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a atividade homossexual masculina era, em certa medida, vista como normal, mas<br />
somente se fosse mantida dentro de certos parâmetros sociais claramente definidos.<br />
Na Atenas clássica, os relacionamentos homossexuais possuíam idealmente<br />
algumas características de um rito de iniciação, ocorrendo entre um rapaz imberbe<br />
e um mentor mais velho. 165<br />
Em regiões como Creta, a prática sexual entre homens estava relacionada aos ritos da<br />
passagem da juventude cívica. Em Atenas, a pederastia tinha amparo de um estatuto social. Em toda<br />
a Grécia a prática passiva na relação entre o mesmo sexo, sobretudo quando relacionada à<br />
prostituição, era reprovada de forma unânime, caso fosse cidadão, este seria condenado pela lei.<br />
Quanto aos ritos de passagem podemos perceber que em Creta e Esparta a pederastia<br />
dizia respeito à relação entre um determinado adolescente com homem adulto e esse exercício<br />
sexual consistia como parte da formação do jovem cidadão. Tais práticas eram justificadas em nome<br />
da pedagogia. Do ponto de vista etimológico, o termo grego mais próximo da palavra adolescente<br />
corresponde à palavra paide; e o verbo eran, reporta ao desejo sexual.<br />
A camaradagem viril, segundo Marrou, designava o companheirismo de guerreiros,<br />
decorrência da promiscuidade agravada pela prática de nudez em tempos de guerra, e somado à<br />
ausência da presença feminina. Segundo o autor:<br />
A atração efetiva entre homens parece-me uma constante das sociedades<br />
guerreiras, nas quais um grupo de homens tende a encerrar-se em si mesmo. A<br />
exclusão maternal das mulheres e o total retraimento destas acarretam, sempre,<br />
uma ofensiva do amor masculino. 166<br />
Ao encontro desse ponto de vista, Maurice Sartrec sustenta que,<br />
a posição defendida pelo historiador Henri Marrou representa muito bem a teoria da<br />
‘camaradagem viril´(...), seria antes de mais nada um ‘companheirismo de guerreiros’, ou seja, uma<br />
decorrência de uma promiscuidade constante agravada pela prática da nudez. 167<br />
165 KING, 1998, p.46<br />
166 MARROU. Op. Cit. 1973. p.53<br />
167 SARTREC, 1992, p.52