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versão completa - cchla - UFRN

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71<br />

pessoa se preocupar, você saber que tá ali, você passou a noite, você tá com<br />

fome... E ele vem e chega com uma marmita. Dar aquele carinho, aquela coisa<br />

toda. Eu acho que isso é que se diz amor, por que não é aquela coisa. E um amor,<br />

você não sabe explicar. Acontece. Como é que você vai experienciar o amor. O<br />

pessoal diz ‘o amor é um coração’. Será que é só isso? Será que o amor é um<br />

coração? A palavra amar é tão forte! ‘Eu amo você! ’ Em que sentido você me<br />

ama? É aquela coisa do desejo, mas desejar todo mundo deseja. Amar são outros<br />

quinhentos (Flávia).<br />

Diante desses três atos parodísticos característicos desta experiência, podemos perceber<br />

a atmosfera de contestação política como proposta por Butler (2003) que subjaz sobre esta<br />

atmosfera acrítica, que pode as atitudes paródicas apressadamente representar. A contestação se<br />

demonstra então como modalidade característica desta execução performática e paródica, já que,<br />

segundo a autora, tanto a ação quanto a sub<strong>versão</strong> só podem ocorrer via práticas de variação<br />

repetida e descontextualizada dos rígidos modelos da cultura hegemônica. Pode-se, neste sentido, e<br />

incisivamente, ser tomada por este grupo como instrumento de ação a servir para desnaturalização<br />

dos rígidos esquemas pelos quais os gêneros inteligíveis são significados, que como vimos se<br />

encontram muito distantes das práticas e da multiplicidade dos sujeitos atuais.<br />

Através da proliferação da reflexão que envolve os atos de performatividade<br />

parodística, mostrando tanto os aspectos dissonantes, que podem ser geridos nas atitudes de<br />

corporalidade dos sujeitos sociais, bem como a abertura de cisões nos significantes de gênero, nos<br />

levam a identificar que:<br />

No Lugar de uma identificação original a servir como causa determinante, a<br />

identidade de gênero pode ser reconcebida como uma história pessoal/cultural de<br />

significados recebidos, sujeitos a um conjunto de práticas imitativas, que se<br />

referem lateralmente a outras imitações e que, em conjunto constroem a ilusão de<br />

um eu de gênero primário e interno marcado pelo gênero, ou parodiam o<br />

mecanismo dessa construção 148 .<br />

148 BUTLER, Judith. Problemas de Gênero: Feminismo e sub<strong>versão</strong> da identidade. Rio de Janeiro: Civilização<br />

Brasileira, 2003:185-214.

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