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2º Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero - CNPq

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<strong>2º</strong> PRÊMIO CONSTRUINDO A IGUALDADE DE GÊNERO 7<br />

Liberda<strong>de</strong>, <strong>Igualda<strong>de</strong></strong> e Fraternida<strong>de</strong> – a luta pela justiça em<br />

gênero<br />

Fernando Costa Araújo – Escola Estadual <strong>de</strong> Ensino Médio Álvaro Adolfo da<br />

Silveira - PA<br />

A discussão sobre temas concernentes ao gênero sempre foi realizada <strong>de</strong> maneira bem<br />

mo<strong>de</strong>sta em nossa socieda<strong>de</strong>. Os gran<strong>de</strong>s lí<strong>de</strong>res, cientistas, pacifistas e políticos engajados<br />

em prol da igualda<strong>de</strong> muitas vezes utilizaram-se <strong>de</strong> fórmulas arcaicas para tentar resolver as<br />

“indiferenças mundiais”. Na concepção da maioria <strong>de</strong>les, era preferível, por exemplo, realizar<br />

dispendiosos estudos científicos acerca das diferenças morfo-fisiológicas entre homens e<br />

mulheres a combater a verda<strong>de</strong>ira raiz da questão: o preconceito - com ênfase especial ao<br />

machismo, que perdura em boa parte da socieda<strong>de</strong>, dificultando as relações sociais e atingindo<br />

diretamente a mulher, privando-a <strong>de</strong> direitos constitucionais e direitos humanitários básicos,<br />

como a felicida<strong>de</strong>.<br />

O sexo feminino sempre foi aquele que ficou em segundo plano na escala social; sob o<br />

estereótipo <strong>de</strong> “fragilizada”, a mulher ficou fadada à ativida<strong>de</strong> procriadora, sendo excluída <strong>de</strong><br />

diversas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> escolha na socieda<strong>de</strong>. Atuar na vida comunitária era papel <strong>de</strong>stinado<br />

ao sexo “nobre e vigoroso”, por tempos foi assim. Por meio <strong>de</strong> muitas lutas e protestos, elas<br />

conseguiram pleitear diversos i<strong>de</strong>ais, o que lhes garantiu um pouco mais <strong>de</strong> dignida<strong>de</strong>, no<br />

entanto, sua condição ainda é <strong>de</strong> exclusão.<br />

A situação da mulher vem sendo transformada paulatinamente e talvez tenhamos<br />

chegado ao mais alto nível <strong>de</strong> igualda<strong>de</strong> já visto na história na relação entre os gêneros,<br />

porém trata-se, ainda, <strong>de</strong> uma “igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong>sigual”, ou seja, elas trabalham, assumem<br />

postos diversos, votam e optam pela companhia amorosa e sexual com a qual <strong>de</strong>sejam estar,<br />

entretanto muitas ainda são qualificadas segundo inomináveis conceitos machistas, recebem<br />

salários incompatíveis comparados ao <strong>de</strong> homens em uma mesma ativida<strong>de</strong> ou, no caso<br />

daquelas financeiramente <strong>de</strong>sprovidas, vivem <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes da vonta<strong>de</strong> do marido. Como<br />

permitir que a mulher possa <strong>de</strong>sfrutar <strong>de</strong> condições sócio-econômicas iguais à dos homens?<br />

O que fazer para plantar no coração dos povos o i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> eqüida<strong>de</strong> entre os gêneros? Como<br />

combater preconceitos arraigados que parecem <strong>de</strong>squalificar nosso título <strong>de</strong> “socieda<strong>de</strong><br />

esclarecida” e que entornam com amarga dor a vida <strong>de</strong> diversas pessoas, incluindo negros,<br />

idosos, homossexuais e mulheres???<br />

As práticas tradicionalistas, os clichês, as piadas, o vocabulário sexista..., enfim, tudo<br />

hoje remete a uma formação mental que privilegia a superiorida<strong>de</strong> masculina. É extremamente<br />

difícil aceitar que um homem cui<strong>de</strong> da casa enquanto sua mulher saia para garantir o sustento<br />

da casa, assim como se torna inconcebível à socieda<strong>de</strong> a traição sexual por parte da mulher;<br />

enquanto isso, a mesma socieda<strong>de</strong> enten<strong>de</strong> como normal essa atitu<strong>de</strong> quando praticada por<br />

um homem. Esse mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> pensamento imperante po<strong>de</strong> ter várias explicações, mas advém<br />

principalmente do tipo <strong>de</strong> criação/ensino <strong>de</strong>ixado pelos pais, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> muitas gerações atrás,<br />

que privilegia a hostilida<strong>de</strong> masculina. Somos, metaforicamente falando, programados como<br />

máquinas a pensar e agir segundo mo<strong>de</strong>los pré-<strong>de</strong>finidos, ou ainda segundo famigeradas<br />

e passageiras modas contemporâneas. É difícil compreen<strong>de</strong>r a origem <strong>de</strong>sses mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong><br />

pensamento, quando até mesmo os livros sagrados <strong>de</strong> algumas religiões, como a Bíblia cristã<br />

ou o Alcorão dos mulçumanos propagam a idéia <strong>de</strong> subordinação feminina. É racional, no<br />

entanto, tentar livrar-se <strong>de</strong>ssas idéias inoculadas no psicológico humano que nos transformam<br />

em fantoches sociais, moldando nosso pensamento <strong>de</strong> maneira a tornar-nos inertes frente a<br />

tantas injustiças e <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s.<br />

Não se po<strong>de</strong> falar em justiça sem esquecer-se da situação <strong>de</strong> pobreza que atinge o mundo<br />

e que está tão visível a todos nos mais diversos recantos da socieda<strong>de</strong> brasileira. Tal estado <strong>de</strong><br />

pobreza afeta uma porcentagem consi<strong>de</strong>rável <strong>de</strong> famílias. As mulheres <strong>de</strong> classe baixa sofrem<br />

esses efeitos como ninguém, afinal, são elas que precisam enfrentar <strong>de</strong>srespeitosas situações<br />

no momento <strong>de</strong> procurar emprego ou uma vaga em postos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> para um filho doente,<br />

ocasiões em que se <strong>de</strong>param com o <strong>de</strong>sprezo.

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