2º Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero - CNPq
2º Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero - CNPq
2º Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero - CNPq
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
<strong>2º</strong> PRÊMIO CONSTRUINDO A IGUALDADE DE GÊNERO<br />
científicos, jardim <strong>de</strong> infância e, sobretudo, suas classes mistas.<br />
Quem abriu esta escola no país foi a professora Martha Watts ( 8 5 – 9 0), enviada ao<br />
Brasil pela Woman’s Missionary Society, organização das mulheres metodistas dos Estados<br />
Unidos.<br />
Os colégios metodistas investiam em laboratórios <strong>de</strong> experimentação e priorizavam<br />
a educação da mulher. Em um período marcado por uma educação precária e por falta <strong>de</strong><br />
oportunida<strong>de</strong>s para as mulheres, Martha contribuiu para um avanço pedagógico e tecnológico<br />
na educação e, principalmente, para o posicionamento da mulher em um nível social mais<br />
alto, com menos discriminação ou preconceito. Apesar das resistências, a educadora norteamericana<br />
superou as tradições educacionais e religiosas que <strong>de</strong>svalorizavam o direito da<br />
mulher à educação, ao pensamento intelectual e emancipatório.<br />
Uma outra revolucionária ousada para sua época, assim como todos que têm espírito<br />
revolucionário, foi Patrícia Galvão ( 9 0– 96 ), mais conhecida como Pagu. Poetisa e ativista<br />
política, Pagu é uma das mulheres mais conhecidas do século XX no Brasil, pois além <strong>de</strong><br />
ter aparecido na vanguarda da segunda fase do movimento mo<strong>de</strong>rnista, apresentava<br />
comportamento liberal e personalida<strong>de</strong> forte, buscando combater as injustiças sociais e lutar<br />
por um mundo menos <strong>de</strong>sigual.<br />
Diferentemente <strong>de</strong> boa parte da geração <strong>de</strong> mulheres que tentam combinar as fórmulas<br />
<strong>de</strong> sucesso “atriz, mo<strong>de</strong>lo e dançarina”, Patrícia Galvão soube combinar inteligência e beleza,<br />
militância política e artística. Po<strong>de</strong>mos observar essa característica no seguinte trecho da<br />
música Pagu, composta por Rita Lee e Zélia Duncan: “Sou rainha do meu tanque/ Sou Pagu<br />
indignada no palanque/ Fama <strong>de</strong> porra louca... tudo bem/ Minha mãe é Maria ninguém/ Não<br />
sou atriz, mo<strong>de</strong>lo ou dançarina/ Meu buraco é mais em cima/ Porque nem toda feiticeira é<br />
corcunda/ Nem toda brasileira é bunda/ Meu peito não é <strong>de</strong> silicone/ Sou mais macho que<br />
muito homem”.<br />
Po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>stacar Martha Watts e Patrícia Galvão como duas gran<strong>de</strong>s “Hipólitas”, pois<br />
fizeram a diferença no mundo machista e preconceituoso no qual viveram. Elas mostraram<br />
que a mulher não é um ser frágil e <strong>de</strong>licado, incapaz <strong>de</strong> realizar certas ativida<strong>de</strong>s, mas sim um<br />
ser ativo, que tem o direito <strong>de</strong> opinar nas <strong>de</strong>cisões públicas e que po<strong>de</strong> ajudar na evolução da<br />
humanida<strong>de</strong>.<br />
Neste início <strong>de</strong> século, temos conhecimentos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s movimentos li<strong>de</strong>rados por mulheres<br />
que lutam como a Pagu lutou e que fazem a diferença como a Martha fez. Mas <strong>de</strong>vemos ser<br />
justos, neste mundo <strong>de</strong>sigual, o movimento feminista não apresenta as mesmas condições <strong>de</strong><br />
luta em todos os lugares.<br />
A realida<strong>de</strong> na qual uma lí<strong>de</strong>r feminista européia vive é bem diferente da realida<strong>de</strong> vivida<br />
por uma revolucionária africana. Se avaliarmos bem, a africana, além <strong>de</strong> enfrentar o preconceito<br />
<strong>de</strong> gênero, também enfrenta o preconceito <strong>de</strong> raça. Além disso, as oportunida<strong>de</strong>s que ela tem<br />
para progredir socialmente são bem menores que as oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> uma mulher norteamericana<br />
branca.<br />
Apesar das injustiças sociais que diferenciam mulheres entre si, há muitas questões que só<br />
po<strong>de</strong>m ser resolvidas com um movimento que ultrapasse as fronteiras nacionais. Um exemplo<br />
disso é o que tem sido organizado pela Marcha Mundial <strong>de</strong> Mulheres, que surgiu no ano<br />
000. No site do movimento, lemos que a Marcha “utilizou como estratégia fortalecer a autoorganização<br />
das mulheres, concomitante com a presença nos movimentos sociais, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong><br />
uma perspectiva <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> um projeto que incorpore o feminismo e as mulheres como<br />
sujeitos políticos”. Essa incorporação leva ao questionamento <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> capitalista,<br />
machista e patriarcal.<br />
O importante é ressaltar que as mulheres, sejam ricas ou pobres, negras ou brancas,<br />
americanas ou mulçumanas, enfim, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> etnia ou raça, sempre irão fazer a<br />
diferença, se tornarão “sujeitos políticos”, se lutarem por seus i<strong>de</strong>ais, se buscarem uma vida<br />
mais digna, mais respeito. Se uma mulher não fixar seus olhos em seu próprio umbigo e olhar<br />
em volta as pessoas com as quais convive, gran<strong>de</strong>s coisas ela conquistará e sua vida terá mais<br />
sentido.<br />
Portanto, uma mulher po<strong>de</strong> ser chamada <strong>de</strong> guerreira quando, com muita luta, consegue