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considerados corretos. Ela passa a ser associada ao símbolo do processo civilizador/educativo: tanto<br />
a esposa e seu respectivo lugar - o espaço privado, quanto a meretriz ligada ao seu – o universo<br />
público. No dizer de Starobinski, seria necessário “polir” os habitantes da cidade em prol do<br />
progresso:<br />
Polir é civilizar os indivíduos, suas maneiras, sua linguagem. Tanto o sentido<br />
próprio quanto o sentido figurado podem conduzir a idéia de ordem coletiva, de<br />
leis, de instituições que assegurem a brandura do comércio humano. A passagem é<br />
feita pelo verbo policiar, que diz respeito aos indivíduos reunidos, às nações.<br />
[...] Unidos por um antônimo comum [...] polido e policiado podem fazer par em<br />
um dicionário de sinônimos, isto é, dar lugar a finas discriminações semânticas. 261<br />
Crescimento e desenvolvimento urbano segundo lógica excludente estruturaram-se em<br />
benefício da elite citadina. As intervenções urbanas do centro somadas ao descaso com a periferia<br />
criaram uma cidade clivada em dois espaços, ou melhor, duas cidades diferenciadas. O nome Entre<br />
Rios (uma das denominações anteriores da cidade) vestiu a caráter essa qualificação, posto que os<br />
córregos serviram como um divisor de mundos: da civilização, do urbano e do novo; frente ao<br />
mundo da barbárie, do rural e do arcaico.<br />
Maria Stella Bresciani 262 se surpreenderia ao notar que Londres e Paris no século XIX,<br />
objeto de sua atenção, sofreram as mesmas conseqüências da modernidade sofridas por um pequeno<br />
centro urbano no nordeste do estado de São Paulo. A pequena Paris imitava até as desgraças<br />
provenientes do progresso.<br />
Considerações parciais<br />
A Belle Époque fazia-se presente de dia ou à noite. A vida social acontecia nos cabarés,<br />
teatros, por meio das sociedades recreativas dos barões e/ou dos imigrantes, nas praças, nas ruas e<br />
261 STAROBINSKI, J. As máscaras da civilização. Tradução Maria Lúcia Machado. São Paulo: Companhia das<br />
letras, 2001, p.29.<br />
262 BRESCIANI, M. S. M. Londres e Paris no século XIX: o espetáculo da pobreza. 8. ed. São Paulo: Brasiliense,<br />
1994.