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2º Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero - CNPq

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<strong>2º</strong> PRÊMIO CONSTRUINDO A IGUALDADE DE GÊNERO 9<br />

<strong>de</strong>pois vieram os espanhóis, holan<strong>de</strong>ses, franceses, africanos; e assim, com um encontro <strong>de</strong><br />

etnias é que este se tornou multifacial.<br />

O passado remonta além da pluralida<strong>de</strong> étnica, a realida<strong>de</strong> da mulher, a qual não tinha<br />

direito à educação, à vida política e, muito menos, à autonomia sobre si; enquanto solteira<br />

pertencia ao pai, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> casada era proprieda<strong>de</strong> do marido, não passavam <strong>de</strong> escravas do<br />

lar, meras reprodutoras ou realizadoras <strong>de</strong> <strong>de</strong>sejos conjugais. Os negros que foram trazidos <strong>de</strong><br />

suas terras para tornarem-se aqui e em outras senzalas, escravos, receberam um tratamento<br />

vil e humilhante não sendo aceitos como cidadãos. Os homossexuais, quase sem espaço na<br />

história, eram perseguidos pela inquisição e posteriormente pelo nazismo, fascismo, entre<br />

outros. A Coroa, por sua vez, apadrinhava pessoas ditas merecedoras <strong>de</strong> títulos ou <strong>de</strong> estarem<br />

na Corte, formando, assim, uma elite colonial, dividindo a socieda<strong>de</strong>, logo, excluindo os menos<br />

afortunados <strong>de</strong>ixando-os à mercê <strong>de</strong> suas <strong>de</strong>cisões.<br />

As disparida<strong>de</strong>s existentes entre os gêneros são perceptíveis no cotidiano das pessoas,<br />

porém as mesmas por já conviverem com essa realida<strong>de</strong> há mais <strong>de</strong> meio século, aceitam<br />

tais situações <strong>de</strong> forma incrivelmente natural, pois nada fazem para revertê-la. Não é difícil<br />

presenciar uma cena em que alguém esteja sofrendo agressão física ou psicológica, e não<br />

fazer ou ver que nada foi feito pelo ser exposto a essa lamentável normalida<strong>de</strong>. Assim, tudo vai<br />

sendo aceito e o homem – no amplo sentido da palavra – fica mais <strong>de</strong>sumano.<br />

Os exemplos mais relevantes <strong>de</strong> <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s no ringue brasileiro são:<br />

MULHER X HOMEM<br />

BRANCO X NEGRO<br />

HOMOSSEXUAL X HETEROSSEXUAL<br />

RICO X POBRE<br />

As mulheres por um longo tempo não tiveram muita importância no contexto nacional,<br />

prova disso é que são raras as que aparecem na história <strong>de</strong>ste país, e quando o fazem são<br />

sempre coadjuvantes. Xica da Silva e Anita Garibaldi são dois exemplos clássicos <strong>de</strong>ssa figura<br />

estereotipada da mulher.<br />

Des<strong>de</strong> muito cedo elas já convivem em um mundo <strong>de</strong> submissão ao homem, e apren<strong>de</strong>m<br />

isso com família. Esta lhes ensina o papel que <strong>de</strong>vem exercer diante <strong>de</strong>les, dando-lhes, entre<br />

outros “incentivos”, aquele imprescindível jogo <strong>de</strong> fogão com panelas <strong>de</strong> brinquedo como se<br />

elas estivessem pre<strong>de</strong>stinadas a serem donas <strong>de</strong> casas que lavam, passam, arrumam, cozinham<br />

etc.<br />

Visões e atitu<strong>de</strong>s retrógradas como essas influenciam na continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse sistema,<br />

constituindo uma socieda<strong>de</strong> machista e preconceituosa, percebida em frases do tipo “mulher<br />

no volante, perigo constante” ou “por trás <strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> homem existe uma gran<strong>de</strong> mulher”.<br />

As profissionais femininas estão garantindo ou ganhando espaço em termos trabalhistas,<br />

mas não recebem salários iguais aos dos homens e com pouca freqüência ocupam cargos <strong>de</strong><br />

chefia, salvo no setor educativo, por sinal mal remunerado.<br />

São <strong>de</strong>srespeitadas em suas profissões, mas afetiva e sentimentalmente também. Visando<br />

coibir a violência contra a mulher que vem atingindo índices assustadores, recentemente entrou<br />

em vigor a lei intitulada Maria da Penha, que homenageia a pessoa do mesmo nome, uma<br />

das vítimas da violência doméstica. Esta lei, além <strong>de</strong> aumentar para até três anos o período<br />

<strong>de</strong> reclusão do agressor, prevê também “a proibição <strong>de</strong> aplicação <strong>de</strong> penas alternativas <strong>de</strong><br />

natureza patrimonial ou que resultem no pagamento <strong>de</strong> multas ou cestas básicas” (art. 7).<br />

Esses avanços promovidos pelas próprias mulheres só evi<strong>de</strong>nciam o quanto elas têm<br />

inteligência e capacida<strong>de</strong> suficiente para serem gran<strong>de</strong>s por si mesmas e não terem que estar<br />

à sombra <strong>de</strong> homem.<br />

No Brasil, fala-se em <strong>de</strong>mocracia racial, mas diferentemente dos discursos ilusórios nos<br />

quais essa idéia impera, sabe-se que tal concepção não passa <strong>de</strong> um mito, visto que não se<br />

aplica à realida<strong>de</strong>. Os negros que constituem cerca <strong>de</strong> meta<strong>de</strong> da população nacional ocupam<br />

espaços mínimos em escolas, universida<strong>de</strong>s, no mercado <strong>de</strong> trabalho ou na política. Em contra<br />

partida são maioria entre os pobres, analfabetos e <strong>de</strong>sempregados.

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