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2º Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero - CNPq

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<strong>2º</strong> PRÊMIO CONSTRUINDO A IGUALDADE DE GÊNERO<br />

para satisfazer. Ele trabalha, trabalha, trabalha o dia todo, é o símbolo do sustento, do suporte.<br />

Faz a ligação da família com o mundo, é a imagem e semelhança <strong>de</strong> Deus. E tudo se mostra,<br />

se vive e se constrói <strong>de</strong>ssa socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> galerias – diferentes notas fiscais, em que elas e<br />

eles, aceitando ou não os presentes herdados, brincam sem saber que são manequins sem<br />

movimento, marionetes.<br />

Esses padrões não são conseqüências do acaso, são imposições <strong>de</strong>finidas pelas circunstâncias<br />

das relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r. O mo<strong>de</strong>lo nuclear tradicional da família é a estrutura que aprisiona até<br />

hoje homens e mulheres às <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> gênero: do homem provedor, que faz a ligação<br />

da família com o espaço público, e mulher a “rainha do lar”, apenas. Uma cultura que herda<br />

e reproduz, gerações após gerações, <strong>de</strong> papéis sociais bem <strong>de</strong>finidos e diluídos ao mesmo<br />

tempo.<br />

Marcas estampadas nos produtos, relações que começam pela galeria feminino-rosa e<br />

masculino-azul. E isso <strong>de</strong>fine o gosto do consumidor <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a primeira visita, o mo<strong>de</strong>lo que<br />

aprisiona e sobrevive: enxoval rosa ou azul? Berços carregados <strong>de</strong> enfeites, construções<br />

materiais como se fossem únicas. A mulher da flor, do vestido, da saia, do sapato alto, o homem<br />

da bermuda, da gravata, do terno: materiais que vieram quentinhos do mercado e que passam<br />

por manipulações <strong>de</strong>spercebidas.<br />

Quem tenta fugir das <strong>de</strong>finições materiais acaba sofrendo discriminações. São chamados<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>sviados, ou qualquer palavra que <strong>de</strong>signe fuga dos padrões estabelecidos, como se fosse<br />

algo <strong>de</strong>sumano, incorreto, que abuse do normal. O que é o normal? Vitrines resistentes e bem<br />

planejadas... Os poucos que se guiam pela própria vonta<strong>de</strong> são os incorretos, logo, excluídos,<br />

e isso restringe, impe<strong>de</strong> e tranca a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> gêneros. A menina que joga<br />

futebol e está toda suja <strong>de</strong> lama e um menino que brinca <strong>de</strong> boneca e tem seu quarto rosa...<br />

Um <strong>de</strong>saforo. A menina é limpinha, cheirosinha, só brinca <strong>de</strong> boneca; o menino gosta <strong>de</strong> azul,<br />

<strong>de</strong> preto, e quer brincar <strong>de</strong> tiro com os bonecos. Formações (d)e vitrines.<br />

Apesar <strong>de</strong>ssa alienação, a política e outras instituições sociais vêm admitindo um caráter<br />

mais expressivo no que diz respeito à participação das minorias e isso já paga, pelo menos,<br />

os juros <strong>de</strong> uma dívida social que é histórica e <strong>de</strong> exclusão. Antes, as (in)formações eram<br />

repassadas, como se fossem para bonecos que não envelhecem, que não tem ida<strong>de</strong>, e os seus<br />

<strong>de</strong>senhos eram sempre os mesmos. Tempos em que a mulher não tinha vez, porque não tinha<br />

voz. No entanto, a representativida<strong>de</strong> feminina aumentou e ten<strong>de</strong> a amadurecer cada vez mais<br />

as relações <strong>de</strong> gênero no Brasil e no mundo.<br />

Ao longo das últimas décadas, o ‘mercado’ admitiu um crescimento significativo da<br />

participação da mulher, mas ainda não se equipara a participação masculina. Ao início da<br />

década <strong>de</strong> 90, elas crescem no cenário do trabalho quase 9% e eles diminuem ,6%, o que<br />

se torna aparentemente uma propaganda enganosa, visto que os homens ainda têm larga<br />

vantagem com cerca <strong>de</strong> / empregados e, elas, meta<strong>de</strong>. Esses dados evi<strong>de</strong>nciam a força que<br />

a mulher vem conquistando, a importância da luta pela emancipação feminina e <strong>de</strong> igualda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> gênero, que vem sendo intensificado, com mais braços e cabeças, e que merece atenção<br />

redobrada no Brasil, on<strong>de</strong> já é maioria na população.<br />

Já o homem do trabalho começa a se incorporar às características que eram exclusivamente<br />

<strong>de</strong> uma imagem feminina: ao avanço da liberda<strong>de</strong> e, sobretudo, das gerações, alguns homens<br />

vêm ocupando a posição <strong>de</strong> donos <strong>de</strong> casa, e passando do terno para o avental. Mais caseiro,<br />

ele se torna sensível e cuidadoso, tem carinho e apego pela família. A condição segregadora<br />

principal da questão do emprego, a disposição física, não se justifica por si só: não é somente<br />

<strong>de</strong> músculos que é formado o ser humano. Os dotes físicos do homem, e a maternida<strong>de</strong>, da<br />

mulher, po<strong>de</strong>m estimular as escolhas da profissão (pedreiros, babás), mas não classificá-las.<br />

Homens, hoje, trabalham como professores <strong>de</strong> primário, figura antes atribuída à mulher, e têm<br />

o papel também, agora, <strong>de</strong> educar a nova geração...<br />

O terreno que toma forma hoje teve impulso em vários momentos da história. Vários<br />

instantes em que as mulheres se manifestaram, mas não ganharam forma, servindo <strong>de</strong><br />

anúncios em outdoor’s <strong>de</strong> uma empresa ainda sem se<strong>de</strong>. O mercado capitalista se amplia,<br />

Fonte: Dieese, (Departamento Intersindical <strong>de</strong> Estatística e Estudos Socioeconômicos), 989- 996.

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