que chegamos a um ponto em que se torna<br />

imprescindível repensar, com a mesma radicalidade com que o fez a Escola Nova, as<br />

bases em que assentam ainda hoje os nossos credos pedagógicos, ou antipedagógicos<br />

– é o mesmo 1 .<br />

<strong>Formar</strong> <strong>Leitores</strong> Para <strong>Ler</strong> o <strong>Mundo</strong>. O título deste Congresso organizado pela<br />

<strong>Fundação</strong> Calouste <strong>Gulbenkian</strong> 2 envia-nos, de imediato, <strong>para</strong> o universo<br />

de Paulo Freire: «A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que<br />

a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura<br />

daquele. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente» (1991, pp.<br />

11-12). As propostas de Paulo Freire foram vistas muitas vezes, erradamente,<br />

como uma desvalorização dos «conteúdos» e até do trabalho de<br />

memória e do estudo paciente sem os quais não há aprendizagem. Vale a<br />

pena, por isso, regressar a duas passagens breves das suas Cartas a Quem<br />

Ousa Ensinar. Na primeira, explica que, «quando aprendemos a ler, o fazemos<br />

sobre a escrita de alguém que antes aprendeu a ler e a escrever»<br />

(1994, p. 36). Que melhor definição do que esta <strong>para</strong> sublinhar a importância<br />

*Reitor da Universidade de Lisboa.

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