1 - Câmpus Experimental do Litoral Paulista - Unesp
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3.8. MARÉS<br />
Do ponto de vista da Física <strong>do</strong>s Oceanos, os estuários e a zona costeira constituem um<br />
verdadeiro laboratório natural a céu aberto, onde a combinação <strong>do</strong>s efeitos menciona<strong>do</strong>s<br />
confere ao ambiente todas as características necessárias para o seu desenvolvimento. Sem<br />
sombra de dúvidas, uma abordagem multidisciplinar da dinâmica desses ambientes contribuirá<br />
para sua preservação ao longo das próximas gerações, garantin<strong>do</strong> o futuro <strong>do</strong>s<br />
ecossistemas e de seu uso sustenta<strong>do</strong>.<br />
3.8 Marés<br />
Podemos dizer, resumidamente, que as marés são o efeito das forças de atração entre<br />
os astros de nosso sistema solar. Vamos discutir o efeito que esses astros causam na<br />
massa de água que compõem os oceanos. A principal propriedade que difere o flui<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />
sóli<strong>do</strong> é a deformação sofrida por ação de uma força. Sen<strong>do</strong> assim, o efeito da maré no<br />
oceano é muito evidente, quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong> à crosta terrestre. As marés geram deslocamentos<br />
verticais da superfície <strong>do</strong>s oceanos e, conseqüentemente, movimentos horizontais<br />
compensatórios.<br />
Os principais astros são a Lua, o Sol e o nosso próprio planeta, a Terra (especificamente<br />
a hidrosfera). Esse efeito sempre foi objeto de estu<strong>do</strong> das civilizações antigas, entretanto<br />
só ganhou robustez científica a partir da elaboração da Teoria da Gravitação Universal,<br />
por Isaac Newton e fundamentada pelas leis da inércia. Os perío<strong>do</strong>s de órbita desses<br />
astros são bem conheci<strong>do</strong>s, e constam de tabelas astronômicas.<br />
Consideran<strong>do</strong> inicialmente apenas as relações entre a Terra e a Lua, podemos assumir<br />
que os <strong>do</strong>is astros orbitam em torno de um centro de massa comum ao sistema, localiza<strong>do</strong><br />
fora <strong>do</strong> centro da Terra, nas proximidades de sua superfície. Esse centro de massa passa a<br />
ser origem de um sistema e referencial inercial. Os efeitos gravitacionais e inerciais geram<br />
deformações na superfície <strong>do</strong> oceano, forman<strong>do</strong> <strong>do</strong>is bulbos opostos. O maior faceia a<br />
Lua porque a distância Terra-Lua é menor e o efeito gravitacional, maior. O bulbo menor<br />
se forma por ação da inércia. A inércia, aqui, se refere ao retorno da água a sua posição<br />
normal quan<strong>do</strong> a força de atração passa a não mais existir. Só que como essa atração é<br />
periódica, a subida <strong>do</strong> nível <strong>do</strong> mar e seu retorno conferem a característica de uma onda.<br />
Esquecen<strong>do</strong> por ora esse movimento orbital, mas consideran<strong>do</strong> o movimento de rotação<br />
da Terra, um observa<strong>do</strong>r na superfície <strong>do</strong> oceano percebe duas elevações máximas <strong>do</strong><br />
nível, em 24 horas e 50 minutos (ou duas por dia lunar – marés semidiurnas lunares, de<br />
perío<strong>do</strong> 12 horas e 25 minutos). Esse atraso pequeno em relação o dia solar, de 24 horas,<br />
ocorre porque a Lua também está em movimento orbital ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Sol. Esse mesmo<br />
raciocínio pode ser aplica<strong>do</strong> para o sistema Terra-Sol.<br />
A formação <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is bulbos também será análoga: um bulbo forma<strong>do</strong> por ação gravitacional<br />
<strong>do</strong> Sol e outro, por ação inercial <strong>do</strong> sistema. Analogamente ao caso anterior, um<br />
observa<strong>do</strong>r perceberá a ocorrência de <strong>do</strong>is máximos em 24 horas (ou duas por dia Solar -<br />
marés semidiurnas solares, de perío<strong>do</strong> 12 horas). As variações diurnas (solares e lunares)<br />
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