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124<br />

considerados corretos. Ela passa a ser associada ao símbolo do processo civilizador/educativo: tanto<br />

a esposa e seu respectivo lugar - o espaço privado, quanto a meretriz ligada ao seu – o universo<br />

público. No dizer de Starobinski, seria necessário “polir” os habitantes da cidade em prol do<br />

progresso:<br />

Polir é civilizar os indivíduos, suas maneiras, sua linguagem. Tanto o sentido<br />

próprio quanto o sentido figurado podem conduzir a idéia de ordem coletiva, de<br />

leis, de instituições que assegurem a brandura do comércio humano. A passagem é<br />

feita pelo verbo policiar, que diz respeito aos indivíduos reunidos, às nações.<br />

[...] Unidos por um antônimo comum [...] polido e policiado podem fazer par em<br />

um dicionário de sinônimos, isto é, dar lugar a finas discriminações semânticas. 261<br />

Crescimento e desenvolvimento urbano segundo lógica excludente estruturaram-se em<br />

benefício da elite citadina. As intervenções urbanas do centro somadas ao descaso com a periferia<br />

criaram uma cidade clivada em dois espaços, ou melhor, duas cidades diferenciadas. O nome Entre<br />

Rios (uma das denominações anteriores da cidade) vestiu a caráter essa qualificação, posto que os<br />

córregos serviram como um divisor de mundos: da civilização, do urbano e do novo; frente ao<br />

mundo da barbárie, do rural e do arcaico.<br />

Maria Stella Bresciani 262 se surpreenderia ao notar que Londres e Paris no século XIX,<br />

objeto de sua atenção, sofreram as mesmas conseqüências da modernidade sofridas por um pequeno<br />

centro urbano no nordeste do estado de São Paulo. A pequena Paris imitava até as desgraças<br />

provenientes do progresso.<br />

Considerações parciais<br />

A Belle Époque fazia-se presente de dia ou à noite. A vida social acontecia nos cabarés,<br />

teatros, por meio das sociedades recreativas dos barões e/ou dos imigrantes, nas praças, nas ruas e<br />

261 STAROBINSKI, J. As máscaras da civilização. Tradução Maria Lúcia Machado. São Paulo: Companhia das<br />

letras, 2001, p.29.<br />

262 BRESCIANI, M. S. M. Londres e Paris no século XIX: o espetáculo da pobreza. 8. ed. São Paulo: Brasiliense,<br />

1994.

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