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2º Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero - CNPq

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<strong>2º</strong> PRÊMIO CONSTRUINDO A IGUALDADE DE GÊNERO<br />

RESULTADOS E DISCUSSÕES<br />

A discussão dos dados será apresentada por meio das unida<strong>de</strong>s temáticas, que foram<br />

construídas a partir do conteúdo obtido nas narrativas.<br />

Unida<strong>de</strong> temática I – O conhecimento e percepção dos sinais e sintomas da perimenopausa no<br />

corpo em processo <strong>de</strong> envelhecimento.<br />

Das mulheres entrevistadas encontramos em suas narrativas uma percepção maior sobre o<br />

processo do envelhecimento na época da menopausa. Colocaram que o envelhecer acontece<br />

<strong>de</strong> forma individual para cada mulher, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do seu auto-cuidado, <strong>de</strong> uma auto-imagem<br />

positiva, po<strong>de</strong>ndo continuar a ser atraente durante toda a vida.<br />

Há um reconhecimento maior das mulheres sem TRH e das sob o uso da isoflavona, do<br />

que seja a perimenopausa. Mostram ter conhecimento <strong>de</strong> que é um período em que a mulher<br />

apresenta alguns meses com irregularida<strong>de</strong> menstrual ou pára a menstruação <strong>de</strong>finitivamente,<br />

e que ocorre aproximadamente aos 50 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. Não houve relato do conhecimento da<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> esperar o tempo <strong>de</strong> doze meses para assegurar que esteja na menopausa.<br />

Enten<strong>de</strong>m esse período como sendo <strong>de</strong>vido à diminuição ou total falta <strong>de</strong> hormônios, que<br />

consequentemente as impe<strong>de</strong>m <strong>de</strong> reproduzir na espécie humana e produzem em algumas<br />

mulheres os sintomas típicos <strong>de</strong>sta fase.<br />

“Coisa <strong>de</strong> 8 anos, por aí mais ou menos.(...) É pelo calor (...) a minha menstruação ia e<br />

voltava, ia e voltava (...). Tinha uma época que eu fiquei 9 meses sem vir; (...).Não, a primeira<br />

vez acho que faltou uns ou 5 meses. Aí eu fui ao médico que falou que era assim mesmo.<br />

Depois eu já esqueci, eu nem ligava mais que faltava eu nem ligava mais.” ( ,59,S/H)<br />

Foi a partir <strong>de</strong> 9 0 que o mo<strong>de</strong>lo biomédico passou a <strong>de</strong>finir a menopausa como escassez<br />

da produção do estrogênio, terminando por constituir-se numa doença <strong>de</strong> privação hormonal<br />

reforçada pelas inúmeras publicações especializadas ou leigas.<br />

“Mas eu acho que uma pessoa, não é porque entrou na menopausa, que ela é uma pessoa<br />

doente, não é. Apenas passou uma fase da vida <strong>de</strong>la..” ( 0,59,S/H)<br />

Nas narrativas das mulheres sob a ação da TRH encontramos relatos diversos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as<br />

que não se perceberam estando na perimenopausa por falta <strong>de</strong> conhecimento ou por terem<br />

vivenciado uma menopausa induzida cirurgicamente on<strong>de</strong> ocorre introdução da terapêutica<br />

sem que a mulher perceba os sintomas.<br />

“Bom, eu realmente não li nada. Porque eu achei que eu não estivesse nessa época ainda.<br />

Quando eu cheguei aqui é que a médica, mandou eu fazer uma série <strong>de</strong> exames. E eu percebi,<br />

ou melhor, ela percebeu que eu precisava fazer uma reposição leve hormonal.”( ,5 ,C/H)<br />

Verificamos na narrativa da <strong>de</strong>poente a <strong>de</strong>claração que submete seu corpo ao po<strong>de</strong>r<br />

médico. Como enten<strong>de</strong>r tal dominação? Concordamos com Foucault ( 990) quando afirma<br />

que não há po<strong>de</strong>r, mas sim práticas ou relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r disseminadas por toda estrutura<br />

social. Atingindo o corpo dos indivíduos, penetrando em suas vidas cotidianas, nos seus gestos,<br />

atitu<strong>de</strong>s, comportamentos, hábitos, discursos, criando uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> micro po<strong>de</strong>res, sendo que<br />

nada ou ninguém escapa <strong>de</strong>ssa re<strong>de</strong>, portanto nada está isento <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r.<br />

Acreditamos que uma maneira <strong>de</strong> minimizar tal constatação seja trabalhar com educação<br />

para a saú<strong>de</strong>, instrumentalizando as mulheres para compreen<strong>de</strong>rem o funcionamento do próprio<br />

corpo, estabelecendo uma relação mais equânime entre o saber e o po<strong>de</strong>r. Nesta dimensão<br />

visualizamos o trabalho dos profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, entre eles o do enfermeiro.<br />

No atendimento à saú<strong>de</strong> integral da mulher enquanto política <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública é dado<br />

uma maior ênfase à assistência a mulher na sua fase reprodutiva, fértil. E há poucos serviços<br />

públicos ou privados <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> que se preocupe em esclarecer as mulheres sobre a fase da<br />

menopausa.<br />

As mulheres que não fazem uso da TRH e vivenciaram pessoas próximas na menopausa sem<br />

sintomatologia, apresentam um entendimento da menopausa como um processo fisiológico,<br />

mas aquelas que presenciaram a menopausa <strong>de</strong> outra pessoa com sintomas procuram se autoeducar<br />

para vivenciá-los <strong>de</strong> outra maneira, que não cause constrangimentos ou melhor que os<br />

outros não percebam que está tendo os sintomas da menopausa.<br />

As mulheres com o uso da TRH revelam a existência <strong>de</strong> mulheres que apresentam sintomas,<br />

mas não procuram assistência médica, por vários motivos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> econômicos, educacionais,

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