2º Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero - CNPq
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<strong>2º</strong> PRÊMIO CONSTRUINDO A IGUALDADE DE GÊNERO 5<br />
realizar seus sonhos, principalmente quando esses sonhos não abrangem somente seu próprio<br />
eu, mas também a vonta<strong>de</strong> e a necessida<strong>de</strong> do seu próximo. Além <strong>de</strong> vencedoras, essas<br />
mulheres que lutam por respeito, dignida<strong>de</strong>, igualda<strong>de</strong> e por um mundo melhor po<strong>de</strong>m ser<br />
consi<strong>de</strong>radas as amazonas do século XXI.<br />
Os caminhos da igualda<strong>de</strong><br />
Maria do Rosário Gomes da Silva - Centro Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Educação<br />
Tecnológica <strong>de</strong> Minas Gerais<br />
Seja nos baixos salários, na violência doméstica ou na exclusão <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados campos<br />
<strong>de</strong> trabalho, vemos que a discriminação contra a mulher ainda é uma mazela latente que<br />
permanece estampada na realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nossa socieda<strong>de</strong>. Assim, diante da <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
gênero expressa em tantos momentos <strong>de</strong> nosso dia-a-dia, nasce uma pergunta que tem ecoado<br />
na consciência <strong>de</strong> muitas gerações: qual o caminho a seguir para construirmos um mundo em<br />
que homens e mulheres tenham direitos iguais?<br />
O primeiro passo para buscarmos soluções para a questão da discriminação <strong>de</strong> gênero é<br />
reconhecermos que ela é uma herança histórica, uma chaga que tem imprimido ao longo dos<br />
séculos a vergonhosa mancha do preconceito na realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mulheres <strong>de</strong> inúmeras gerações.<br />
Ao analisarmos a sucessão <strong>de</strong> acontecimentos que compõem a história humana, percebemos<br />
claramente a ausência da mulher nas <strong>de</strong>cisões políticas e nas posições <strong>de</strong> li<strong>de</strong>rança. Isso<br />
<strong>de</strong>monstra que nossos livros <strong>de</strong> história são os registros <strong>de</strong> acontecimentos regidos e escritos<br />
exclusivamente pelas mãos dos homens. Mãos que ergueram armas para conquistar territórios,<br />
conduziram navios rumo ao novo mundo, colonizaram, guerrearam, inventaram máquinas,<br />
criaram indústrias e promoveram todos os acontecimentos históricos que apren<strong>de</strong>mos na<br />
escola. Em todos esses momentos, cabe a nós perguntar: on<strong>de</strong> estavam as mulheres, enquanto<br />
tudo isso acontecia?<br />
A provável resposta que explica o porquê da ausência feminina na história é o fato <strong>de</strong> que<br />
boa parte da história que apren<strong>de</strong>mos nos livros ocorreu em um período em que a mulher não<br />
tinha direito a nada, vivia submissa a seus pais ou maridos, não podia expressar opinião e tinha<br />
como único papel social a obrigação <strong>de</strong> cuidar da casa e da criação dos filhos. Desta forma,<br />
enquanto os homens faziam política, guerras, revoluções, escreviam livros e faziam pesquisas,<br />
as mulheres eram relegadas ao segundo plano da socieda<strong>de</strong>. Nesse cenário <strong>de</strong> papéis tão<br />
<strong>de</strong>siguais, é que foi escrita boa parte <strong>de</strong> nossa história e é nele que po<strong>de</strong>mos encontrar a<br />
origem da <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> entre homens e mulheres que existem até os dias <strong>de</strong> hoje. Afinal, as<br />
discriminações enfrentadas pelas mulheres do presente são o reflexo da condição feminina no<br />
passado, pois esse preconceito é uma herança que tem atravessado as barreiras do tempo e<br />
marcado a vida <strong>de</strong> mulheres <strong>de</strong> todas as partes do mundo.<br />
Assim, se é na história que encontramos os vestígios da origem da <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> gênero,<br />
também é nela que po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>scobrir os primeiros passos dados pelas mulheres rumo à<br />
<strong>de</strong>rrubada das barreiras da discriminação. Foi aos poucos que as mulheres começaram a<br />
reivindicar por direitos iguais e a romper com séculos <strong>de</strong> silêncio e ausência. Mulheres como a<br />
inglesa Mary Wolstonecraft que - com a divulgação <strong>de</strong> seus textos, um dos primeiros feministas,<br />
e com o lançamento <strong>de</strong> seu livro Vindication of the Rights of Woman (A Reivindicação dos<br />
Direitos da Mulher) - <strong>de</strong>fendia o direito das mulheres à educação e tornou-se um dos maiores<br />
clássicos da literatura feminista; e como a brasileira Nísia Floresta, que foi uma das primeiras a<br />
publicar textos e livros questionando a situação feminina na socieda<strong>de</strong> brasileira e que também<br />
abordou o tema da educação em vários <strong>de</strong> seus livros como Conselhos a minha filha, Opúsculo<br />
humanitário e A Mulher. Elas po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>radas pioneiras do pensamento feminista,<br />
pois utilizaram a literatura como instrumento <strong>de</strong> contestação, foram umas das primeiras a<br />
<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a educação como agente transformador da socieda<strong>de</strong> e, por todo o mencionado,<br />
são bons exemplos <strong>de</strong> como começaram os manifestos da mulher em busca da igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
direitos. Dessa forma, com a crescente divulgação das idéias feministas pelo mundo, vitórias