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Formar Leitores para Ler o Mundo - Leitura Gulbenkian - Fundação ...

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política de estado, esta missão não será nada impossível. Ainda levará<br />

algum tempo, é certo, e demandará muitos investimentos, sejam eles<br />

financeiros ou físicos, <strong>para</strong> que esse tipo de ação bancada pela sociedade<br />

continue a acontecer, sejam ampliados quando for o caso e tenham a<br />

longevidade que merecem.<br />

Mas os resultados serão, com toda certeza, alvissareiros.<br />

Como talvez dissesse nos dias atuais o poeta Fernando Pessoa, a caravela<br />

já partiu. Pandas de sonhos e de esperanças.<br />

Chegaremos todos a bom porto!<br />

Como foi feita a pesquisa Retratos da <strong>Leitura</strong> no Brasil<br />

Esta foi a segunda vez, em menos de dez anos, que o Brasil efetuou uma<br />

ampla pesquisa <strong>para</strong> medir o comportamento leitor de sua população,<br />

estimada em 190 milhões de habitantes. A nova edição começou a ser<br />

engendrada em 2004, enquanto o governo brasileiro discutia os rumos,<br />

diretrizes e metas <strong>para</strong> uma abrangente política do livro e leitura que<br />

mirasse, no mínimo, <strong>para</strong> os vinte ou trinta anos seguintes.<br />

Diversos atores sociais foram convocados a debater e construir<br />

coletivamente esse caminho. UNESCO, Instituto Brasileiro de Geografia e<br />

Estatísticas e universidades foram instados a, juntamente com os técnicos<br />

e dirigentes do governo, definir as necessidades e o escopo <strong>para</strong> um<br />

diagnóstico mais atual sobre o comportamento leitor da população. A<br />

idéia era incluir indicadores que pudessem, mais tarde, servir de<br />

parâmetro <strong>para</strong> com<strong>para</strong>ções internacionais e locais, contribuindo,<br />

assim, <strong>para</strong> o estabelecimento de objetivos e metas de curto, médio e<br />

longo prazo, até 2022, quando o Brasil completa 200 anos de<br />

independência política.<br />

O Centro Regional de Fomento ao Livro na América Latina e no Caribe<br />

(CERLALC/UNESCO) incluiu o tema na celebração, em 2005, do Ano Ibero-<br />

-americano da <strong>Leitura</strong> e convocou um grupo de especialistas dos países da<br />

região <strong>para</strong> definir uma metodologia capaz de servir de base <strong>para</strong> as<br />

investigações internacionais, levando em conta tanto as novas visões<br />

sobre a questão da leitura no mundo como também as peculiaridades<br />

locais.<br />

O primeiro projeto-piloto foi realizado em fins de 2004 no município de<br />

Ribeirão Preto, no estado de São Paulo, onde a prefeitura, com diversos<br />

parceiros locais e nacionais, implantara uma boa política de bibliotecas<br />

públicas (80 bibliotecas foram abertas em apenas três anos, além da<br />

adoção de uma inovadora Lei do Livro). Dois anos depois, a nova<br />

metodologia foi outra vez experimentada, desta vez em uma área maior,<br />

o estado do Rio Grande do Sul, no Sul do País. Estavam, assim, criadas as<br />

condições <strong>para</strong> a realização de uma mediação com abrangência nacional,<br />

de acordo com as estratégias do Plano Nacional do Livro e <strong>Leitura</strong> (PNLL).<br />

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Seus objetivos eram claros: medir a intensidade, a forma, as motivações e<br />

as condições <strong>para</strong> a prática da leitura no Brasil. E aproveitar <strong>para</strong> gerar<br />

outras informações quantitativas e qualitativas sobre o acesso ao livro e à<br />

leitura, além de intensificar a investigação sobre as bibliotecas públicas e<br />

seu papel na formação de leitores. Ao buscar um padrão internacional<br />

<strong>para</strong> as medições, permitindo com<strong>para</strong>ções entre os países, a idéia<br />

também já era criar as condições necessárias <strong>para</strong> a construção de uma<br />

inédita série histórica, com novas medições em intervalos de três anos.<br />

Uma das principais inovações da nova metodologia, e que se revelou um<br />

grande acerto, foi incluir no universo investigado as crianças e<br />

adolescentes entre cinco e 13 anos, que continuam de fora das pesquisas<br />

em boa parte dos países do mundo. No caso do Brasil, a decisão permitiu<br />

agregar ao estudo nada menos do que 34.7 milhões de brasileiros em<br />

idade escolar, todos, portanto, leitores em potencial.<br />

Também passou a fazer parte da amostra – atacando, assim, outra lacuna<br />

existente em praticamente todos os estudos feitos pelo mundo afora – a<br />

população com menos de três anos de escolaridade. São 51.5 milhões de<br />

pessoas (dos quais 20 milhões com menos de 14 anos) nessa condição.<br />

Também estão aí os analfabetos, que reforçam o time de 77 milhões de<br />

brasileiros não-leitores.<br />

No caso brasileiro, o universo investigado aumentou de 86 milhões em<br />

2000 (o que correspondia a 49% da população) <strong>para</strong>, seis anos mais tarde,<br />

172.7 milhões (ou 92% da população, em 2006). O substancial aumento,<br />

quase dobrando a amostra em um período em que o crescimento<br />

vegetativo da população foi de 10.2%, implicou, evidentemente, drásticas<br />

alterações nas amostras da população segundo escolaridade, idade,<br />

gênero, religião, regiões geográficas etc.<br />

Outra inovação significativa foi a ampliação do número de cidades<br />

investigadas. Se em 2000 haviam sido realizadas 5.200 entrevistas em 44<br />

municípios de 19 das 27 unidades da Federação, desta vez os<br />

pesquisadores foram a 311 cidades de todos os estados brasileiros mais o<br />

Distrito Federal. Assim, todas as capitais e regiões metropolitanas foram<br />

pesquisadas e o número de pequenas cidades visitadas foi sete vezes<br />

maior do que em 2000, o que permitiu captar melhor a diversidade da<br />

geografia nacional.<br />

O território nacional foi coberto com a aplicação de 5.012 questionários,<br />

com duração média de 60 minutos, feita nos próprios domicílios. A<br />

margem de erro foi de 1.4% e o intervalo de confiança de 95% (ou seja, se<br />

a mesma pesquisa for realizada 100 vezes, em 95 delas os resultados serão<br />

semelhantes). Foi feita uma pesquisa quantitativa de opinião a partir do<br />

sorteio de amostras idênticas à população, levando em conta gênero,<br />

idade, grau de instrução, ramo de atividade, atividade profissional, renda<br />

e número de moradores nas casas.

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