18.02.2013 Views

2º Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero - CNPq

2º Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero - CNPq

2º Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero - CNPq

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

0<br />

<strong>2º</strong> PRÊMIO CONSTRUINDO A IGUALDADE DE GÊNERO<br />

Os que conseguem trabalho estão nos setores mais <strong>de</strong>svalorizados e dificilmente ocupam<br />

funções <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong>. A diferença salarial entre o homem negro e o homem branco é <strong>de</strong><br />

aproximadamente 0%. Com a mulher negra essa distância aumenta para um número entre<br />

60% a 65%, sendo que elas constituem cerca <strong>de</strong> 80% das trabalhadoras domésticas neste<br />

país. Em geral, são mulheres que contratam suas semelhantes e as impõem a duras jornadas<br />

<strong>de</strong> trabalho reproduzindo as <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s entre elas próprias.<br />

Indubitavelmente, essas pessoas são tratadas, ainda hoje, como sub-humanas por<br />

escravocratas que não aceitam a restituição daquilo que nunca lhes <strong>de</strong>veria ter sido furtado<br />

– a liberda<strong>de</strong>. Mas, o regime exploratório <strong>de</strong>ixou máculas na história e na vida do negro, o qual<br />

carrega o pesado fardo <strong>de</strong> ter que provar que sua cor não interfere em seu <strong>de</strong>senvolvimento<br />

como profissional, como ser.<br />

As pessoas que estão em posições ou que fizeram escolhas supostamente paradoxais<br />

sofrem, pois são julgadas por mentes arcaicas e <strong>de</strong>sprovidas da evolução. O homossexualismo<br />

não <strong>de</strong>ve ser encarado como uma doença infecciosa ou que corrompe e, <strong>de</strong> igual modo, os<br />

que optaram por essa escolha não <strong>de</strong>vem ser vistos como alguém a ser execrado ou banido da<br />

socieda<strong>de</strong>, fato que ocorre quer na ficção, quer na vida real.<br />

No mundo fictício, o sentimento anti-homossexual existe e pô<strong>de</strong> ser percebido quando um<br />

casal <strong>de</strong> lésbicas da novela Torre <strong>de</strong> Babel teve que morrer na explosão <strong>de</strong> um shopping <strong>de</strong>vido<br />

às inúmeras cartas pedindo a aniquilação das duas. Recentemente, um outro episódio ocorreu<br />

na novela América, em que foi vetado o beijo gay que iria ao ar no último capítulo da trama.<br />

Já no mundo real, como se não bastassem as piadas, os comentários, as “brinca<strong>de</strong>iras”,<br />

índices mostram que a cada dois dias um homossexual é assassinado. São crimes praticados<br />

<strong>de</strong> forma silenciosa, tornando-se comum e natural o ato <strong>de</strong> ter a vida tirada como se esta não<br />

tivesse valor ou significado.<br />

Comportamentos homofóbicos <strong>de</strong>sses tipos em nada constroem uma socieda<strong>de</strong> homogênea<br />

e coesa, pois em si já <strong>de</strong>nigre a imagem do que é ser social. Se há algo a ser combatido são os<br />

prosélitos nazi-fascistas, os quais insistem em querer sentenciar condutas, vidas.<br />

O aspecto econômico também aliena os indivíduos e, nesse sentido, as diferenças entre os<br />

ricos e pobres e a luta das classes sociais merecem <strong>de</strong>staque nesta discussão.<br />

Sabe-se que a população carente tem as piores moradias e não melhores condições <strong>de</strong><br />

sobrevivência. Seu acesso a uma vida digna apresenta inúmeras restrições, o que a impossibilita<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar a inércia que a persegue como uma sombra.<br />

A educação que <strong>de</strong>veria libertá-los parece <strong>de</strong>terminar ainda mais o lugar que ocupam na<br />

socieda<strong>de</strong>. Os que têm boa situação financeira estão em universida<strong>de</strong>s públicas usurpando<br />

dos menos favorecidos as poucas chances <strong>de</strong> um futuro <strong>de</strong>cente. A saú<strong>de</strong> a que recorrem<br />

apresenta falhas no atendimento e assistência, sendo que há um <strong>de</strong>spreparo ou ócio <strong>de</strong> alguns<br />

profissionais, bem como a falta <strong>de</strong> equipamentos para diagnóstico e tratamento <strong>de</strong> doenças<br />

complexas. Tal precarieda<strong>de</strong> quer por falta <strong>de</strong> investimento ou por <strong>de</strong>svio <strong>de</strong>ste, afetam única<br />

e simplesmente quem mais precisam <strong>de</strong>sses serviços.<br />

É evi<strong>de</strong>nte que estão mais suscetíveis à marginalida<strong>de</strong>, tanto ativa quanto passiva. Essas<br />

situações são precursoras da violência que estigmatiza a vida <strong>de</strong> todos e, em particular, a dos<br />

pobres que protagonizam essa dura realida<strong>de</strong>.<br />

Além <strong>de</strong>ssas, há outras relações díspares neste país <strong>de</strong> contrastes: a diferença entre os jovens,<br />

adultos e idosos é percebida principalmente no mercado <strong>de</strong> trabalho on<strong>de</strong> há preconceito em<br />

empregar pessoas novas com a velha <strong>de</strong>sculpa da falta <strong>de</strong> experiência. Os mais velhos são<br />

discriminados pela fraqueza aparente, como se suas capacida<strong>de</strong>s e forças tivessem prazo <strong>de</strong><br />

valida<strong>de</strong>.<br />

Existem <strong>de</strong> iguais modos outros preconceitos: os regionais, vividos por nortistas e nor<strong>de</strong>stinos<br />

frente às outras regiões brasileiras mais <strong>de</strong>senvolvidas; o étnico, experimentado pelos índios,<br />

em especial um que teve seu corpo inflamado enquanto dormia; os contra os <strong>de</strong>ficientes físicos<br />

e mentais por estes não estarem nos paradigmas da socieda<strong>de</strong>, entre outros.<br />

As disparida<strong>de</strong>s são amplamente visíveis e <strong>de</strong>vem ser aceitas para só então serem discutidas.<br />

Dizer que todos são iguais é fugir ao <strong>de</strong>bate, à realida<strong>de</strong>, e não soluciona essa problemática.<br />

A construção <strong>de</strong> um mundo análogo faz-se com ações e atitu<strong>de</strong>s pragmáticas, mas<br />

principalmente com a participação <strong>de</strong> todos, em que cada um assuma um compromisso consigo

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!