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conservadoras e os crentes na ortodoxia marxista-leninista. Todos, no dizer de<br />

Daniel Aarão Reis Filho, tinham contas a ajustar com o grande inimigo: o<br />

trabalhismo. 58<br />

Dentro desse embate, que foi travado inclusive nas instâncias teóricas, é que a Política<br />

Externa Independente estava inserida, pois:<br />

Assim, em meio a dois projetos distintos e antagônicos de Estado, ostensiva ou<br />

veladamente, a política externa – sobretudo a apropriação ideológica de que foi<br />

alvo – desempenhou papel fundamental no debate político. Em suma, tendo sua<br />

importância ampliada – muito mais do que queria, muito além do que poderia ser<br />

–, a Política Externa Independente viu-se enredada numa trama que, em muito,<br />

ultrapassava seus limites. Ela foi o pano de fundo de uma luta política e ideológica<br />

bem maior: a “conquista do Estado”, na feliz expressão de Dreifuss. 59<br />

O enquadramento da PEI dentre os componentes do modelo populista, assim<br />

demonstrado, foi parte de uma estratégia de disputa pelo poder. Embora a corrente historiográfica<br />

mais crítica ao populismo ainda não tenha cunhado um conceito capaz de aglutinar de forma mais<br />

precisa o conjunto dos anos 1945-1964 – tarefa importante para dar maior fundamentação a seus<br />

propósitos – suas ponderações não podem ser ignoradas. 60 O primeiro passo para compreender real<br />

dimensão histórica da Política Externa Independente é analisá-la dentro de uma nova possibilidade,<br />

que não a do populismo, para que, sem deformações modelares, possam ser resgatados seus<br />

verdadeiros objetivos; verdadeiros, ao menos, dentro da concepção de cada um dos grupos em<br />

disputa nos anos 1950-1960.<br />

58 Idem, p. 121.<br />

59 BARBOSA, Antonio José. Parlamento, política externa e o Golpe de 1964. In: MARTINS, Estevão C.de Rezende<br />

(org.). Relações Internacionais: Visões do Brasil e da América Latina (Estudos em homenagem a Amado Luiz Cervo).<br />

Brasília: IBRI, 2003, p.272.<br />

60 Segundo Cássio Alan Abreu Albernaz, Angela de Castro Gomes e Jorge Ferreira propuseram o uso das categorias<br />

“pacto trabalhista” (p. 50) e “projeto trabalhista” (p.52), respectivamente. Realizando críticas a ambas categorias, o<br />

autor propõe o uso de “ sistema político populista” (p. 92-93; 214-215) cunhado por John French. Poderíamos incluir<br />

dentre essas alternativas também “tradição trabalhista” utilizado por Daniel Aarão Reis Filho. No entanto, ao nosso ver,<br />

nenhuma delas é suficientemente generalizante para abarcar todas as especifidades do período, pois tanto as<br />

perspectivas calcadas no trabalhismo ( mesmo em sentido amplo) não dão conta do projeto alternativo, que pode ser<br />

considerado como liberal. Em relação ao termo de John French adotado por Cássio Albernaz, não nos parece<br />

plenamente capaz de romper com o conceito de populismo, principalmente, em termos de periodização.

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