2º Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero - CNPq
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<strong>2º</strong> PRÊMIO CONSTRUINDO A IGUALDADE DE GÊNERO<br />
reverter alguns problemas, enfrentar o monstro criado pelos próprios seres humanos não é o<br />
mais difícil <strong>de</strong>ssa batalha, além do medo, <strong>de</strong>vemos com força e fé enfrentar o conflito interior<br />
que existe em cada um <strong>de</strong> nós, que explo<strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminada parte da vida, muitos passam<br />
<strong>de</strong>spercebidos por essa fase e preconceito <strong>de</strong>ve esvair-se completamente, colocando em pauta<br />
uma nova cidadania, construindo a <strong>Igualda<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> <strong>Gênero</strong> tão sonhada. Tendo em vista que um<br />
único voto não constitui um presi<strong>de</strong>nte... – “Uma voz canta ao microfone, várias vozes cantam<br />
num coral”... – gostaria <strong>de</strong> vivenciar o dia em que contarei para os meus filhos, que houve<br />
um monstro cujos codinomes eram <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> e preconceito, caiu no esquecimento a partir<br />
do século XXI nunca, nunca mais alguém ouviu falar <strong>de</strong>les assombrando um bosque chamado<br />
Terra.<br />
Desigualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> gênero: preconceitos ocultos e sintomas latentes<br />
Verena Paranhos Morena Batista - Centro Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Educação Tecnológica da<br />
BA<br />
O conceito <strong>de</strong> gênero, enquanto categoria sociológica, consiste na maneira em que as<br />
diferenças entre homens e mulheres são inseridas nas mais diversas socieda<strong>de</strong>s ao longo do<br />
processo histórico evolutivo, não estando relacionado às assimetrias biológicas existentes<br />
entre macho e fêmea, qualificadas por sexo, mas sim ao universo on<strong>de</strong> as inter-relações sócioculturais<br />
são <strong>de</strong>terminadas por fatores como leis, regras, simbologia e patriarcalismo. O ser<br />
masculino, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os primórdios, exerceu sua suposta superiorida<strong>de</strong> e dominação sobre o sexo<br />
dito frágil, criando assim uma socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> face patriarcal e machista, on<strong>de</strong> as mulheres<br />
foram moldadas para assumir o papel fundamental <strong>de</strong> mães, reprodutoras, zelosas do lar,<br />
subordinadas à i<strong>de</strong>ologia formulada por “eles”.<br />
No mundo pós-revolução francesa, emanaram movimentos feministas os quais <strong>de</strong>fendiam<br />
que os direitos recém-conquistados <strong>de</strong>veriam se esten<strong>de</strong>r a ambos os sexos, por serem os direitos<br />
naturais <strong>de</strong> mulheres e homens iguais. Gradual e, na maioria das vezes, inconscientemente,<br />
<strong>de</strong>vido a transformações sócio-político-econômicas que exigiram outro posicionamento, as<br />
mulheres foram assumindo diferentes papéis na socieda<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rna, fato que não significa<br />
nenhuma revolução ou mudança na mentalida<strong>de</strong>, essencialmente, machista, elas evoluíram<br />
do estágio <strong>de</strong> donas <strong>de</strong> casa e mães e passaram a acumular três funções: dona <strong>de</strong> casa, mãe<br />
e empregada assalariada. Contemporaneamente, o feminismo <strong>de</strong>snaturalizou o ser mulher<br />
e baseou-se no que disse a francesa Simone <strong>de</strong> Beauvoir em 9 9: “não se nasce mulher,<br />
torna-se mulher”, ou seja, a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> feminina é construída, pela socieda<strong>de</strong> marcadamente<br />
masculina, on<strong>de</strong> se <strong>de</strong>terminam modos <strong>de</strong> agir, <strong>de</strong> comportar-se e, também, <strong>de</strong> pensar. Logo,<br />
passou-se a analisá-la como ser formado pela diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> culturas em que está imerso.<br />
Aparentemente, no Brasil, on<strong>de</strong> vigora um Estado Democrático e <strong>de</strong> Direito, figura-se uma<br />
igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> gênero, em que homens e mulheres convivem pacificamente, sem disputas nem<br />
preconceitos. Antagonicamente, percebe-se o preconceito <strong>de</strong> não ter preconceitos, tanto <strong>de</strong><br />
classe, <strong>de</strong> gênero e étnico. O processo histórico a que fomos submetidos criou uma socieda<strong>de</strong><br />
quimérica, paradisíaca e cordial, em que os conflitos sociais pouco existiram e, hoje, “não<br />
existem”. Contudo, nos meandros das relações sociais, po<strong>de</strong>-se notar pequenos sinais que, se<br />
enfocados, evi<strong>de</strong>nciam as verda<strong>de</strong>iras diferenças.<br />
Por meio das palavras, tanto na oralida<strong>de</strong> quanto na escrita, <strong>de</strong>monstram-se os principais<br />
elementos <strong>de</strong>ste processo. Por exemplo, em ambientes familiares e fraternos, costuma-se<br />
chacotear a mulher e suas ativida<strong>de</strong>s com anedotas e afirmações do tipo: “lugar <strong>de</strong> mulher é<br />
na pia, no tanque”, em que se <strong>de</strong>precia a imagem feminina, bem como o seu trabalho , em<br />
subserviência ao gênero antagônico. No entanto, a maioria das mulheres não se sente ofendida<br />
nem insultada, <strong>de</strong>vido ao fato <strong>de</strong>sses acontecimentos serem corriqueiros e se darem em tom <strong>de</strong><br />
brinca<strong>de</strong>ira e amiza<strong>de</strong>, assim são eternizados e perpetuados, tornando-se lugares comuns no<br />
círculo social. Outras manifestações muito comuns são as frases <strong>de</strong> pára-choque <strong>de</strong> caminhão,<br />
expressões populares <strong>de</strong> nossa cultura e valores, que se propagam entre gargalhadas e sem